Complexo de Presídios em Gericinó, Bangu, Zona Oeste da capital fluminense
Complexo de Presídios em Gericinó, Bangu, Zona Oeste da capital fluminenseAgência O DIA
Por Anderson Justino
Rio - Agentes da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos da Polícia Civil (Desarme) realizaram, nesta terça-feira (13), uma operação contra um esquema de lavagem de dinheiro da uma das principais facções criminosas do Rio, o Comando Vermelho. Investigações apontam que a liderança da quadrilha montou em esquema de 'previdência privada' para manter os luxos dos familiares dos traficantes presos. 
Operação Caixinha S/A cumpriu mandados de busca e apreensão em diferentes presídios do estado. Traficantes apontados como chefes do esquema tiveram que prestar depoimentos. Segundo a Polícia Civil, não houve mandados de prisão.
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O delegado Gustavo Rodrigues, diretor da Desarme, disse que as investigações duraram cerca de dois anos e começaram por conta da prisão do traficante Elton da Conceição, o PQD da CDD, apontado como armeiro do Comando Vermelho, em 2019. Nesse percurso, a polícia identificou que traficantes usavam laranjas para lavar o dinheiro do tráfico e financiar compra de armas, drogas e também para manter o alto padrão de familiares das lideranças do tráfico.
Rodrigues garante que o Comando Vermelho criou um “fundo previdenciário” que conseguiu movimentar cerca de R$ 7 milhões em 44 contas diferentes.
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A polícia identificou 84 pessoas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro, sendo que 42 delas já estavam presas. 
Em um momento das investigações, a policia descobriu que a mulher de um traficante recebia R$ 7 mil por semana para manter seu alto padrão de vida. 

“Essas lideranças, a cúpula da facção, se beneficiam desse fundo sistêmico para financiamento de guerras, para bancar familiares e para pagar mesadas”, detalhou o delegado.
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O delegado Alan Turnowski, secretário de Estado de Polícia Civil, disse que a Polícia Civil pretende ampliar a a atuação dentro dos presídios. Ele pretende responsabilizar os principais líderes do Comando Vermelho, que estão presos e que precisam desse dinheiro para sustentar suas famílias.
“A Operação Caixinha, que se iniciou na data de hoje, é uma nova estratégia da Polícia Civil de combate a roubos de cargas, de automóveis e de transeuntes no Rio de Janeiro. Aquelas comunidades dominadas por traficantes, que incentivam o roubo nas nossas ruas, o roubo às nossas famílias, serão prioridades no combate das delegacias especializadas. E mais do que isso , vamos ampliar a nossa atuação agora para dentro dos presídios, responsabilizando os principais líderes dessa facção, que se encontram presos e que precisam desse dinheiro para sustentar suas famílias. Então, se a família do cidadão comum não tem tranquilidade e paz para andar na rua, as famílias dos líderes também não podem ter paz para usar o dinheiro proveniente do crime. Então nós subimos agora esse segundo patamar e vamos trabalhar essas lideranças presas. A caixinha que sustenta a família desses líderes que permitem o roubo em suas comunidades será alvo da Polícia Civil na operação contra o fluxo financeiro da maior facção criminosa do Rio de Janeiro.”