Rio - Diversos atos na cidade homenageiam, neste sábado, um mês do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. Eles foram mortos a tiros, no dia 14 de março, no Estácio, e até agora nenhum suspeito foi identificado. As investigações continuam em sigilo, mas algumas informações vazaram. A polícia apura se dois homens executados em áreas dominadas pela milícia, nesta semana, estariam envolvidos diretamente com o crime.
As intervenções do "Amanhecer com Marielle" ocorreram em vários pontos da cidade, como no local onde ocorreu o crime, na Rua Joaquim Palhares. Por volta das 6h30, o empresário André Luiz Rhouglas, de 57 anos, pendurou diversos cartazes no corpo pedindo explicações sobre a morte de Marielle e Anderson. Depois, ele se posicionou como se estivesse "crucificado".
"Precisamos fazer alguma coisa. As pessoas têm valor. Quem trabalha com os direitos humanos defende o direito de todos nós existirmos. Se essas pessoas estão sendo assassinadas, há algo de errado na sociedade. Ela lutava pelas minorias. Dava voz as pessoas e é assassinada brutalmente. Quem matou?", questionou André.
O empresário contou que protesta dessa forma desde 2000.
"Estou aqui me manifestando para defender minha família também. Eles me apoiam. Meus filhos me admiram, sabem que o pai partiu pra ação. É triste ver que quem usa a inteligência, uma fala, um microfone como Marielle, pode ser morto. Eu sei que alguém pode me matar aqui. Medo a gente sempre tem, mas a preocupação é mostrar que alguém pode fazer", completou.
Os protestos também ocorreram na Cinelândia, Lapa e Manguinhos, onde os manifestantes levaram faixas e pintaram muros com as frases "Não serei interrompida e não calarão a voz de uma mulher eleita", "Marielle Vive", "Anderson é nosso super herói". Já na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), os alunos penduraram uma faixa com os dizeres: "Marielle Presente".
Houve ainda registro de intervenção no Largo do Machado. O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) foi ao local homenagear a vereadora, que era sua amiga. "A Mari representava uma fuga para esse momento de insuficiência e crise de representatividade que vivemos", destacou o parlamentar. A irmã de Marielle, Talíria Petrone, o vereador Tarcísio Motta (Psol) e amigos da parlamentar também estiveram presentes no ato.
Além do Rio, outros lugares pelo país também registraram homenagens à vereadora e ao motorista, como em Brasília e São Paulo.
Assessora que acompanhava Marielle e Anderson em carro deixou o país
A assessora que acompanhava a vereadora Marielle Franco quando a parlamentar foi morta está fora do Brasil. Segundo integrantes do Psol, que preferem não divulgar o nome da assessora, ela tomou a decisão com receio de sofrer retaliações de criminosos por ter presenciado a morte da vereadora.
Logo após o crime, a assessora prestou depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital (DH) e em seguida deixou o Rio. Foi primeiro para outro estado do Brasil, onde permaneceu alguns dias e tomou a decisão de sair do país acompanhada do marido. A viagem para o exterior ocorreu dias depois. O Psol não divulga o destino da assessora para garantir sua segurança.
Com reportagem do estagiário Felipe Rebouças, sob supervisão de Gabriela Mattos