Rio - Em um misto de comoção e revolta, o verdureiro Sebastião Sabino da Silva, de 46 anos, foi enterrado, na tarde desta quinta-feira, no cemitério do Caju, Zona Norte do Rio. O homem foi morto na última terça-feira, enquanto trabalhava durante um tiroteio entre policiais e criminosos no Jacarezinho.
"Não foi bala perdida. Eles miraram no peito do meu pai e atiraram porque achavam que ele era traficante. Não foi apenas um disparo e sim três", lamenta Raquel Sabino, filha do feirante, também conhecido na região como Tião.
Para a jovem, o verdureiro poderia estar vivo se o socorro não tivesse demorado tanto tempo. "Meu pai ficou lá agonizando por mais de meia hora. O sentimento é de tristeza e indignação. Confundiram um trabalhador, que estava ali ganhando seu pão de cada dia com um traficante", afirma. Além de Raquel, o feirante deixa outros seis filhos.
Já para Leandro Pimentel, presidente da Associação de Moradores do Jacarezinho, o sentimento na comunidade é de medo. "Tanto o André —mototaxista morto nesta terça-feira— como o Tião estavam no seu local de trabalho e não esperavam de forma alguma serem atingidos. Assim como aconteceu com eles pode acontecer com qualquer um de nós."
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Violência sem fim no Jacarezinho
Em sete dias de confontro entre policiais e traficantes no Jacarezinho, quatro pessoas morreram e três foram baleadas, além de um cachorro que também foi ferido. Entre as vítimas estão o policial da Core, Bruno Guimarães Buhler; o mototaxista, André Luis Medeiros; o verdureiro, Sebastião Sabino da Silva; e o homem morto nesta quinta. Já entre os baleados estão uma mulher de 30 anos, um adolescente e Moisés Martins Alves.
De acordo com a polícia, a operação de hoje tem o objetivo de prender os suspeitos de matarem Bruno. Conhecido como Xingu, o inspetor policial Bruno Guimarães Buhler era considerado um dos maiores atiradores de elite da Polícia Civil, onde estava há sete anos. Ele entrou para a Core em 2014.
Homem morre e outro é baleado nesta quinta-feira
Um homem morreu e outro foi baleado no Jacarezinho, na tarde desta quinta-feira, durante o sétimo dia de operação na comunidade. O homem morto ainda não teve a identidade revelada. Já o baleado foi identificado como Moisés Martins Alves, de 28 anos.
Segundo a polícia, Moisés foi ferido durante confronto com policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na rua da Feira. Inicialmente ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos e depois foi transferido para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
No momento em que deu entrada no hospital, Moisés disse que era pedreiro. Entretanto a polícia afirma que ele possui anotações criminais por tráfico e associação para o tráfico de drogas e foi preso em flagrante pelos mesmos crimes, além de responder por receptação de veículo roubado.
Ainda de acordo com a polícia, os agentes arrecadaram áudios captados por rádios comunicadores, onde criminosos alertam aos demais traficantes que Moisés e outro homem foram atingidos durante o confronto. Os dois estariam em cima de uma laje atirando contra a polícia.
Reportagem de Daniel Castelo Branco