Policiais civis fizeram uma operação na favela do Jacarezinho na quinta-feira
Policiais civis fizeram uma operação na favela do Jacarezinho na quinta-feiraReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por O Dia
Rio - O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos condenou a brutalidade e a violência policial ao comentar sobre a operação que aconteceu no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, na última quinta-feira e resultou na morte de 28 pessoas, incluindo um agente da Polícia Civil.
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O porta-voz do órgão, Ruppert Colville, concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira e disse estar "profundamente perturbado" com as mortes que ocorreram. Segundo ele, há um histórico de uso desproporcional e desnecessário da força pela polícia.
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"Pedimos que o promotor conduza uma investigação independente e completa do caso de acordo com os padrões internacionais. A força só deve ser usada como último recurso e a polícia não tomou medidas para preservar as evidências na cena do crime", disse Colville.
Embora a operação realizada pela polícia tenha resultado em 25 mortes na comunidade do Jacarezinho, o governo estadual classificou que a ação foi toda orientada com "inteligência e investigação".
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O delegado Ronaldo Oliveira nega que tenha havido execução. "Para deixar bem claro: quem não reagiu, foi preso. Ou foi preso ou fugiu".
A Anistia Internacional, o Humans Right Watch e a Comissão Arns - grupos estrangeiros que atuam na área de direitos humanos - argumentaram que a ação reflete a violência policial presente no Brasil.

"Essa parece ser a operação mais letal em mais de uma década no Rio e confirma uma tendência de uso da força desnecessária e desproporcional por parte da polícia nas regiões pobres, marginalizadas e predominantemente com uma população afro-brasileira, conhecidas como favelas", disse Colville ao ressaltar que o número de feridos pela atuação da policia é desconhecido.

A ONU também classifica como "especialmente perturbador" que o episódio tenha acontecido após a decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2020, que limitou as ações policiais nas regiões de alta vulnerabilidade - como as favelas - enquanto a pandemia da covid-19 perdurasse.

"Relembramos às autoridades brasileiras que o uso da violência deve ser usado apenas quando estritamente necessário e que deve sempre respeitar o princípio da legalidade, precaução e proporcionalidade. A força letal apenas para ser usada como último recurso e quando há uma ameaça à vida ou dano sério", finalizou Ruppert.