Baile da Disney contou até com globo da morte
Baile da Disney contou até com globo da morte Reprodução internet
Por Thuany Dossares
Rio - A Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) identificou e está monitorando quatro chefes do tráfico de drogas da Vila do João, no Complexo da Maré. Entre as atividades criminosas praticadas por Thiago da Silva Folly, o TH, Michael de Souza Malveria, o Mangolê ou Bill, Luiz Carlos de Lomba, o Chocolate, e Cria, estão também a organização de bailes funks, onde eles conseguem atrair bastante público e aumentar seus lucros ilegais com a venda de droga, bebidas e até comidas. 
Baile da Disney teve show de pirotecnia - Reprodução internet


Segundo as investigações, os quatro foram os escolhidos de Nei da Conceição Cruz, o Nei Facão, um dos fundadores e líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP), para comandar a VJ, como a favela é conhecida, enquanto ele está preso.

Em março, um megaevento temático aconteceu na VJ, mesmo em plena pandemia de covid-19. O Baile da Disney teve decoração especial com túnel de luzes, pessoas fantasiadas de personagens como Mickey, Minnie e Bela, pirotecnia, artista circense e até mesmo um 'globo da morte' - jaula redonda onde motoqueiros fazem acrobacias. 
Uma artista circense se apresentou para o público no Baile da Disney e, ao fundo, é possível ver o globo da morte - Reprodução internet
No folder de anúncio da festa, estão as fotos do Homem de Ferro, Gabigol, o Macaco César, e um Anão, da Branca de Neve, que aparecem em primeiro plano. Os personagens fazem referência aos quatro traficantes, segundo a DCOD.
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"O Gabigol seria o TH, o Anão é o Chocolate, o Homem de Ferro é o Cria, porque ele já tomou vários tiros e o personagem tem uma placa de ferro, e o César, seria o Mangolê. Estão todos lado a lado, porque não há hierarquia entre eles", explicou o delegado Marcus Vinicius Amim, titular da DCOD. 
Segundo a polícia, as fotos do Homem de Ferro, Gabigol, Macaco César, e de um Anão, fazem referência aos quatro traficantes - Divulgação
Baile é só uma das atividades do tráfico e eles lucram com tudo que é vendido

O delegado da DCOD explica que a apuração dos bailes é feita dentro da investigação de tráfico.

"Estamos investigando todas as atividades do tráfico de drogas, e um baile é objeto de investigação dentro da investigação de narcotráfico. Óbvio que todo evento de grande porte, com uma estrutura dessas, a gente verifica se tem ou não alguma participação do tráfico de drogas. A gente acredita que tenha, mas procuramos comprovar isso com elementos dentro da investigação", esclareceu Marcus Vinicius. 
Visão aérea do Baile da Disney, na Vila do João - Reprodução internet


Amim contou ainda que os bailes funks são uma maneira do tráfico cometer também o crime de lavagem de dinheiro e que os traficantes lucram de todas as formas possíveis nesses eventos.

"O baile é uma forma de lavagem de dinheiro e de atrair público para ter maior venda de drogas, a parte de bebidas também é do tráfico hoje em dia. Antigamente, os locais onde tinha baile, as bebidas e comidas eram dos moradores, eles tinha até uma simpatia de alguns moradores por isso, mas hoje não, o tráfico viu que estava rendendo muito dinheiro e pegaram essa atividade para eles também. Isso movimenta muito dinheiro. Não sabemos ainda quanto, mas sabemos que muito, até pela investimento deles na estrutura do baile", conta o delegado.
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