Rio - Manifestantes promovem, nesta quarta-feira, uma ação para pressionar o Ministério Público na busca de respostas sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que acaba de completar três meses. Em frente à sede do MP, no Centro da cidade, o grupo organizado ergue cartazes em que se lê "Três meses sem respostas". Um carro de som circula o canteiro em frente ao prédio reproduzindo discursos da vereadora no plenário da Câmara.
A viúva de Marielle, Monica Benicio, falou sobre a importância das manifestações: "Vivemos em um país que tem memória muito curta. Estamos, por exemplo, às vésperas da Copa do Mundo, e não podemos deixar que esse e outros acontecimentos façam com que o caso caia no esquecimento. Queremos justiça para Marielle e Anderson". Ela também falou sobre a importância de cobrar os órgãos responsáveis pela investigação. "Sendo realista, quanto mais a gente pressiona, mais a gente fica informado. É preciso cobrar respostas e não queremos qualquer respostas, queremos a resposta certa sobre esse caso. Mas apoiamos o trabalho da polícia e de outras instituições. Para o nosso desespero, foi uma execução cometida com muita eficiência, o que dificulta as descobertas e faz com que acreditemos que haja gente muito poderosa por trás".
O pai de Marielle, Antonio Francisco da Silva, também compareceu. "Minha filha foi brutalmente assassinada há 90 dias e nós não sabemos quem, como e por que fez isso. Precisamos que seja dada uma resposta à altura", disse. Ele também falou sobre a falta de divulgação de informações sobre a investigação: "Nós entendemos que o delegado que conduz o caso acredite que é necessário um sigilo, mas claro que isso causa angústia na família. E faz com que a gente questione se isso é porque é benéfico para o caso ou se é devido a uma ineficiência nos trabalhos. A gente quer o sigilo, mas exige que essa resposta nos seja dada".
No fim da manhã, o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, recebeu a família, a viúva, Renata Neder e Andrea Florence, Coordenadoras da Anistia Internacional. "O ideal é que um caso como esse seja solucionado o mais rápido possível, mas uma investigação dessa magnitude, dessa complexidade, leva um período considerável de tempo. Sem dúvida alguma foi um crime político, tentaram calar uma das maiores, se não a maior representante dos direitos humanos de hoje em dia. E foi um crime cometido de forma muito pensada, de forma muito planejada, de forma muito premeditada. Tentaram calar a comunidade. Precisamos encontrar o verdadeiro culpado, e não qualquer culpado", declarou Gussem após a reunião.
"Não vai ficar esquecido, nem agora nem nunca. Se não tiver mais ninguém, a mãe dela vai para a rua, porque aquele sangue é o meu sangue, a família da Marielle não vai parar de procurar respostas", afirmou Antônio Francisco da Silva, pai de Marielle. Mais cedo o pai da vereadora também disse que a mãe ainda chora todos os dias desde o crime.
Em entrevista na manhã desta quarta-feira à rádio CBN, o ministro extraordinário da Segurança, Raul Jungmann, disse que o assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes está levando aproximadamente o mesmo tempo para ser solucionado que outros crimes de grande repercussão no estado."Eu tenho como parâmetro o caso do Amarildo, que levou aproximadamente de 90 a cem dias, se não me falha a memória, e o caso da Patrícia Acioli. (Esses casos) foram desvendados pela mesma equipe que está investigando o caso da Marielle."
Miliciano aponta vereador e chefe de milícia
Uma testemunha aponta o chefe de milícia Orlando de Curicica e o vereador Marcello Siciliano (PHS) como os mandantes da morte de Marielle e Anderson. Segundo o homem, que se diz ex-integrante do grupo de Curicica, os dois se encontraram para tramar a morte da parlamentar. Ambos negam qualquer envolvimento no crime.
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Uma arma do mesmo modelo foi encontrada com um miliciano em uma comunidade de Itaguaí, mas uma perícia preliminar apontou que não é mesma usada nas mortes de Marielle e Anderson. Outras submetralhadoras MP5 usadas por forças de segurança do estado passarão por confronto balístico.