A advogada de Ferreirinha, Camila Moreira Nogueira, também foi alvo de inquérito da PF - Armando Paiva / Agência O Dia
A advogada de Ferreirinha, Camila Moreira Nogueira, também foi alvo de inquérito da PFArmando Paiva / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - A advogada Camila Moreira Nogueira, de 30 anos, foi a responsável por fazer a ponte para a entrega de Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, 44, segundo sargento da PM, aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital na manhã desta sexta-feira. Paralelamente, à época da investigação sobre interferências na investigação do caso Marielle Franco, Camila disse à Polícia Federal que as declarações de seu cliente foram baseadas em mentiras e disse não confiar nelas. 

Ferreirinha se entregou em Pedra de Guaratiba, a 12 Kms de onde mora — no Recreio dos Bandeirantes.  Camila Nogueira disse em depoimento, em 21 de fevereiro, que não confia na versão apresentada pelo cliente, e que uma das principais linhas de investigação da DH estava baseada em afirmações falsas.

Por algum tempo, a Polícia Civil acreditou no relato de Ferreirinha — que apontou o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, e o vereador Marcello Siciliano (PHS) como mandantes do assassinato de Marielle e Anderson.

Em depoimento à PF, Camila afirmou que conheceu Ferreirinha em janeiro de 2018 e que o levou para prestar depoimento em abril deste ano. Após um ano, a mulher disse aos investigadores que desconfiava da história apresentada pelo cliente e que se sentiu usada por ele.

A advogada disse que o bandido fez uma manobra pedindo que surgisse como testemunha do caso pela PF e que isso pode ter ocorrido por ordem de outra pessoa, já que Ferreirinha não teria capacidade para tanto. No inquérito encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal chama de "inusitada arquitetura" a maneira como Ferreirinha surgiu na investigação.
Sargento da PM foi preso em megaoperação da Civil 
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O segundo sargento da PM Rodrigo Jorge Ferreira, conhecido como Ferreirinha, se entregou aos policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), por volta das 10h desta sexta-feira, após sua advogada negociar a rendição dele. O militar é um dos principais alvos da Operação Entourage, que a Polícia Civil realiza nesta sexta-feira, contra a quadrilha comandada pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. 
Ferreirinha e Camila foram alvos de um inquérito da Polícia Federal que apurou a atuação dos dois para atrapalhar a investigação das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. O inquérito foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), na semana passada, e tem mais de 600 páginas.

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A investigação levou quase sete meses para ser concluída. A PF quis saber se houve omissão ou fraude durante a investigação das duas mortes. O inquérito concluiu que Ferreirinha e a advogada inventaram uma história para confundir a Polícia Civil do Rio.

Ferreirinha chegou a ser considerado a principal testemunha do caso. Na época, o PM afirmou que Orlando Curicica e o vereador Marcello Siciliano (PHS) foram os mandantes do crime. Os dois sempre negaram as acusações.
Orlando Curicica está preso desde outubro de 2017 e atualmente cumpre pena em um presídio federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
O bando do miliciano, do qual Ferreirinha já foi um dos cabeças, é acusado de aterrorizar moradores e comerciantes do Terreirão (Recreio), Camorim e Parque Carioca/Jambalaya (Curicica) e Merck, Boiúna, Santa Maria, Mapuá, Lote 1000, Pau da Fome, Tancredo, Jordão e Teixeiras (Jacarepaguá).