Rio - A ONG Redes da Maré denunciou a truculência policial e o desrespeito aos direitos fundamentais durante a megaoperação nos complexos do Alemão, Maré e Penha, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira. De acordo com o Comando Conjunto da Intervenção da Segurança Pública no Estado, cinco suspeitos e dois militares do Exército foram mortos, um agente ficou ferido e 60 pessoas foram presas.
Segundo a Redes, a ONG recebeu várias denúncias de violação de direitos dos moradores, entre elas, duas invasões de domicílio e uma depredação de veículo feita por policiais. A organização ainda ressaltou que milhares de crianças — só na Maré são 16 mil — deixaram de, mais uma vez, irem à escola, e moradores tiveram revistas constrangedoras. Na região onde foi realizada as ações moram cerca de 550 mil pessoas.
Em nota, o Coletivo Papo Reto disse que moradores procuraram os integrantes para informar sobre corpos na mata que liga os Complexos do Alemão e Penha, e que os agentes não estariam permitindo a aproximação dos familiares.
Um morador do Complexo da Penha denunciou que militares das forças de segurança invadiram sua casa e levaram pertences durante a operação realizada nesta segunda-feira. Ele contou que estava no trabalho quando seus vizinhos o alertaram, através de mensagens no WhatsApp, que os agentes estariam "quebrando" sua residência. "Até minha cachorra já estava na viatura. Só não levaram porque meu vizinho não deixou", ele desabafa, em seu perfil no Facebook.
O Coletivo Papo Reto exigiu, ainda em nota, um posicionamento de entidades como a Anistia Internacional, a Comissão dos Direitos Humanos e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, entre outras.
O DefeZap, aplicativo de denúncias de abusos policiais, lembrou que ninguém pode vasculhar o celular sem mandado judicial. "Caso um policial ou militar insista em fazer isso, ele estará violando a legislação brasileira e você poderá buscar responsabilização e indenização, se quiser. No entanto, independente do que pode ser feito depois, muitas vezes o melhor é prevenir, especialmente quando estamos falando de agentes públicos que agem fora da lei", disse em postagem no Facebook.