Guilherme era guarda-vidas do Colégio MilitarArquivo Pessoal
Os PMs afirmam que os rapazes tinham envolvimento com o tráfico de drogas da região, que é controlado pela facção Comando Vermelho (CV). A família nega que eles tenham ligação com qualquer organização criminosa e garantem que eles estavam apenas confraternizando.
Segundo o subtenente, lotado no 41º BPM (Irajá), ele e um sargento chegavam na Rua Fernando Lobo, um dos acessos à favela de Guadalupe, para troca do blindado, quando a equipe do Grupamento de Ações Táticas (GAT) foi atacada a tiros por oito homens armados, por volta das 18h. O militar ainda falou que os agentes revidaram o atentado de forma proporcional e que só ele efetuou 40 disparos com seu fuzil calibre 7.62. De acordo com o policial, o sargento que o acompanhava também atirou contra o grupo, mas não precisou a quantidade de disparos.
Os policiais contaram na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), onde o caso foi registrado, que parte dos homens, que eles apontam como suspeitos, fugiram e, em seguida, a equipe progrediu. Os agentes de segurança disseram que encontraram três rapazes feridos no chão, com vida.
O subtenente afirmou que o trio integrava o grupo de oito suspeitos que atiraram contra a equipe policial, e que junto com eles foi encontrado uma pistola calibre 9mm, uma granada, 50 trouxinhas de maconha, rádio comunicador e dois celulares. Entretanto, o militar não soube especificar quem estava com cada material ilícito apreendido.
Guilherme, Gabryel e João Marcos foram socorridos para o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), em Marechal Hermes, e apenas João entrou identificado na unidade de saúde, onde ainda se encontra internado em estado estável. Seus amigos não resistiram e já teriam chegado sem vida no local.
João Marcos foi autuado em flagrante por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e resistência qualificada. Ele está internado sob custódia no Carlos Chagas.
A família de Guilherme garantiu, durante o seu sepultamento, que o ex-soldado do Exército nunca teve nenhum envolvimento com o tráfico de drogas. Os parentes dele, de Gabriel e João Marcos disseram que eles estavam juntos em um bar, apenas bebendo juntos e confraternizando entre eles, sem nenhum criminoso junto ao trio.
Confiante da inocência do rapaz, o pai de Guilherme, o corretor de imóveis Flávio Erasmo de Oliveira, 44, chegou a pedir à Polícia Civil que um exame pericial fosse feito no corpo de seu filho para comprovar que não havia vestígio de pólvora em suas mãos.
"Um policial do plantão (na delegacia) disse que isso era pedido de exclusividade do delegado. Então o corpo do meu filho foi liberado (do IML para enterro) sem que o exame fosse feito. Não tiveram nem o interesse em provar se ele participou de confronto. Parece que não é interessante para a polícia investigar a fundo se houve realmente esse fato que a PM relatou. Nem com o delegado eu falei. A gente tem uma segurança que deveria nos proteger, mas que não nos protege em nada, estão na verdade acusando", desabafou Flavio.
O corretor de imóveis disse ainda que um dos celulares do seu filho, um Iphone XR, que estava com ele ainda não apareceu. Um aplicativo de localização do aparelho apontou seu último registro, às 19h de sexta-feira, 24 horas após o caso.
"Ele saiu de casa com um Iphone preto para consertar e estava com outro. Esse preto apareceu, mas o outro ainda não. O aplicativo registrou a localização pela última vez próximo da 27ª DP (Vicente de Carvalho), mas ainda não sei onde ele está. Acredito que depois não apareceu mais porque deve ter acabado a bateria", disse.
O corretor de imóveis também acredita na inocência dos outros dois amigos de Guilherme e lamenta o caso. "Eles estão falando que os meninos eram traficantes e entraram em confronto com a polícia. Postaram foto de arma, drogas. Mas o amigo do Guilherme que está no hospital fala que eles não estavam com armas, nem com drogas, e que quando levantaram para tentar correr, já foram baleados. E esse menino está até preso pelas alegações que os policiais fizeram", disse Flávio ainda durante o velório de Guilherme.
Para o jovem Alessandro Pereira da Silva, de 20 anos, que serviu no quartel junto com Guilherme e João Marcos, as acusações contra seus ex-colegas de farda são injustas.
"Todos nós temos a certeza que essa acusação é muito injusta, porque eles estavam apenas comemorando, era um momento de lazer, de distração. O nosso irmão, João Marcos, está passando por um momento muito difícil também, assim como a sua família. Lutando pelo direito dele de cidadão, tentando provar sua inocência. Todos já sabem que eles são inocentes, agora só falta a polícia falar a verdade, tem que ser honestos", falou.
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