Rio - A Polícia Civil indiciou, nesta segunda-feira, quatro pessoas por causa do acidente com o abre-alas da Paraíso do Tuiuti: o diretor de Carnaval, Leandro Azevedo, o motorista Francisco de Assis Lopes, o engenheiro Edson Andrade e o diretor de alegoria, Jaime Benevides. No domingo de Carnaval, primeiro dia de desfiles na Sapucaí, o carro alegórico da escola perdeu o controle próximo ao setor 1 e atropelou 20 pessoas.
Os quatro indiciados vão responder pelo artigo 303 da Lei 9.503/1997 (atropelamento envolvendo veículos automotores terrestres). A pena varia de seis meses a dois anos de detenção.
Delegada titular da 6ª DP (Cidade Nova), Maria Aparecida Mallet disse que ainda aguarda o resultado do laudo da perícia, mas reforçou que já consegue afirmar que todos eles tiveram sua parcela de culpa no acidente por "imperícia, negligência e imprudência". O laudo precisa ser ainda montado e enviado à delegada, para que ela consiga concluir o inquérito.
A delegada contou que a escola não ofereceu condições de visibilidade ao motorista no desfile. De acordo com Maria Aparecida, ele lembrou que enxergava a pista na Avenida Presidente Vargas, mas perdeu a visão no momento em que contornou a pista para entrar na Sapucaí.
"Ele poderia também ter dito que não ia entrar, mas não fez. Por isso, também vai ser indiciado por lesão corporal culposa, assim como determina o artigo 303 do Código Nacional de Trânsito", explicou.
Maria Aparecida destacou que os carros alegóricos contam com componentes da escola que ajudam a guiar o motorista na Avenida. No entanto, ela ressaltou que o motorista negou que houvesse qualquer tipo de ajuda. "A escola não disponibilizou guias, rádios e nenhum tipo de aparelho para auxiliar a condução do veículo, o que mostrou irresponsabilidade por parte da Tuiuti", enfatizou a delegada.
Em relação ao acidente com o carro da Unidos da Tijuca, que ocorreu no dia seguinte ao da Tuiuti, a Maria Aparecida disse que os peritos solicitaram uma nova perícia. Com isso, a polícia deve demorar a dar algum tipo de conclusão deste caso.
Ainda nesta segunda-feira, o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, o engenheiro da escola e o diretor da Berg Indústria Mecânica, empresa responsável pelo carro alegórico da agremiação, prestaram depoimento na delegacia. Na ocasião, o terceiro andar do veículo caiu e deixou feridos na Sapucaí.
O advogado de Fernando Horta, Alexandre Lopes, reiterou que o problema no carro da Tijuca se deu no equipamento hidráulico, espécie de elevador cuja responsabilidade é da Berg Indústria Mecânica. Ele também afirmou que a escola fez 20 testes com o carro no barracão e não identificou problemas. O presidente da Tijuca prestou depoimento por cerca de três horas na tarde desta segunda-feira.
"Ninguém da escola pode operar o equipamento. Só a empresa", alegou. "Eles mesmos supervisionam. Tem funcionário da Berg junto ao carro", concluiu o presidente.
Após seu depoimento, Mildemberg Batista de Souza deixou a 6ª DP sem falar com jornalistas e sua advogada entregou uma nota aberta à imprensa.
Colaborou o estagiário Caio Sartori