Parentes das atropeladas em Irajá se emocionaram no hospital, após saberem da morte de uma delas - Severino Silva / Agência O Dia
Parentes das atropeladas em Irajá se emocionaram no hospital, após saberem da morte de uma delasSeverino Silva / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO e RAI AQUINO

Rio - O ânimo da família Oliveira não está sendo dos melhores nos últimos quatro dias. Desde o atropelamento da técnica de Enfermagem Carmem Lúcia Oliveira, de 55 anos, e da atendente de pensão Luziet Oliveira, de 35, na madrugada de domingo, os parentes das duas se dividem em uma saga de idas diárias ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Na manhã desta quinta-feira, eles foram pegos de surpresa com a notícia da morte de Carmem, que estava em coma na unidade de saúde da Zona Norte do Rio.

"Desligaram os aparelhos da minha tia hoje de manhã porque ela morreu. Agora, o corpo vai para o Instituto Médico Legal. Não temos mais o que fazer", diz, muito abalada, Angélica de Oliveira Vidal, sobrinha da técnica de Enfermagem.

Sobrinha da técnica de Enfermagem desabafa sobre o acidente - Severino Silva / Agência O Dia

Angélica e outros familiares foram até o Getúlio Vargas assim que foram avisados da morte, após os médicos suspeitarem que Carmem havia tido morte cerebral.

"Agora é só lutar pela vida da minha prima. Não conseguimos pensar em nada. Eu só queria que não tivesse acontecido", Angélica desabafa, sobre Luziet, a segunda vítima, filha da técnica de Enfermagem, que continua internada em estado grave no CTI do hospital.

Lucilene chora muito pela morte da mãe - Severino Silva / Agência O Dia

Motorista embriagado

Carmem e Luziet, mãe e filha, foram atropeladas quando estavam no Boteco da Maria, na Avenida Monsenhor Félix, em Irajá (assista o momento no vídeo mais abaixo). Elas faziam parte de um grupo de cerca de oito familiares. O atropelador, Hugo de Sena Barbosa, de 20 anos, estava em alta velocidade, saiu da pista desgovernado e atingiu as duas.

"Ele pagou fiança e foi solto. É inadmissível que um rapaz de 20 anos beba, atropele, mate uma pessoa, pague novecentos reais, seja liberado e saia pela porta da frente da delegacia", reclama Angélica.

Após o acidente, Hugo tentou fugir do local, mas foi capturado pelos clientes do bar. Ele foi levado para a 27ª DP (Vicente de Carvalho), onde disse que pegou o carro da mãe sem que ela soubesse e não tinha habilitação. Em um exame de alcoolemia, foi detectada a presença de álcool no sangue dele.

"Ele acabou com uma família. Esse é um momento muito difícil para a gente. Primeiro porque a minha irmã morreu e segundo porque ele pagou fiança e foi solto. Ele é um assassino, matou a minha irmã", disse Lucilene Oliveira, que acompanhava Angélica no Getúlio Vargas. "Só amanhã saberemos se ela teve ou não sequelas", ela completou, informando que Luziet teve duas paradas cardíacas e seu coração chegou a parar de bater por um minuto.

Luziet e a mãe, Carmem Lúcia, que morreu nesta quinta - Arquivo Pessoal

Mudança no tipo do crime

Agora que o caso teve uma morte, a tipificação do crime mudará. "Ele vai responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) com a qualificadora de álcool, já que bebeu e dirigiu", avisou o titular da 27ª DP, Edu Guimarães, acrescentando que, se condenado, o motorista pode pegar de cinco a oito anos de prisão.

Perguntado se Hugo poderá voltar a ser preso, Guimarães disse que vai depender do Poder Judiciário, já que foi a Justiça que determinou a soltura dele.

Parte da cobertura do bar atingido pelo carro despencou - Reprodução / Internet

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