Polícia não descarta envolvimento de Orlando Curicica no caso Marielle Franco
Quadrilha do miliciano foi alvo de megaoperação da Delegacia de Homicídios nesta sexta-feira
Rio - A Polícia Civil não descarta a participação de Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, nos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. A quadrilha do miliciano, preso desde outubro de 2017, foi alvo da Operação Entourage, da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), nesta sexta-feira
Dentre os presos estão Eduardo Almeida Nunes de Siqueira e Rafael Carvalho Guimarães. Eles atuam na quadrilha fazendo a clonagem de carros roubado e furtados que são entregues ao bando. Há inclusive a suspeita de que Eduardo tenha sido responsável pela clonagem do Chevrolet Cobalt prata usado por Ronnie Lessa e Élcio Queiroz na execução da vereadora e do motorista.
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"O Rafael e o Eduardo são investigados na clonagem do Cobalt e são considerados suspeitos de envolvimento no crime. Não está descartada a participação do Orlando no caso, já que o Cobalt nunca foi encontrado", afirma o titular da DH, o delegado Daniel Rosa. "Acreditamos que essa ação (Operação Entourage) pode ajudar no caso Marielle, já que haverá continuação da investigação".
"O veículo usado no crime (da Marielle) foi um clone. Durante as investigações encontramos o veículo bom, o dono do carro foi ouvido e vimos que ele não tinha participação no crime e que aquele veículo havia sido clonado e usado no crime. O Orlando Curicica nunca saiu de dentro do nosso radar e da nossa investigação — que está em andamento. Não podemos descartar a participação dele neste caso. Essa investigação foi considerada muito exitosa. Num primeiro momento para tirar esses indivíduos de circulação — que vinham aterrorizando os moradores de Jacarepaguá e segundo para garantir mais informações para avançarmos na investigação (do caso Marielle)", disse Rosa.
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FERREIRINHA
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Um dos principais presos na operação desta sexta foi o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha. Ele e sua advogada, Camila Nogueira, foram alvos de um inquérito da Polícia Federal, que concluiu que os dois tentaram atrapalhar as investigações das mortes de Marielle e Anderson.
Ferreirinha chegou a ser considerada a principal testemunha do caso. Na época, o PM afirmou que Orlando Curicica e o vereador Marcello Siciliano (PHS) foram os mandantes do crime. Ferreirinha teria feito isso para incriminar o ex-aliado.
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"Ferreirinha é de Jacarepaguá e sempre combateu a milícia até que entrou para o grupo. No inicio do ano passado, ele saiu e decidiu agir sozinho. Isso irritou o Orlando, que quis matá-lo", o delegado conta. "Então, ele começou a denunciar o Orlando".
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MINISTÉRIO PÚBLICO
A promotora Simone Sibilio, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Publico estadual (Gaeco/MPRJ), responsável pelas investigações do caso Marielle, acompanhou a operação desta sexta de perto. Para ela, a morte da vereadora "joga luz em várias outras ações e investigações".
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"Isso não significa que eles (milicianos da quadrilha de Orlando Curicica) não possam ter praticado outros crimes", a promotora defende. "Os elementos que ele (Orlando Curicica) trouxe nos ajudaram em várias investigações. O Orlando atua na região até hoje".
O bando do miliciano é acusado de aterrorizar moradores e comerciantes do Terreirão (Recreio), Camorim e Parque Carioca/Jambalaya (Curicica) e Merck, Boiúna, Santa Maria, Mapuá, Lote 1000, Pau da Fome, Tancredo, Jordão e Teixeiras (Jacarepaguá).