Sambódromo do Rio de Janeiro - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Sambódromo do Rio de JaneiroReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Carolina Freitas e Yuri Eiras
Rio - Após o prefeito do Rio, Eduardo Paes decretar que este ano não terá carnaval no estado devido à pandemia do coronavírus, o presidente da Associação de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih/RJ), Alfredo Lopes, disse concordar com a decisão, apesar de saber que o prejuízo será grande para a rede hoteleira. 
"Hoje nós temos a vacina mas não sabemos exatamente qual é o cronograma de vacinação. Não tem como fazer um investimento para julho. É muito difícil estruturar toda essa indústria do Carnaval. Apesar de penoso, a decisão está correta. Claro que é um problema financeiro para os hotéis, para a cidade, restaurantes, bares etc, mas nesse momento se mostra prudente", afirmou Lopes. 
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A reportagem também entrou em contato com a Sebastiana, Associação de Blocos de Rua do Rio, que alegou que recebeu a notícia com "alívio". 
"A Sebastiana recebe com alívio e apoia a decisão do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes de cancelar definitivamente o carnaval de 2020, não considerando inclusive viabilidade na realização da festa em julho. O retorno dos blocos às ruas só poderá se dar quando houver vacina e imunização de toda a população, condição essa que assegure todos. Outras prioridades se colocam no sentido de que se possa reerguer o Rio, principalmente no que toca a saúde e o trabalho. Para nós, o mais importante nesse momento é o cuidado com as pessoas, o controle da pandemia e o respeito à vida e ao luto das famílias", concluiu. 
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Em entrevista ao DIA, a carnavalesca da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, Rosa Magalhães, também achou correta a decisão de Eduardo Paes. "O prefeito mostra que tem bom senso. Tem tanta gente morrendo, falta de leitos e de oxigênio. Primeiro temos que vacinar as pessoas e curar os doentes. Há tristeza para todos os lados."
Neguinho da Beija-Flor alegou ter perdido muitos amigos para o coronavírus e diz ser contra a realização da festa neste ano. 
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"Eu sou apaixonado por Carnaval, vivo do Carnaval, e sou contra. Não pode ter! Pelo amor de Deus! E olha que preciso. Vou passar sufoco, porque além da festa ser um prazer, é meu sustento. Mas o mais importante agora é a saúde", comentou Neguinho.
"Eu perdi meu presidente, amigos. Estou no carnaval há quase 50 anos e este foi um dos mais dolorosos. Não tem como desfilar em cima de defunto, de dor. Não teve Olimpíada, não teve Parintins, não teve festa junina em Caruaru e Campina Grande, não tem como ter desfile, também. Eu tive covid-19 e graças a Deus me recuperei, mas vi o problema que é. Vamos cuidar da saúde", concluiu o intérprete. 
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Para Milton Cunha, que é carnavalesco, cenógrafo e comentarista de Carnaval brasileiro, não há o que ser celebrado este ano.
"Que coisa inapropriada ficar tentando sambar sobre os cadáveres. Que vontade é essa de fazer festa e celebrar? Temos que nos solidarizar com todas as pessoas que sofrem por causa dessa doença e aplaudir os profissionais que estão na linha de frente. É um impacto geral. Como os trabalhadores vão sobreviver? Os camelôs? Os trabalhadores do turismo? O mundo está sofrendo", desabafou.