Especialistas reforçam importância das medidas restritivas
Especialistas reforçam importância das medidas restritivasEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por *Luisa Bertola e Rachel Siston
Rio - Depois que o prefeito Eduardo Paes anunciou, na manhã desta quinta-feira (15), que testou positivo pela segunda vez para a covid-19, O DIA conversou com médicos especialistas sobre as possíveis reinfecções pelo novo coronavírus.
Integrante da Subsecretaria de Vigilância em Saúde do Estado, o médico sanitarista, Alexandre Chieppe afirmou que ainda não há dados suficientes para comprovar as chances de contrair a doença mais de uma vez, mas que costuma ser um evento incomum.
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"Esses casos de reinfecções têm que ser investigados. Só o fato de dizer que a pessoa foi reinfectada, precisa comprovar. A gente sabe que a ocorrência de reinfecção é relativamente incomum, mas acontece. Com a entrada da variante P1, que é uma variante com uma capacidade de designação maior, a gente vê um aumento do número de casos de reinfecções, mas ainda continua sendo um evento incomum”, explica o médico.
Chieppe ressalta que, assim como a possibilidade de reinfecção ainda é estudada, a imunidade para a covid-19, mas não para a variante P1, também.
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"A gente não pode descartar, mas a gente ainda não tem nada que confirme. Até porque, a modificação dessa mutação é muito pequena, tanto é que as vacinas atualmente disponíveis, também protegem contra as variantes”, reforça o sanitarista, que ainda fala sobre a possibilidade de um novo contágio mais brando.
"Não tem nada que mostre que a reinfecção é mais grave. A tendência, do que a gente observou, é que a reinfecção seja menos grave. Até porque, a pessoa já tem alguma memória imunológica, digamos assim, mas a gente ainda não consegue comprovar isso.”
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O sanitarista ainda aponta a importância da análise de cada caso, porque a possível reinfecção pode ser, na verdade, uma reativação viral.
"A gente tem que analisar os resultados dos exames, principalmente o PCR - que é o ideal -, e considerar as possibilidades de falha. Então, a gente tem que ‘linkar’ isso com o histórico clínico da pessoa, com os sintomas que ela teve, com o tempo que ela veio a desenvolver, porque às vezes, pode não ser uma reinfecção, e sim uma reativação viral. Tem que ser avaliado em cada caso, por isso que não é um processo simples."
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O ator Diogo Jovi, de 32 anos, testou positivo para a covid-19 duas vezes em um intervalo de nove meses. Ele conta que, apesar de ter mantido os cuidados após a primeira infecção, na segunda vez que contraiu a doença, os sintomas demoraram mais a passar e foram mais graves.
"Sempre tive um receio de pegar novamente. Nunca acreditei que pudesse estar fora de perigo. Comecei a redobrar meus cuidados, mas acabei pegando pela segunda vez. Na primeira, tive falta de ar, febre, dor de garganta, falta de paladar e olfato, além de muito cansaço. Na segunda vez, tive todos esses sintomas, incluindo as dores intensas nas articulações e no estômago. Outra diferença é que da primeira vez durou duas semanas. Nessa agora está demorando a passar, já dura dois meses. Mas, já voltou aos poucos o apetite e olfato também", relatou o ator.
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Ator teve sintomas mais graves na reinfecção - Arquivo Pessoal
Ator teve sintomas mais graves na reinfecçãoArquivo Pessoal
A médica geriatra e psiquiatra, Roberta França, também conversou com O DIA sobre as reinfecções e reforçou que a primeira contaminação não a impede uma nova.
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"Inicialmente, nós achávamos que nem poderia ter uma reinfecção, uma vez que você teve a covid, teoricamente, você estaria imunizado. Com o passar do tempo, nós compreendemos que não, e o que a gente sabe hoje, é que o fato de você ter pego covid não é impeditivo que você pegue uma segunda vez".
A geriatra também fez considerações sobre a vacinação contra a covid-19 e explicou a importância da população entender a necessidade de tomar as duas doses. Dados divulgados na quarta-feira mostram que cerca de 5% dos vacinados contra o coronavírus no Rio não receberam a 2ª dose no prazo.
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"Em relação à vacina, também vai ser algo que nós vamos ter que observar e quantificar ao longo do tempo. Se as pessoas que estão sendo vacinadas vão adquirir uma imunidade permanente ou temporária. Porque se não for, vamos ter que ter doses de reforço da covid. E aí, como será? Será anual, a cada dois anos, cinco anos? Só o tempo poderá nos dizer", afirma a especialista, que ainda alerta sobre a necessidade de tomar as duas doses do imunizante.
"O grande problema quando a gente traz a vacinação é a falta de entendimento da população. Acham que porque já tomou a vacina, já está imunizado. Acha que se tomou a primeira dose, não precisa voltar para tomar a segunda."
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França ainda explica que o processo da covid-19 ainda é novidade para os cientistas, médicos e profissionais de saúde, que estudam diariamente para conseguir transmitir as explicações para a população.
"Há também a importância de uma educação social para que as pessoas compreendam que todo o processo da covid-19 é uma novidade na vida dos cientistas, dos médicos, profissionais de saúde. Então, nós não temos respostas para inúmeras situações. Para aquilo que nós já temos respostas, é importante que a população obedeça as nossas informações. Nenhum de nós ainda pode ser especialista em uma doença que chegou agora, nós estamos aprendendo, todos os dias, a tratar a covid-19, a entender o pós covid-19 e a entender a imunidade da covid-19", finalizou.
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Os especialistas voltaram a lembrar que, atualmente, a melhor forma de combater a doença, é seguindo as medidas de prevenção ao novo coronavírus.
"A gente precisa manter todos os cuidados, o distanciamento social, o uso adequado das máscaras, cobrindo boca e nariz. Não adianta colocar a máscara e tirar para falar no celular, não adianta usar no queixo, pendurada na orelha. Não adianta você estar em um ambiente e tirar a máscara para falar com uma pessoa, como se a máscara tivesse um isolamento acústico, isso não está te protegendo", declarou França.
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"Mesmo com a vacinação contra o novo coronavírus, as medidas de prevenção precisam ser mantidas até que a gente avance nesse processo de imunização. E, ao apresentar os principais sintomas de coronavírus, procure um serviço de saúde. Porque, eventualmente, diversas outras doenças podem causar sintomas semelhantes ao coronavírus. Precisa ser avaliado caso a caso", completou Chieppe.
*Estagiária sob a supervisão de Gustavo Ribeiro