Márcio Antônio recolocou as cruzes que foram derrubadas por manifestantes na praia de Copacabana
Márcio Antônio recolocou as cruzes que foram derrubadas por manifestantes na praia de CopacabanaDivulgação
Por Rachel Siston e Thalita Queiroz*
Rio - O estado do Rio de Janeiro alcançou a triste marca de 50 mil mortes por covid-19 nesta quinta-feira, 27. Ao todo, são 50.125 histórias de avós, pais e filhos que tiveram suas vidas interrompidas por causa do vírus. Muitos deles morreram na esperança de conseguir uma vaga em UTI ou acreditaram que um dia poderiam receber a vacina. Para além de vidas perdidas, o Rio de Janeiro se vê diante de uma das mais preocupantes crise sanitária, onde milhões de reais em recursos destinados à hospitais foram desviados, decretos foram ignorados e vacinas até surgiram, mas a vacinação segue caminhando a passos lentos. 
"O Rio tem os piores números de casos de mortes acumulados por milhão de habitantes, resultado da falta de uma política consistente, de uma diretriz clara, de uma articulação correta com municípios. Isso tudo faz com que o Rio de Janeiro amargue esses números muito tristes e dos piores do Brasil, e das piores cidades e dos piores estados em todo o mundo", afirma a pesquisadora em saúde E membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Chrystina Barros.
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O idoso Cristóvão Gonçalves Freire, 73 anos, morreu em um leito de hospital, em São Gonçalo, em junho de 2020, minutos antes de reencontrar, por vídeo chamada, os dois netos e a filha que não via há mais de 20 anos. Christiane Gonçalves Freire, 34, ainda sente o gosto amargo de não ter conseguido se reconciliar com o pai, com quem estava brigada. "Eu e meu pai estávamos brigados por conta do orgulho e cortamos contato, mas sempre acompanhei ele de longe. Quando ele foi internado com covid-19, ainda no começo da pandemia, eu quis me reconciliar", conta ela.

Christiane, que trabalha como controladora de acesso no Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, referência no atendimento de pessoas com covid-19 em Maricá, diz que foi um choque viver de perto o que ela via diariamente no local de trabalho. "Não deu tempo de pedir desculpas, foi inesperado, de um dia para o outro ele se foi. Meus dois filhos, um de 16 anos e outro de 11 anos, tinham o sonho de ver o avô e no dia que isso ia acontecer, ele não resistiu e faleceu", relembra a controlada de acesso que ficou com o pai internado por cinco dias.
Márcio Antônio recolocou as cruzes que foram derrubadas por manifestantes na praia de Copacabana - Divulgação
Márcio Antônio recolocou as cruzes que foram derrubadas por manifestantes na praia de CopacabanaDivulgação
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Algumas histórias também marcaram o Rio de Janeiro em mais de um ano de pandemia. Foi o caso de Márcio Antônio, de 56, anos, que protagonizou um bonito gesto de respeito em junho de 2020 ao recolocar, sozinho, dezenas cruzes em um protesto em homenagem aos mortos pela doença, na Praia de Copacabana. Na ocasião, manifestantes haviam derrubado as cruzes que foram colocadas pela ONG Rio de Paz.
Márcio Antônio e o filho Hugo Nascimento, vítima da Covid-19 - Arquivo pessoal
Márcio Antônio e o filho Hugo Nascimento, vítima da Covid-19Arquivo pessoal
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O filho de Márcio, Hugo Dutra do Nascimento, de 25 anos, havia falecido um mês antes por causa do vírus, quando ele e a esposa caminhavam pela praia e se depararam com a cena de vandalismo. Márcio não sabia da homenagem, mas mesmo assim fez questão de colocar todas as cruzes em seus devidos lugares. Quase um ano depois do ocorrido, o pai de Hugo relembra com emoção o momento.

"Eu fiquei destruído na época, era mais que meu filho, era meu amigo, havia convencido ele a voltar para a faculdade, fazíamos tudo junto. Quando vi o pessoal hostilizando a homenagem da ONG eu não pude ficar calado", relembra ele. Segundo Márcio, os manifestantes só pararam de derrubar as cruzes quando ele gritou pedindo respeito pois havia acabado de perder um filho. "Eles se sentiram envergonhados e foram embora logo em seguida". Hugo deixou um filho de 6 anos e não concluiu o sonho de cursar faculdade, um plano que seria concretizado em poucos meses.

Rio de Janeiro é o segundo estado com o maior número de mortes no país

Após um ano e dois meses desde a chegada da pandemia no Brasil, os números não ficaram favoráveis para o estado do Rio. Atualmente, o estado ocupa o segundo lugar no ranking de total de mortes por Covid-19 no Brasil, ficando atrás somente do estado de São Paulo. A média de mortos em sete dias no estado é de 240 mortes por dia. Dado coletado no Painel de Saúde do governo do Rio no dia 21 de maio.

