Rio - O artista circense Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos, deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó às 15h deste sábado, após passar 14 dias preso e quase 48 horas depois do alvará de soltura ter sido emitido. Ele é acusado de fazer parte de uma milícia e foi preso com outras 159 pessoas no sítio Três Irmãos, em Santa Cruz, durante um pagode que, segundo a polícia, teria sido organizado por um grupo de milicianos. Todos estão respondendo pelo mesmo crime. Pablo foi o primeiro a deixar a cadeia.
O artista foi recebido pela esposa, a também artista circense Jessica Carla Barbosa da Silva, e não segurou as lágrimas. "Entrei com minha irmã e minha mulher (na festa), tinha revista de segurança de mulheres e de homens. Se tivesse algo que não pudesse, eles veriam e acho que tirariam. E se eu visse algo (proibido) lá dentro eu iria sair", afirmou Pablo na saída do presídio.
A expectativa da Defensoria Pública agora é em relação ao julgamento dos pedidos de liberdade também feitos para outros 39 presos assistidos pela instituição."O juiz só analisou a situação do Pablo. Quando a gente apresentou a petição, pontuamos que diversas daquelas pessoas tinham emprego fixo, portanto necessitavam de urgência naquela análise porque poderiam perder o emprego. Mas a situação do Pablo tem uma especificidade, porque ele tem um voo marcado para o dia 24 de abril. O juiz teve a sensibilidade de entender que, se ele não fosse solto, poderia afetar a relação de trabalho que ele tem no exterior”, afirmou Ricardo André de Souza, subcoordenador de defesa criminal da Defensoria e um dos defensores do caso.
A Defensoria Pública também aguarda o eventual oferecimento de denúncia do Ministério Público contra alguma ou todas as pessoas presas. "A gente espera que essa definição se dê na próxima semana", disse o defensor.
Pablo tem viagem marcada para o exterior no próximo dia 24 onde vai passar uma temporada se apresentando na Europa. A decisão da soltura foi expedida na última quinta-feira pelo juiz Eduardo Marques Hablitschek, da 2ª Vara Criminal, que justificou o ato baseado não somente na falta de antecedentes criminais e na residência fixa, mas no fato dele passar a maior parte do tempo fora do Brasil.
"No caso de Pablo, o fator que o diferencia de todos os outros presos é a comprovação documental de que passa a maior parte de sua vida, atualmente, fora do país. Com isso, resta demonstrado a fragilidade dos laços que mantém em sua terra natal, especialmente o suposto envolvimento em atividade criminosa", escreveu.
O artista integra o elenco da empresa Up Leon há quatro anos, em apresentações circenses na Europa. Pablo mora na Comunidade do Aço, em Santa Cruz, com a mulher, a também artista circense Jessica Carla Barbosa da Silva, e o filho. O casal estava na festa no dia da prisão mas, assim como todas as mulheres do local, ela foi liberada.
Quatro dias após a operação, O DIA divulgou a luta de Pablo para tentar provar sua inocência. Na ocasião, Jéssica afirmou: "Damos aulas para jovens replicando o que aprendemos no circo. Somos professores. Fazemos espetáculos para crianças de comunidades, em escolas para deficientes, e não estamos acostumados com isso (milícia). Começamos no circo crianças. Vou provar a inocência dele (Pablo) para ele ficar limpo e poder trabalhar".