Fechamento de bares e restaurantes durante a madrugada. Na foto, Arcos da Lapa.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Toque de recolher: bar esconde clientes, festas na Zona Norte e orla deserta
Saiba como foi a primeira madrugada do toque de recolher na cidade do Rio de Janeiro devido ao avanço da pandemia do coronavírus
Rio - Nem todos cumpriram o toque de recolher imposto pela Prefeitura do Rio após alerta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o avanço da pandemia do coronavírus. Restaurantes e bares têm de fechar às 20h e, entre 23h e 5h, até o dia 11, fica proibida a permanência em locais públicos . No entanto, muitos descumpriram a lei e 'sextaram'.
A reportagem do O DIA esteve em diferentes locais, de hora em hora, durante o período de restrição, e acompanhou a fiscalização do município. Confira:
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23h: Tijuca, Zona Norte
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Na Praça Vanhargen, principal pólo gastronômico da Tijuca, na Zona Norte, todos os bares estavam fechados às 23h. Um grupo de ciclistas permanecia na na praça. Preocupadas, quatro funcionárias de um restaurante reclamaram da falta de policiamento. "Estávamos trabalhando para o delivery até agora. As ruas estão muito desertas, só vi uma viatura, longe do ponto de ônibus. Estamos com medo de assaltos, é perigoso voltar para casa assim", disse Luciana Gomes, cozinheira.Já uma tradicional galeteria na Praça da Bandeira estava lotada de clientes após o horário permitido. O gerente não quis falar com a reportagem. A poucos metros dali, a Vila Mimosa permanecia em funcionamento.
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00h: Lapa, Centro
Lotada a qualquer hora do dia, e muito mais nas noites dos finais de semana, a Lapa estava irreconhecível: com o silêncio da música, restava o som das sirenes da fiscalização. Encostado nos arcos, um morador de rua disse que procurava por comida. "Aguardo as quentinhas dos restaurantes, as sobras, mas hoje não vai ter. Estou com muita fome", disse um senhor, com cerca de 45 anos, que se identificou como Alberto. "Do meu sobrenome não lembro". Um vendedor de pulseiras, que não quis se identificar, reclamava do toque de recolher. "Como vou levar comida para os meus marrecos (filhos) em casa? Vendi poucas pulseiras na praia, mas até a minha circulação na praia agora à noite soube que está proibida. Não entendi o motivo". Ele estava acompanhado de um malabarista, que aproveitava o engarrafamento noturno para lucrar com seu show de bastões de fogo. "Hoje só estou treinando", disse.
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01h: Copacabana, Zona Sul
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Apesar do decreto não proibir a circulação de pessoas, a orla da praia de Copacabana, na Zona Sul, estava vazia. Nenhuma barraca ou artista de rua estava em suas calçadas, e nenhuma pessoa era vista pelo calçadão. Segundo um guarda municipal, às 20h, com os bares proibidos de funcionar, alguns ainda estavam lotados e foram multados. Um deles tentou driblar a fiscalização e fechou as grades com os clientes dentro, que fizeram silêncio. Obrigados a abrir para fiscalização da vigilância sanitária, foram multados.
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02h: Praça Cazuza, Leblon, Zona Sul
Palco de aglomeração constante durante a pandemia, com reuniões que viram a madrugada, a Praça Cazuza, entre as rua Dias Ferreira e avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, estava com os restaurantes vazios. Alguns estabelecimentos funcionavam para entrega em delivery. "Nem abrimos as portas porque o primeiro decreto disse que era para fechar às 17h e nosso horário de funcionamento é a partir das 18h, como a maioria. Acho que vamos ficar no delivery até o dia 11", disse Ramires Ricardo, que trabalha em uma pizzaria do local.
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03h: Praça H, Benfica, Zona Norte
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A fiscalização não chegou na Praça Padre Souza, conhecida como Praça H, em Benfica. Localizada ao lado do Parque Arará, a praça possui quadras esportivas e trailers de lanche, que permaneciam abertos. Jovens, todos sem máscara, bebiam nas mesas, aglomerados, com som alto. O mesmo ocorreu no Complexo da Maré, na Zona Norte. A tradicional feira, com shows de funk e forró do Parque União foi noite adentro, mesmo com um posto da Polícia Militar ao lado.
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04h: Praça Santos Dumont, Gávea, Zona Norte
Equipes da Guarda Municipal e da Secretaria de Ordem Pública permaneciam na praça Santos Dumont, mesmo com bares fechados. Indagada a respeito de outros locais estarem abertos, um guarda disse que não poderia dar entrevista, mas explicou que a fiscalização irá ocorrer em diferentes pontos até o dia 11. "Não temos pessoal para abraçar tudo ao mesmo tempo", afirmou.
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05h: Rua Olegário Maciel, Barra da Tijuca, Zona Oeste
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O ponto da boemia na Barra estava vazio. Na tarde anterior, funcionários dos diversos restaurantes se reuniram em um protesto contra o decreto municipal com restrições ao setor. Nas redes sociais, moradores afirmaram que muitos clientes se recusaram a sair das mesas às 20h, e chegaram a arremessar garrafas na direção de uma viatura da Polícia Militar. Procurada, a corporação não se manifestou a respeito.
No próximo dia 11, a Prefeitura do Rio afirmou que irá debater se mantém ou não as restrições.
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