O Mapa de Risco da Covid-19, divulgado na sexta-feira (20) pela Secretaria de Estado de Saúde, aponta que o estado do Rio de Janeiro está com bandeira laranja, com risco moderado de contrair a doença. No entanto, o Mapa apresenta piora nas regiões da Baía de Ilha Grande, Metropolitana I e Noroeste, que passou da bandeira laranja para a vermelha, com risco alto.

A 31ª edição apresentou redução no número de óbitos (-31%) e de casos de internações por condições grave, que pode evoluir rapidamente para complicações respiratórias e para óbito, o SRAG, (-24%) na comparação entre a semana epidemiológica 18/2021 e 16/2021. As taxas de ocupação de leitos no estado foram de 84% para leitos de UTI e 62% para leitos de enfermaria . No mapa, foi observado também um rápido aumento na taxa de ocupação no estado a partir do mês de março, com redução e estabilização a partir do mês de abril.

A partir de março, houve maior velocidade no aumento do número de pessoas na fila de espera, mas nas últimas semanas foram observadas menos de 200 solicitações por dia, sendo que para leitos de enfermaria a demanda é muito inferior à de leitos de UTI.

Vale lembrar que em março o estado registrou recorde na fila de pessoas que aguardavam por um leito de UTI Covid no estado. No dia 28 de março, 710 pacientes aguardavam uma vaga de tratamento intensivo na rede pública. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde.
"Essa doença pode sim afetar de maneira mais grave pessoas que sejam vulneráveis, mas o jovem, em tese saudável, não é invencível, ele também pode ter a doença, pode vir a óbito. Infelizmente hoje, na medida que a vacinação avança entre os idosos e quem tem maior vulnerabilidade, nós temos o jovem que encara a vida de uma maneira mais aberta, por vezes descuidada, e como a nossa massa populacional é maior de jovens, eles representam proporcionalmente maior número de internações e têm sido os casos mais graves e com tempo maior de permanência em hospitais", explica a pesquisadora. 
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Falta de ‘kit intubação’ nos hospitais

No mês de abril, o estado do Rio chegou ao ápice do colapso nos hospitais estaduais e federais devido à falta de medicamentos. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, por exemplo, precisou intubar pacientes com covid-19 sem sedação.

O especialista em terapia intensiva e diretor da terapia intensiva da Rede Hospital Casa, Ricardo Eiras, disse ao DIA que as unidades de saúde precisaram improvisar e recorrer a um Plano C devido à falta de insumos. "Os pacientes de covid-19 são de sedação difícil e usam doses maiores que as habituais. Temos várias opções para sedação, claro que tem opções melhores e piores, mas sempre há um Plano B. Mas temos hospitais realmente passando muita dificuldade nesse ponto. Muitos já usaram Plano C e realmente estão improvisando de forma muito inadequada e deixando o paciente em risco, até serem reabastecidos", disse.

A Defensoria Pública do Rio pediu explicações para o Estado do Rio de Janeiro sobre a escassez de medicamentos que compõem o kit intubação e também entrou com uma Ação Civil Pública cobrando o pronto abastecimento das medicações indispensáveis para o tratamento dos pacientes com a forma mais grave da covid-19.
Chegada da nova cepa indiana
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A chamada variante indiana preocupa autoridades brasileiras desde a semana passada. Em São Luís, no Maranhão, um navio não pôde atracar na Zona Portuária pode ter registrado seis casos da nova cepa. Um dos tripulantes foi internado e segue intubado. Embora tenha sido registrado este caso da variante ainda não há indícios da transmissão comunitária da nova variante no país.
No Rio de Janeiro, há um caso sendo monitorado. Um morador de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, está sendo monitorado de perto pela secretaria de Saúde do município por ter testado positivo para a Covid-19 após retornar de uma viagem da Índia, epicentro de uma nova cepa, a B.1.617. O trabalhador está isolado. Ainda não há a confirmação se o paciente está com alguma variante.
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Vacinação no estado do Rio

No dia 18 de janeiro deste ano, o Rio de Janeiro deu um grande passo e vacinou as duas primeiras pessoas contra a covid-19, aos pés do Cristo Redentor. Terezinha da Conceição, 80, e Dulcinéia da Silva Lopes, 59 anos, técnica de enfermagem, foram as imunizadas em uma data histórica para a cidade. Desde então, o estado tem se organizado por meio de calendários divididos em idades e grupos de riscos. Até o dia 21 de maio, 3.013.899 pessoas receberam a primeira dose da vacina e 1.414.968 receberam a segunda dose.

A campanha de vacinação foi dividida pelo Ministério da Saúde em quatro fases de distribuição. Na primeira fase os grupos prioritários incluíram trabalhadores da saúde que atuam na linha de frente no combate à covid-19 e na vacinação, pessoas com 60 anos ou mais vivendo em abrigos ou asilos, pessoas maiores de 18 anos com deficiência institucionalizadas, trabalhadores dessas instituições, povos indígenas vivendo em terras indígenas e idosos a partir de 80 anos. Nos demais grupos, idosos a partir de 75 anos e demais trabalhadores da saúde entraram no calendário.

