Enterro do soldado da PM, Paulo Vitor Barbosa Lopes em São João de Meriti, na Baixada Fluminense  - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Enterro do soldado da PM, Paulo Vitor Barbosa Lopes em São João de Meriti, na Baixada Fluminense Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Cerca de 200 pessoas, entre familiares e amigos, lotaram a capela do Cemitério Vila Rosali, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, para se despedir do soldado da PM Paulo Vitor Barbosa Lopes, de 37 anos, assassinado, na noite da última quarta-feira, após em um assalto no bairro da Luz, em Nova Iguaçu. O militar foi sepultado nesta sexta-feira com honras militares. Emocionada e a base de remédios, a mãe desabafou após o enterro do filho, que largou o curso de Farmácia para virar policial.

"Eu só quero justiça. O que eu estou sentido não quero que outra mãe sinta. Eu nunca quis que ele fosse policial, mas ele amava aquela farda. Eu não sei dizer o que eu sinto neste momento. Nesta vida eu vou carregar comigo esta dor. É uma saudade imensa, meu filho era maravilhoso. Eu o coloquei no mundo e ele não podia ter sido tirado de mim dessa forma. Sempre que via um policial morto na Baixada corria para ver se não era o meu filho. Sempre tive medo dele ser o próximo. Tem que acabar com isso", disse Iranice Barbosa, aos prantos. Durante toda a cerimônia, ela chorava e dizia. "Aí meu Deus! O que fizeram com o meu filho?".

O PM, que era lotado no 21º BPM (São João de Meriti), estava de folga e havia acabado de deixar a namorada em casa quando foi reconhecido como PM pelos bandidos. Na ocasião, ele teve o carro e a arma levada pelos criminosos.

A mãe e o pai do policial ficaram abraçados o tempo inteiro e sendo consolados por uma das irmãs de Paulo Vitor. "Era um excelente filho. Realizou o seu sonho que era vestir aquela farda. No dia do assassinato, foi na loja e pegou R$ 50 com o irmão para colocar gasolina. Era um policial honesto, sempre ajudava a gente lá na loja. É inadmissível que morra policial todo santo dia. É preciso fazer alguma coisa", disse o pai, o farmacêutico José Washington Lopes. 

A família do policial é toda formada por farmacêuticos e tem drogarias na Baixada. "Ele deixou o curso de farmácia para seguir o que ele mais gostava. Ele abandonou a faculdade para servir essa farda. Uma família muito boa e unida”, disse um amigo que pediu para não ter o nome divulgado. “Esta doendo muito. Vamos deixar na mão de Deus”, completou.

Entre os policiais e oficiais presentes no velório e enterro do PM estava o coronel Marco Aurélio Contreiras, comandante do 3º Comando de Policiamento de Área (CPA), e o comandante do batalhão onde o PM era lotado, o tenente-coronel Cristiano Lima Ferreira.

Enterro do soldado da PM, Paulo Vitor Barbosa Lopes em São João de Meriti, na Baixada Fluminense - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Contreiras é o responsável pela estratégia do policiamento na Baixada Fluminense. Durante o velório, o coronel foi indagado sobre o aumento da criminalidade e a falta de policiamento nas cidades da Baixada. O oficial se limitou a dizer: “Aumentamos o policiamento gradativamente enviados pela nossa gestão”, disse sem explicar como é feito esse policiamento e como é o planejamento. Segundo Contreiras, "a perda de um policial é o pior momento para a corporação".

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