Rio de Janeiro 05/01/2021 - das crianças desaparecidas em Belford Roxo, fizeram uma manifestação nesta terça-feira (5).  Eles saíram do bairro Vilar Novo e caminharam até o Ministério Público,  em São Bernardo. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agencia O Dia
Rio de Janeiro 05/01/2021 - das crianças desaparecidas em Belford Roxo, fizeram uma manifestação nesta terça-feira (5).  Eles saíram do bairro Vilar Novo e caminharam até o Ministério Público,  em São Bernardo. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agencia O Dia
Por O Dia
Rio - Entidades que lutam por justiça racial, equidade de gênero e igualdade social, escreveram uma carta pública ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, às secretarias de Polícia, de Assistência Social e Direitos Humanos, ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público. No documento, as instituições cobram  celeridade nas investigações sobre o desaparecimento de Lucas, Alexandre e Fernando, além de suporte jurídico, psíquico e financeiro às famílias dos meninos de Belford Roxo que ainda buscam respostas sobre o caso. Elas pedem ainda mais transparência dos dados de pessoas desaparecidas.
Na carta, 44 entidades pedem a divulgação de dados dos desaparecidos no estado com recorte por municípios, regiões, idade, gênero, raça, com indicativo dos casos apurados, sem resolução ou arquivados;
E resposta pública e em página institucional oficial que traga as políticas públicas sociais implementadas e em execução para redução do risco social, redução do grave quadro de desaparecimento de pessoas (com ênfase em desaparecimento de crianças e adolescentes) e promoção de justiça social em todo o estado, e em especial nos municípios da Baixada Fluminense.
Publicidade
Os casos de desaparecimento de crianças e adolescentes no estado do Rio de Janeiro não são novidade.  Segundo dados da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), que acompanha o caso dos meninos de Belford Roxo, só no Rio o número de crianças ainda desaparecidas é de 579, sendo 20.03% destas, crianças negras.
Em todo o Brasil, segundo dados do núcleo de direitos humanos do MP/AL, 33,63% das vítimas não localizadas são crianças e adolescentes. Só nos últimos três anos 82 mil pessoas foram dadas como desaparecidas no país. 
Publicidade
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), aproximadamente 60% dos desaparecimentos ocorrem na Baixada Fluminense. Como é o caso dos primos Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus, de 8 anos, e o colega Fernando Henrique, de 11 anos, que motivaram as entidades a escreverem a carta pública. Os três meninos desapareceram no dia 27 de dezembro, na comunidade do Castelar, depois de saírem de casa para jogar bola num campinho no condomínio onde moram e nunca mais foram vistos.
A Polícia Civil investiga o caso e apura a participação do tráfico local. Investigadores também aguardam o resultado de um exame de DNA feito em uma roupa encontrada em uma comunidade perto de onde os meninos moram. A Polícia colheu material genético das mães dos três desaparecidos.
Publicidade
Críticas às ações da polícia na Baixada
Ainda na carta, as entidades criticam a atuação da Polícia Militar na região de Belford Roxo. Em um trecho, diz que desde o dia 11 de janeiro "as comunidades vêm sofrendo cotidianamente com as operações policiais para a implementação do novo destacamento e os seus brutais impactos na rotina da população".
Publicidade
Em outro, afirma que moradores vêm sendo forçados a conviverem com a violência policial diária, conflitos envolvendo facções e milícias, bem como, todos os dias casos de execuções, torturas, assassinatos e
desaparecimentos forçados cometidos pela polícia".
Segundo as entidades que assinaram o documento, já são 13 pessoas assassinadas durante a implementação do destacamento da PM em Belford Roxo.
Publicidade
A Polícia Militar foi procurada, mas até o fechamento da matéria não havia se pronunciado.