Por nadedja.calado

Rio - Foi enterrada nesta segunda-feira a radialista Elizabeth Ferreira Jofre, a Liza Carioca, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio. Liza morreu na manhã do último sábado, no Hospital Quinta D'Or, onde se recuperava dos ferimentos que sofrera ao ser atropelada por um carro alegórico da escola Paraíso do Tuiuti, no Carnaval 2017. 

A radialista é uma das 23 vítimas que foram atropeladas pelo carro da Paraíso do Tuiuti Reprodução Facebook

Cerca de 100 pessoas compareceram ao sepultamento. A família recusou baixar o caixão com as coroas de flores enviadas pelas escolas de samba. O viúvo, Paulo Guterres, contou ter incentivado a esposa a entrar neste meio: "Fui eu que coloquei ela nessa maluquice de Carnaval". Ele ainda ressaltou a importância do legado deixado por Liza: "Isso não é uma mancha negra no Carnaval, é um marco". Por fim, agradeceu o apoio que vem recebendo: "Não tenho palavras para agradecer as pessoas e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), que esteve o tempo todo ao nosso lado", disse. 

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, esteve presente no enterro e lamentou o acontecido: "Em 33 anos à frente do Carnaval, nunca vi tantas ocorrências como neste ano. Vim trazer meu apoio e solidariedade à família". Ele ainda ressaltou que a Liesa vem prestando apoio às vítimas do atropelamento, e disse que mesmo as que não estão mais internadas estão sendo assistidas. 

Castanheira disse ainda que a Liesa está se reunindo com representantes das escolas de samba para pensar em novas medidas de segurança: "Estamos estudando soluções que possam ser adotadas, para que casos como esse não aconteçam novamente", disse ele. 

O diretor de carnaval da Paraíso do Tuiuti, Leandro Azevedo, também compareceu ao sepultamento: "O Carnaval é a festa da alegria. Vim prestar minha solidariedade neste momento", declarou ele. 

Ao final do enterro, presentes aplaudiram e gritaram frases como "Liza, você foi uma guerreira".  

Nota de pesar

Em nota, o prefeito Marcelo Crivella também prestou solidariedade à família da vítima. "Presto minha solidariedade à família e aos amigos de Elizabeth e agradeço publicamente todos os profissionais de saúde que lutaram para salvar sua vida", completou.

Envolvidos em acidente da Tuiuti podem pegar até dois anos de prisão

A delegada titular da 6ª DP (Cidade Nova), Maria Aparecida Mallet informou que os quatro indiciados por causa do acidente com o abre-alas da Paraíso do Tuiuti podem pegar de seis meses a dois anos de prisão e ainda perder a carteira de habilitação.

O diretor de Carnaval, Leandro Azevedo, o motorista Francisco de Assis Lopes, o engenheiro Edson Andrade e o diretor de alegoria, Jaime Benevides, irão responder por lesão corporal por atrolepamento.

Para a delegada, Leandro Azevedo não forneceu guias externas, rádio transmissor e nenhum equipamento necessário para o condutor dirigir com segurança. "Em decorrência da negligência e imperícia houve o acidente. Faltou cuidado, o que causou comoção social e vitimou dezenas de pessoas", declarou Maria Aparecida.

Ainda segundo ela, o motorista deveria ter informado o acoplamento que tirou sua visão ao entrar na Avenida, ou ter parado imediatamente de dirigir. De acordo com a delegada, o diretor de alegoria, Jaime Benevides, teria instigado o condutor a continuar mesmo sem visão. 

Já o engenheiro, Edson Andrade, teria banalizado a segurança, segundo Maria Aparecida. "Quando o carro foi planejado, ele foi executado sem considerar a visão do condutor. Ele banalizou a segurança", afirmou. 

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