Familiares se despedem do ciclista Cláudio Leite da Silva. Foto: Luciano Belford / Agência O Dia - Luciano Belford / Agência O Dia
Familiares se despedem do ciclista Cláudio Leite da Silva. Foto: Luciano Belford / Agência O DiaLuciano Belford / Agência O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - "Nos fins de semana ele não ia porque tinha medo de acidentes, porque sábado e domingo tem muitas pessoas bêbadas". A fala de Rogério Leite da Silva, 63, irmão do ciclista que morreu atropelado no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, na madrugada de segunda-feira (11), revela que a vítima temia uma tragédia. Cláudio Leite da Silva, de 57 anos, foi sepultado no Jardim da Saudade, em Jardim Sulacap, na tarde desta terça-feira (12). Não houve velório.
Cerca de 20 amigos e familiares se despediram do ciclista. Rogério, irmão de Cláudio, conta que ele fazia o mesmo percurso diariamente.

"Ele ia todos os dias pedalar, cerca de 100 km. Saía do Recreio e ia para Prainha, Grumari, Guaratiba. Ele sempre saía 4h15".

Cláudio morreu a 200 metros de sua casa, na altura do posto 10. A família espera que a justiça seja feita. "É ruim de aceitar. Era um cara pra dar exemplo (referindo-se a João Maurício Correia Passos, preso por atropelar Cláudio), um capitão dos bombeiros, uma corporação tão séria. Só queremos justiça", desabafou Rogério.

Taxista aposentado, Cláudio fez do ciclismo uma rotina. A paixão começou como uma atividade para amenizar problemas de saúde. "Ele teve um problema pulmonar e os médicos recomendaram que ele pedalasse. Ele acabou virando um atleta".

Indiciado por atropelamento

Testemunhas disseram que João Maurício  Correia Passos estava em alta velocidade quando atropelou o ciclista Cláudio Leite da Silva, que morreu na hora. O oficial ainda tentou fugir do local do atropelamento.

Na tarde de segunda-feira (11), a 42ª DP (Recreio), que investiga o caso, indiciou o oficial dos Bombeiros por homicídio com dolo eventual (assumindo o risco de matar), fuga do local e embriaguez ao volante.

A polícia analisou vídeos gravados em um posto de gasolina, onde o capitão parou e bebeu antes do acidente. Em um deles, João Maurício aparece comprando cerveja na loja de conveniência.

Em outro momento, ele conversa com um homem e dança, aparentemente alcoolizado. A imagem mostra ele com duas garrafas de bebida.

Segundo os investigadores, a cena foi cerca de uma hora antes do atropelamento. Dentro do carro a polícia encontrou uma garrafa de uísque.