Montador de móveis ablo Vieira de Carvalho está preso com base em reconhecimento fotográfico
Montador de móveis ablo Vieira de Carvalho está preso com base em reconhecimento fotográficoArquivo pessoal/ Agência O DIA
Por Jenifer Alves
Rio - Familiares de Pablo Vieira de Carvalho fizeram uma manifestação na tarde desta segunda-feira (24), em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio, para pedir a liberdade do montador de móveis que está preso desde o dia 17. Segundo parentes, ele foi reconhecido por fotos suas que estavam na delegacia por vítimas de um roubo de uma carga de cigarros, ocorrido no dia 5 de fevereiro de 2020. Pablo foi preso em seu local de trabalho, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, e agora tenta provar sua inocência.
A mulher de Pablo, Francislene de Cássia, conta que há uma semana vive um pesadelo. Ela foi informada da prisão quando o montador de móveis ligou para ela da delegacia. Desde então, ela não consegue contato com o marido.
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"Ele me ligou falando que estava indo para a delegacia. Ficamos todos desesperados porque ele não teve como receber ninguém, está lá desde segunda-feira acusado de roubo de carga de cigarro. A gente não consegue contato com ele. A família toda está desesperada. Pegaram ele dentro do trabalho. Estamos sem chão, parece um pesadelo", conta Francislane.
O advogado do montador de móveis, Douglas De Assis, explica que no dia do roubo Pablo estava trabalhando em um prédio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em outra cidade.
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"O Pablo trabalha desde os 20 anos de carteira assinada, com algumas interrupções entre uma empresa e outra. Ele jamais teve ciência de que houvesse qualquer procedimento contra ele", explica.
Ele conta ainda que irá entrar com um recurso utilizando documentos de Pablo para provar que ele estava trabalhando no momento do crime.
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"A defesa juntou os documentos que comprovam que o Pablo estaria em local diverso do ocorrido no dia dos fatos, bem como toda a qualificação e a carteira de trabalho junto ao pedido de revogação da prisão, pois trata-se de uma prisão desnecessária", argumentou.
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) alegou que a prisão preventiva foi pedida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a defesa solicitou a revogação no dia 18 de maio. No dia 20 houve um despacho da Justiça marcando a audiência de custódia para o dia 8 de junho. A Justiça também alegou que o MPRJ deve se manifestar sobre o pedido da defesa de Pablo. 
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O TJRJ também alegou que o reconhecimento por imagem é válido na fase do recebimento da denúncia por se tratar de um indício do crime e que a autoria será apurada durante o processo de instrução criminal. Apesar disso, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) já determinou que o uso de fotos para reconhecimento é apenas uma prova complementar e deve ser apresentada junto com outros meios para ratificar a autoria do crime.
A Polícia Civil disse que o homem foi preso em cumprimento de um mandado de prisão expedido pela Justiça. O pedido de prisão foi solicitado em agosto de 2020. O reconhecimento e todo o procedimento investigativo ocorreu na gestão passada, segundo a corporação. Ainda de acordo com a Polícia, "não é recomendado que os delegados usem apenas o reconhecimento fotográfico como única prova em inquéritos policiais para pedir a prisão de suspeitos", destacou.