Rogério Bezerra Ferreira está internado no Hospital Geral de Nova Iguaçu, o Hospital da Posse - Divulgação
Rogério Bezerra Ferreira está internado no Hospital Geral de Nova Iguaçu, o Hospital da PosseDivulgação
Por Beatriz Perez
Rio - O único sobrevivente de uma ação policial em um baile funk no Morro da Bacia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense é primário e não tinha envolvimento com a criminalidade, diz sua advogada. O Tribunal de Justiça confirmou que não localizou nenhum processo criminal com o nome de Rogério Bezerra Ferreira, de 21 anos. O jovem foi alvo de um pedido de prisão preventiva por conta da ocorrência.
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Quatro jovens foram baleados na ação. Entre eles, Gabriel Marcondes, neto do intérprete Neguinho da Beija-Flor. Apenas Rogério sobreviveu. 
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Bezerra, como é conhecido, está internado no Hospital da Posse. Ele foi ouvido por policiais no local na terça-feira de manhã. A advogada Gleice Schott de Souza diz que não foi avisada e por isso não pode acompanhá-lo no depoimento. Ela diz que vai encontrá-lo amanhã para saber do teor do depoimento e vai à delegacia para verificar a gravação.
"É um jovem que trabalha na comunidade vendendo quentinhas preparadas pela mãe. Ele não foi pego com nada. É inocente e está em estado crítico no hospital. Perdeu um rim e a patela de um joelho, o pulmão está totalmente comprometido", conta a advogada. O jovem tem uma filha de quatro anos. Sua esposa estava grávida de gêmeos e perdeu na quarta-feira os bebês, acrescenta Gleici.
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A defesa também contesta a versão da PM de que houve confronto no baile. "Só os policiais atiraram não houve confronto", disse. Na ocorrência, Rogério Bezerra foi alvo de pedido de prisão preventiva por tentativa de homicídio, associação ao tráfico e tráfico. "Ele não pode entrar no sistema prisional nas condições em que está, sem um rim. Ele não é suspeito, é vítima", argumenta.
A audiência de custódia do caso ainda não foi realizada. 
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A Prefeitura de Nova Iguaçu informou que o estado de saúde de Rogério Bezerra Ferreira, de 21 anos, é estável. O paciente deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) com fratura exposta no joelho direito, na mão e lesões no abdômen provocadas por arma de fogo. Passou por cirurgia de emergência para tratamento das fraturas e das lesões no abdômen, onde teve o rim direito removido. Ele segue internado sob custódia.
Armas periciadas
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A 58ª DP (Posse) informou que três fuzis usados pelos policiais militares durante a ação foram apreendidos e encaminhados para exame de confronto balístico. Os PMs foram ouvidos, além de testemunhas e familiares. A perícia foi realizada no local, com apoio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Neto de Neguinho não estava com demais vítimas
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O advogado da família de Neguinho Beija-Flor, Márcio Fonseca, disse que Gabriel Marcondes não era amigo e não estava junto com os demais baleados no baile funk em que foram vitimados. "Ele não era amigo e nunca teve envolvimento com o tráfico de drogas", afirmou a defesa.
Questionado se a defesa estaria tentando provar a inocência do jovem, Fonseca disse que a própria polícia está tendo este entendimento. "A própria polícia, acho, já percebeu que ele não tinha envolvimento com o crime. Está investigando", acrescentou.
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O pai e o irmão mais velho de Gabriel, Paulo César e Paulo Marcondes, prestaram depoimento no fim da manhã desta quarta-feira na 58ª DP (Posse) sobre o caso. No dia do crime, a PM informou que equipes do 20º BPM (Mesquita) estavam em patrulhamento na localidade quando receberam denúncia sobre um baile funk não autorizado que estaria começando a bloquear via pública.

"Durante deslocamento, os policiais tentaram abordar ocupantes de uma moto na Avenida Henrique Duque Estrada Meyer. Eles fugiram em direção ao evento citado. No local indicado, as equipes foram recebidas por disparos de arma de fogo e ocorreu reação. Após cessar a situação, quatro indivíduos foram encontrados feridos", disse a PM à época.