Marcos Vinicius da Silva, de 14 anos - Reprodução Instagram
Marcos Vinicius da Silva, de 14 anosReprodução Instagram
Por RAFAEL NASCIMENTO

O homem que socorreu o estudante Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, morto no Complexo da Maré, afirmou ontem, em depoimento à Delegacia de Homicídios, que viu um blindado da Polícia Civil e o helicóptero da corporação no momento em que o estudante foi baleado. Ainda de acordo com o relato, não havia troca de tiros quando Marcos foi baleado por um tiro que atravessou seu abdômen.

Na segunda-feira, a mãe de Marcos Vinícius, Bruna Silva, irá prestar depoimento. Antes de morrer, seu filho relatou que viu um policial atirar de dentro do blindado na sua direção. O advogado da família, João Tancredo, disse que irá solicitar uma reunião com o interventor da Segurança no Rio, general Braga Netto, para falar sobre o caso. A Anistia Internacional e órgãos de Direitos Humanos irão se reunir com o chefe de Polícia, Rivaldo Barbosa, para debater as operações no Complexo da Maré.

Nesta sexta-feira, outro estudante, que estudava na rede municipal, tinha a mesma idade de Marcos Vinícius e estava na mesma série escolar, foi enterrado após ser morto por um disparo na noite de quarta-feira, em Padre Miguel, na Zona Oeste. Criminosos passaram atirando próximo a Vila Vintém e um tiro acertou seu peito.

O corpo do adolescente Guilherme Henrique Pereira foi velado no cemitério de Irajá, enquanto o jogo Brasil e Costa Rica ocorria na Copa do Mundo. Fogos de festejos puderam ser ouvidos a todo momento.

Em cima do caixão, a camisa da rede municipal de ensino foi colocada. De acordo com parentes, Guilherme sonhava em ser engenheiro mecânico e gostava de brincar com pipas. Abalada, a dona de casa Marly Albino Pereira Natal, 48, ficou durante todo o tempo ao lado do caixão do filho. "Eu te amo tanto, meu principezinho. Por que fizeram isso com você?", dizia.

Amigos soltaram pipas em homenagem ao menino enquanto o ato ecumênico era realizado no cemitério. "Ele era apaixonado por pipa. A irmã dele, que está muito arrasada, trouxe uma pipa para deixar em cima do caixão", conta Agnaldo Cardoso, de 66 anos, vizinho da família.

Familiares colocaram sobre o caixão de Guilherme Henrique a camisa escolar do menino - Maíra Coelho / Agência O Dia.

Pai de Guilherme Henrique diz que DH nem o procurou

Passadas 40 horas do assassinato de Guilherme Henrique Pereira Natal, de 14 anos, morto a tiros na Vila Vintém, em Padre Miguel, a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital ainda não fez perícia na cena do crime nem chamou pais e possíveis testemunhas para prestarem depoimento.

Na ação criminosa, outras duas pessoas, de 16 e 34 anos, também ficaram feridas. A denúncia foi feita por pessoas próximas às vítimas durante o enterro. Ainda segundo essas mesmas pessoas, parentes e amigos é que estão procurando câmeras de segurança que possam identificar os criminosos que estariam em um Fiat Pálio cinza e passaram fazendo disparos pela Rua Marechal Falcão da Frota.

"Só o PM de plantão do hospital, que fez a ocorrência, me procurou para pegar detalhes do crime. Estou esperando a Delegacia de Homicídios me procurar. Mas eles não conseguem investigar nem a morte dos próprios policiais, imagina a morte de um pobre", declarou, desapontado, o cozinheiro Roberto Carlos Natal, 50, pai de Guilherme.

A própria família já localizou câmeras na rua do crime, mas os proprietários afirmaram que só irão entregar para a Polícia. Até o final da noite de ontem, no entanto, nenhum policial havia procurado os familiares ou realizado perícia no local do crime. Procurada, a Polícia Civil não se manifestou a respeito.

No enterro, ontem, Tatiana Araújo, madrinha de Guilherme, diz que os irmãos dele, um rapaz de 17 e uma menina de 10 anos, estão inconsoláveis.

Colaborou Bruna Fantti

 

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