Rio - A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta quarta-feira, uma megaoperação contra a quadrilha do traficante Fernandinho Beira-Mar. Pelo menos 13 pessoas já foram presas pela PF, entre elas um irmão, um braço-direito do criminoso, sua irmã Alessandra da Costa, um filho e um advogado. Por volta das 7h, os policiais chegaram a um condomínio de luxo onde vive a irmã do traficante em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Contra Alessandra da Costa há um mandado de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Além do Rio, a ação visa cumprir 35 mandados de prisão em outros cinco estados.
Alessandra da Costa chegou à sede da PF, na Zona Portuária, por volta das 9h30, sob forte esquema de segurança. Além dela, outras quatro mulheres foram presas e seis homens.
De acordo com as investigações, Beira-Mar continuou gerenciando os negócios mesmo já preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Além do tráfico de drogas, ele controla também as máquinas de caça-níquel, venda de botijões de gás, cesta básica, mototáxi, venda de cigarros e abastecimento de água.
A PF afirmou que a quadrilha movimentou valores superiores a R$ 9 milhões, que foram depositados em 51 contas bancárias. Os agentes pediram o bloqueio deste valor, além da suspensão de atividades comerciais de nove empresas.
Segundo a polícia, as principais áreas de atuação de Beira-Mar são as comunidades Beira-Mar, Parque das Missões e Parque Boavista, todas em Duque de Caxias. Na Operação Epístolas — termo utilizado para denominar textos escritos de maneira coloquial em forma de carta —, dos 35 mandados de prisão, 22 são preventivas e 13 temporárias, além de 27 de condução coercitiva e 86 de busca e apreensão, que os agentes tentam cumprir em outros cinco estados: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e Distrito Federal. No Rio, mais de 30 viaturas e centenas de policiais participaram da ação.
As investigações começaram há um ano após a apreensão de um bilhete picotado em uma marmita, encontrado por agentes federais de Execução Penal na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Com a reconstituição e exame grafotécnico, atestou-se ter sido escrito por Beira-Mar. Pelo documento, foi possível identificar ordens a outros integrantes do grupo que se encontravam em liberdade.
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Na ocasião, foram apreendidos cerca de 50 bilhetes redigidos ou endereçados ao interno que eram entregues por um esquema altamente elaborado e sofisticado para a transmissão de seus recados.
Estima-se que a organização chegue a movimentar mensalmente valores superiores a R$ 1 milhão, em razão das atividades ilícitas desempenhadas, sendo identificados preliminarmente bens pertencentes ao grupo avaliados em aproximadamente R$ 30 milhões.
Beira-Mar está preso desde 2006 na penitenciária federal. No ano seguinte de sua prisão, a PF descobriu que ele mantinha o fornecimento de drogas para as comunidades do Rio. Na ocasião, 19 pessoas foram presas.