Rio - As operações Saigon e Saigon II, ocorridas ontem e nesta terça-feira, respectivamente, da Corregedoria da Polícia Civil, junto com o Ministério Público e a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Ssinte), apontaram o envolvimento de agentes públicos com o crime de prostituição e a contravenção (jogo do bicho, bingos clandestinos). Segundo as investigações, policiais civis de Niterói e São Gonçalo facilitavam e recebiam propina para fazerem vista grossa.
Entre os presos da ação de hoje está o ex-policial civil Alzemar da Conceição dos Anjos, apontado como o líder da quadrilha que possuía casas de prostituição e explorava sexualmente menores em São Gonçalo e outra em Maricá. Com base nas apreensões de hoje, outros agentes envolvidos serão identificados.
"Com as duas operações, a Corregedoria de Polícia Civil dá um duro golpe nas duas mais antigas fontes ilícitas de rendimentos dos policiais corruptos. Apreendemos muitos balanços financeiros, registros e HDs e, a partir de agora, vamos identificar e punir outros policiais que deveriam combater esses tipos de crimes e se aliaram a eles. Outros agentes serão presos após as análises das buscas e apreensões autorizadas pela Justiça", disse Gilson Emiliano, corregedor-geral da Polícia Civil.
Quatro pessoas buscadas hoje estão foragidas: José Goulart Feijó Maia, o Dinho, responsável pela parte administrativa da atividade criminosa e apontado como o "faz tudo"; Cristiano Vieira dos Anjos, filho do ex-policial e que recebia ordens diretas do pai; Rose Moura da Silva e Viviane de Oliveira Alcântara, a Vivi, que com Jaqueline Nascimento de Almeida Santos, presa na ação desta terça, gerenciavam as casas, entre outras funções.
Quadrilha que prostituía menores era liderada por ex-policial civil
O ex-policial civil Alzemar da Conceição dos Anjos era o líder da quadrilha que possuía casas de prostituição e explorava sexualmente menores em São Gonçalo e outra em Maricá. Ele foi preso nesta terça-feira durante a operação Saigon II.
Segundo as investigações, a organização criminosa liderada por Alzemar atuava de forma estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas em duas casas de prostituições em São Gonçalo e outra em Maricá, com o objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagem financeira. Um terceiro espaço funcionava em São Gonçalo e estava desativado.
O ex-policial, expulso em 2017 por envolvimento com prostituição, foi preso no bairro Trindade. Durante as investigações, que durou um ano e meio, foram descobertas as ligações de policiais com o crime na região, inclusive com prostituição infantil.
Ele era conhecido por colegas na instituição como "Cafetão", por conta de sua ligação com casas de prostituição e chegou a ser arrolado como testemunha em uma das batidas em um dos espaços, já que até então não se sabia do seu real envolvimento.
A operação Saigon II é um desdobramento da ação desta segunda-feira, que combateu o jogo do bicho em São Gonçalo. Dezessete pessoas foram presas e, ao todo, 53 integrantes do grupo foram denunciados, entre eles policiais civis e militares.