Cahê conferiu o que sobrou do museu que conheceu a fundo para o enredo da Imperatriz Leopoldinense - Severino Silva / Agência O Dia
Cahê conferiu o que sobrou do museu que conheceu a fundo para o enredo da Imperatriz LeopoldinenseSeverino Silva / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O carnavalesco Cahê Rodrigues, de 42 anos, esteve nesta terça-feira no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, e disse não dormir há dois dias e estar muito abalado com o incêndio que destruiu a instituição neste domingo. "É uma tristeza, você fazer uma homenagem tão linda sobre o bicentenário do museu e chegar aqui hoje, olhar isso destruído e saber que nada daquilo que foi levado para a Avenida existe mais",  lamentou ele.

Cahê levou, com a Imperatriz Leopoldinense, o enredo "Uma noite real no Museu Nacional", para a Marquês de Sapucaí no Carnaval deste ano. A escola de samba de Ramos realizou ainda dois ensaios técnicos em frente ao prédio na Quinta da Boa Vista. 

"A escola brigou para fazer esse carnaval, a gente não tinha patrocínio. A gente acreditou na história e no valor cultural desse enredo. E hoje, ficou essa homenagem", afirma. De acordo com o carnavalesco, que atualmente está na Acadêmicos de Santa Cruz, era notório que a instituição precisava de reparos e isso era uma coisa que incomodava os funcionários. "Eles vislumbraram trazer o museu à tona para imprensa e ele ficar em evidência tantos meses por causa do Carnaval. De alguma forma a Imperatriz levantou essa bandeira: 'olhem com mais carinho pro museu'. São 200 anos de história de uma instituição tão importante para o país", completa. 

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Por causa da pesquisa para o enredo, o carnavalesco revela que ficou cerca de quatro meses com pesquisadores, funcionários e conheceu um lado do museu que não ficava exposto ao público. "Uma das coisas mais emocionantes foi quando eu tive acesso à sala da baleia. Fazia 15 anos que ela não estava exposta e na minha infância, eu a vi. Quando eu retorno ao museu para começar a pesquisa, eu senti falta da baleia e perguntei. Eles me levaram na sala, eu vi a ossada e tantos outros animais empalhados, que não estavam disponíveis para visitação", orgulha-se. 

Segundo Cahê, pensar nos funcionários da instituição o deixa profundamente triste. "O que mais me machuca é lembrar da paixão dos funcionários. Cada um que eu conversava. O professor, o diretor, o responsável pela limpeza. Eles cuidavam dessa casa como se fossem sua própria casa, mesmo com o salário atrasado", comenta ele, que vai doar obras pessoais para o novo acervo. "Museu é feito de memória e a memória foi embora", finaliza. 

 

 

 

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