Grupos já anteciparam a visita ao Mosteiro de Santo Antônio ontem. Todas as missas ficaram lotadas     -  Estefan Radovicz / Agência O Dia
Grupos já anteciparam a visita ao Mosteiro de Santo Antônio ontem. Todas as missas ficaram lotadas Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por NADEDJA CALADO

Rio - Mais de 35 mil pessoas são esperadas nesta quarta-feira no Mosteiro de Santo Antônio e Paróquia Santo Antônio dos Pobres, ambas no Centro, para celebrar o santo casamenteiro, da fartura e de auxílio aos pobres: Santo Antônio, o primeiro festejado dos três juninos (São João, dia 24, e São Pedro, 29). Muita gente já se antecipou e lotou as missas realizadas de hora em hora nesta terça.

Para o comerciante José Guimarães da Cruz, 84 anos, Santo Antônio abençoa seus negócios há 50 anos: devoto, ele abriu sua loja no dia do santo. Seu Armarinho Palácio Infantil, no Méier, faz festa hoje para celebrar a data ilustre. "É um negócio de família. Meu pai sempre esteve aqui, e quando ele faltar, continuo eu. Atravessamos todas essas crises e superamos, sem nunca precisar mandar nenhum funcionário embora", contou Marisa da Silva Cruz, 56 anos, que é filha de José e sócia na loja.

Em homenagem a Santo Antônio, a família mandou rezar uma missa na manhã desta quarta, e na festa da loja o santo tem destaque: terá bolo, doces, sorteio de brindes, DJ, e um padre para abençoar e distribuir os pães de Santo Antônio entre os clientes. "Sou muito devota. Graças a Deus ele nos deu muita fartura, benção, caridade, amor ao próximo", disse Marisa. Ela contou ainda ter superado um problema de saúde após fazer promessa para o santo.

As festividades do santo acontecem tradicionalmente em trezena (treze dias de oração) e movimentam as igrejas. "Minha família toda gosta dele, meu pai até se chama Antônio em homenagem. Venho sempre que posso, levo água benta para casa, assisto a missa. Santo Antônio ajuda em tudo", disse a aposentada Vilma Ricci, 74 anos, que foi ao Convento Santo Antônio pegar o tradicional pão bento, que simboliza fartura para os devotos. O pãozinho costuma ser doado por padarias às igrejas. "Sempre fazemos para a igreja vizinha aqui, já foram todos entregues na véspera da festa", explicou o padeiro Sandro Carvalho, 45 anos, da padaria Estação do Pão, no Méier.

Santo Antônio também é referência para religiões de matriz africana. "Não sou cristão, mas vim homenageá-lo. É um santo amigo, simboliza proteção", comentou o historiador Matthias Röhrig Assunção, professor da Universidade de Essex, no Reino Unido. Ele, que ontem visitou o Convento, contou que conheceu o santo em uma viagem à Venezuela. "A festa de Santo Antônio em outros países é chamada de 'baile dos negros'. Na Venezuela ele também é patrono de manifestações culturais, achei muito interessante", completou.

Comidas típicas de festa junina
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Além das missas, as igrejas promovem venda de comidas típicas de festa junina e de artigos religiosos, e distribuem o pão de Santo Antônio aos fiéis. Uma equipe do Lar Fabiano de Cristo, uma obra social que acolhe crianças de famílias em situação de extrema pobreza, aproveitou uma pausa no trabalho para prestigiar Santo Antônio. "Viemos homenagear o santo, mas também dá para aproveitar e pedir para casar de novo", brincou uma das funcionárias.
No Convento de Santo Antônio as missas acontecem de duas em duas horas, a partir das 6h, e a última celebração começa às 18h. São esperados 30 mil fiéis na celebração. Na Paróquia Santo Antônio dos Pobres, as missas acontecem a cada uma hora e meia, a partir das 6h, encerrando às 20h. A igreja espera receber 5 mil fiéis ao longo do dia.
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Santo Antônio também ganha festejos em outros municípios do estado, especialmente Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, dos quais é o padroeiro. Na Catedral de Caxias, além de várias missas ao longo do dia, será realizada uma procissão ao anoitecer, além de quadrilhas de festa junina durante a noite. Em Nova Iguaçu, a Catedral de Santo Antônio de Jacutinga promove missas das 6h às 21h, com uma procissão às 16h.
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