Rio - O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios (DH-Capital), disse que "tudo indica" que os militares do Exército fuzilaram o carro da família de Evaldo Rosa dos Santos, que acabou morto, ao confundir com um veículo de criminosos. Dentro do automóvel ainda estava a mulher e a filha da vítima, uma criança de 5 anos, que escaparam ilesos.
"Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma (no carro). Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", falou Salgado, em entrevista a TV Globo.
Segundo o delegado, a decisão correta a se tomar seria a prisão em flagrante. "Fica muito difícil tomar uma decisão diferente desta, não vejo uma legítima defesa pela quantidade de tiros que foi. Os indícios apontam para uma prisão em flagrante", afirmou.
A afirmação vai de encontro com a dos familiares do músico Evaldo Rosa, que afirmam que os militares alvejaram o carro da família após confundir os ocupantes com bandidos. Inicialmente, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou que o morto era um criminoso que passou em um veículo com um comparsa atirando contra os soldados, e estes teriam revidado a uma "injusta agressão". Depois, determinou a coleta de depoimentos dos militares e civis para apurar o ocorrido.
Horas antes da ação que provocou a morte de Evaldo, uma guarnição do Exército foi atacada a tiros por bandidos na Favela do Muquiço, também em Guadalupe, durante patrulhamento. PMs do Grupamento Aeromóvel (GAM) foram acionados para dar reforço. Fontes da PM contaram que os militares perderam as armas para os traficantes.
Segundo caso em dois dias
Este é o segundo caso em um intervalo de 60 horas. Na madrugada de sexta-feira, por volta de 2h, Christian Felipe Santana de Almeida Alves, 19, foi morto por um tiro de fuzil no peito pelo Exército na Vila Militar, em Realengo. A corporação alegou que o jovem foi baleado, na madrugada de sexta-feira, após a moto em que ele estava na garupa furar um bloqueio e o chamou de criminoso. A família negou e contestou a afirmação que o rapaz era bandido.