Movimentação de passagueiros no BRT de Madureira após a paralização no dia anterior.
Movimentação de passagueiros no BRT de Madureira após a paralização no dia anterior.Daniel Castelo Branco
Por Yuri Eiras
Rio - A 'caixa preta' das empresas de ônibus será finalmente aberta. É o que garante o prefeito Eduardo Paes, que anunciou nesta quarta-feira (3) que a prefeitura irá assumir o controle temporário do BRT. O município vai retirar o contrato da atual concessionária e deve fazer uma nova licitação. A bilhetagem eletrônica nos ônibus, feita pela concessionária, também mudará de mãos.
No BRT, o processo de transição entre a atual administradora e a prefeitura deve ser concretizado em até quatro semanas, segundo Paes. A partir daí, o município deve nomear um executivo para liderar o processo. Para o prefeito, responsável pelo início da operação do BRT na cidade, ainda na primeira gestão, em 2012, a concessionária atualmente "opera mal" e trata a população "como gado".
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"De forma amigável, vamos tirar o contrato de concessão dos três corredores, Transolímpica, Transoeste, e Transcarioca, além da TransBrasil (ainda em construção na Avenida Brasil). E a prefeitura pretende licitar novamente. Sairiam esses consórcios existentes. Nós vamos ter que viver um período de transição", explicou Paes, que também apontou falhas graves na circulação dos ônibus urbanos da cidade.
"Desde a campanha eleitoral temos tratado de maneira enfática o colapso do sistema de transporte de ônibus e BRT. O que a gente vem constatando há alguns anos é no chamado SPPO, os ônibus urbanos, que vive um sumiço de linhas. Hoje, 40% delas estão desaparecidas. Áreas da cidade estão descobertas, desprovidas de serviço de transporte. Em paralelo, completa ausência de ônibus prestando serviço noturno", comentou o mandatário.
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Paes: Crivella 'destruiu o que havia sido feito'
Durante a coletiva, o prefeito reforçou que a intervenção da prefeitura no BRT não será nos mesmos moldes daquela feita pelo ex-prefeito Marcelo Crivella, em janeiro de 2019. Na época, em uma tentativa de recuperar o sistema, com estações vandalizadas, calotes e modais superlotados, a gestão de Crivella assumiu durante sete meses a administração do BRT, para então devolver à Rio Ônibus. Apesar da intervenção, os problemas continuaram. No início de fevereiro, funcionários do BRT paralisaram as operações contra o atraso de salários. O estado de greve gerou superlotação e confusão nas estações.
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"(O que muda é que) o prefeito agora é o Eduardo Paes. (Crivella) não era uma pessoa capaz, nem muito focada em resultados. O que ele fez foi destruir o que havia sido feito. Estamos retirando da concessão. Aquela intervenção que ele fez foi retirar e dar para os mesmos concessionários. Estamos tirando das concessionárias o poder sobre o BRT. Eles operam mal e tratam a população como gado". Segundo cálculos da atual secretaria de Transportes, o BRT começou a operar em 2012 com 400 ônibus. Atualmente, são cerca de 200.
Nova licitação na bilhetagem eletrônica
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Outro anúncio feito por Paes é que a bilhetagem eletrônica dos ônibus, o RioCard, também vai deixar de ser controlado pelas concessionárias. A prefeitura fará outra licitação para um terceiro ente assumir o controle do sistema, a fim de dar "mais transparência", segundo o prefeito, às informações das empresas de ônibus.
"A bilhetagem eletrônica vai deixar de ser uma exclusividade das concessionárias. Nós vamos sair do RioCard, deixar de usá-lo e fazer uma nova licitação para fazer essa bilhetagem com total transparência e comando da prefeitura. Na famosa 'caixa preta' dos sistemas de ônibus, a prefeitura vai ter total controle. Hoje, como o RioCard pertence às concessionárias, temos informações, mas essa informação é prestada por eles. Sequer conseguimos auditar".
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Procurados, o BRT Rio e o Rio Ônibus informaram que não vão se pronunciar no momento.