Moradores da Casa Nem fazem acordo após ação de reintegração de posse
Decisão foi tomada após o Governo do Estado ceder um novo endereço onde ficarão temporariamente as 51 pessoas e 20 famílias que vivem no local, que funciona como lar de acolhimento de pessoas LGBTs em estado de Vulnerabilidade
Por Lucas Cardoso
Rio - Após ato contra reintegração de posse, moradores e ativistas defensores da Casa Nem, em Copacabana, na Zona Sul, comemoraram acordo com autoridades que vai garantir a transferência do lar para um novo endereço. A decisão foi tomada após o Governo do Estado ceder um novo endereço onde ficarão temporariamente. A organização, conhecida pelo seu trabalho no acolhimento de pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade, ocupa o prédio na Rua Dias da Rocha, com 51 pessoas, sendo aproximadamente 20 famílias, desde julho do ano passado. Durante a manifestação, um ativista que usava um megafone foi detido pela PM.
Solicitada há pouco mais de um mês, a desapropriação causou tumulto na manhã desta segunda-feira. Cerca de 100 policiais militares montaram um círculo de proteção na área. Além dos militares, guardas municipais, agentes da SEOP e Defesa Civi. A ação terminou de maneira pacífica, com os ocupantes da Casa sendo levados para o Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, na Rua República do Peru, também em Copacabana.
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A Casa deve ficar sediada no colégio estadual até que a Prefeitura do Rio conclua obra em endereço de Laranjeiras prometido. O local é uma das unidades da Secretaria de Urbanismo do Município (Sehurb).
Indianare Siqueira, uma das líderes do movimento, lamentou a remoção em meio à pandemia, mas comemorou o desfecho positivo da negociação com governo e prefeitura. "Depois de uma luta de cinco anos, a Casa Nem, enfim, terá o seu espaço", disse a líder, que é pré-candidata a vereadora Rio.
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O acordo entre os integrantes do lar de acolhimento e o Governo do Estado foi assinado pela advogada Ludimila Cindra, integrante da comissão de Direitos Humanos da OAB. "Esse deve ser o fim da peregrinação para eles que tem uma relevância social tão grande, inclusive dando capacitação profissional e amparo psicológico", conta a advogada.
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Depois de muitas reuniões com representantes do Governo do Estado, o acordo de desocupação foi feito na porta da ocupação
Estefan Radovicz / Agência O DIA
Ativistas fazem ato contra reintegração de posse da Casa Nem
Estefan Radovicz / Agência O DIA
Ativistas fazem ato contra reintegração de posse da Casa Nem
Estefan Radovicz / Agência O DIA
Ativistas fazem ato contra reintegração de posse da Casa Nem
Estefan Radovicz / Agência O DIA
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A peregrinação da Casa Nem em busca de apoio para obter seu próprio espaço acontece desde 2016, quando ocorreu a primeira ocupação, na Rua Moraes e Vale, no Centro do Rio.
O filho do governador Wilson Witzel, Eric Witzel, atualmente assessor na pasta de Coordenadoria de Diversidade Sexual (Ceds Rio) da prefeitura ajudou a costurar o acordo entre a Casa, prefeitura e governo.
"O papel da prefeitura aqui foi justamente mediar, para que nós possamos garantir os direitos humanos dessas pessoas, que tem uma luta justa de muitos anos. Então a gente fica muito feliz de ter esse diálogo com um movimento social que é tão importante", disse o filho do governador.
Segundo ele, o espaço cedido pela prefeitura, onde funcionava a Secretaria de Urbanismo Municipal, em Laranjeiras, estará pronto até o final do ano. "Lá está tudo sendo organizado, para receber para acolher essas pessoas, inclusive animais. Agora está sendo reformado, revitalizado, então acredito que esse ano", disse Erick.
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Para Carol Caldas, superintendente de Políticas LGBT+, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), que também esteve no local, o acordo deve garantir a segurança dos moradores da Casa Nem até que a prefeitura conclua as obras no endereços fixo da instituição. "Fizemos isso entendendo que essas pessoas precisam desses espaços para moradia e que a vida LGBT é muito importante".
Nova casa
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Os moradores da Casa Nem devem permanecer no colégio estadual até que a Prefeitura do Rio entregue um imóvel prometido há pouco mais de dois meses. O espaço fica na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, onde funciona a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização Urbanística.
Embora a prefeitura adiante que obras já estão sendo feitas, a reportagem de O DIA chegou passar pelo local, mas não havia nenhuma movimentação de operários. O prédio, inclusive, tem sinais de abandono. Chama atenção uma rachadura na lateral da estrutura.
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Decisão que impede desocupação é posterior
Na última quinta-feira, o Congresso Nacional derrubou o veto presidencial de trechos de um projeto de lei que criou regras jurídicas especiais para relações de direito privado durante a crise sanitária. Com a decisão, fica proibida a desocupação de imóveis urbanos com base em decisões liminares (provisórias) até o dia 30 de outubro.
Porém, a decisão da Justiça do Rio para a reintegração de posse é anterior à determinação do Congresso Nacional. E, com isso, há a expectativa da direção da Casa Nem de que a Justiça do Rio volte atrás da decisão de despejo.