Na segunda fase, pessoas de 60 a 74 anos foram vacinadas. Na terceira fase, pessoas com comorbidades entraram no calendário. Na quarta fase, o calendário contou com a vacinação de pessoas com deficiência permanente grave, pessoas em situação de rua, população privada de liberdade, funcionários do sistema de privação de liberdade, trabalhadores da educação, forças de segurança e salvamento, forças armadas, trabalhadores dos demais serviços essenciais (trabalhadores do transporte coletivo de passageiros e de carga, trabalhadores portuários e trabalhadores industriais) e populações quilombolas.
"Desde o início da pandemia, as medidas farmacológicas de restrição de circulação, uso de máscara, distanciamento pessoal, lavagem de mão, são as medidas efetivas. Estudos mostram que mais de 137 países conseguiram fazer a gestão da crise com estas medidas, antes da vacina, e quando as vacinas chegaram, conjugando a aceleração de um programa vacinal com as mesmas medidas restritivas e também de suporte à população, principalmente para não deixar que as pessoas passem fome. Essas são medidas que a gente precisava e ainda precisa", ressalta Barros. 
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Fura-filas, roubo de vacinas e 'vacinas de vento'
Os furtos das doses de vacinas contra a Covid-19 e casos de fura-filas se tornaram um problema para o estado do Rio. Desde o início da vacinação, foram registradas diversas ocorrências de fura-filas e aplicações falsas do imunizante na população. No início de março, foram registrados casos de fura-filas no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, na região Metropolitana no Rio, na vacinação contra a Covid-19. Uma lista com o nome dos vacinados mostrou que diversos funcionários da unidade receberam o imunizante.
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Semanas após o acontecimento, o governo do Rio sancionou uma lei que prevê multa de até R$ 37 mil para quem furar fila em todo o estado. A medida também aplica punição ao agente público que contribuir com a prática. Em relação as ‘vacinas de vento’, houve registros nos municípios do Rio, Niterói e Petrópolis. Na capital, a prefeitura afastou uma funcionária que fez uma falsa aplicação em uma idosa de 85 anos no dia 27 de janeiro.
Na época, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a população pode registrar fotos e vídeos do momento da aplicação, e que a atitude seria recomendada para prevenir fraudes.

Decretos e desrespeitos

A forma encontrada pelo estado em frear o contágio foi a publicação de decretos impedindo o funcionamento de boates, proibindo a realização de eventos e o fechamento das praias. No entanto, nem mesmo as principais autoridades seguiram as próprias recomendações. No dia 28 de março deste ano, o governador, até então em exercício, Cláudio Castro, promoveu um evento em comemoração ao seu aniversário de 42 anos, em uma casa no bairro de Itaipava, em Petrópolis, Região Serrana do Rio. O evento aconteceu dois dias após o governador pedir para a população ficar em casa e evitar aglomerações. Pelo menos 20 pessoas estavam no local, todas sem máscara.

Na época, Castro não somente desrespeitou o decreto estadual, como também desobedeceu o decreto municipal de Petrópolis, que proibia aglomerações e a realização de festas de aniversário, mesmo em ambientes privados, durante a pausa emergencial.

O prefeito da cidade do Rio de Janeiro Eduardo Paes também foi flagrado desobedecendo o próprio decreto. Em um evento de roda de samba, no último dia 8 de maio, Paes foi visto cantando sem máscara em um ambiente com aglomeração, poucos dias depois de se curar do coronavírus. Um dia antes, o prefeito havia divulgado novas medidas de proteção contra o avanço da covid-19 na cidade, mas com afrouxamento em alguns setores. Após a divulgação do vídeo, o prefeito usou as redes sociais para pedir desculpas. No dia 10 de maio, a Secretaria de Ordem Pública e a Vigilância Sanitária multaram o prefeito Eduardo Paes por não usar máscara no valor de R$ 562,42.
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"Mais do que nunca, é fundamental trabalhar comportamento. Precisamos mais uma vez que nossas autoridades deem bons exemplos, se articulem, tenham uma comunicação clara e as ações coerentes com essa comunicação. Nós não podemos, por exemplo, ter uma Assembleia Legislativa discutindo a possibilidade de não usar máscara. Nós precisamos articular mais uma vez, campanhas educativas, fiscalização ostensiva, e isso sim pode nos ajudar a passar por esse momento. Comportamentos inadequados agora deixam o vírus circular mais, aumentam o risco de variantes que podem comprometer a vacina e isso seria a maior tragédia, seria não ter um horizonte temporal de reverter essa situação. 

Desvios de recurso para o combate à covid-19 culminou no impeachment de Wilson Witzel
Wilson Witzel sofre  impeachment - Luciano Belford/Agência O Dia
Wilson Witzel sofre impeachmentLuciano Belford/Agência O Dia


No dia 30 de abril, o Tribunal Misto (TEM) decidiu pelo afastamento de Wilson Witzel do cargo de governador do Rio de Janeiro. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, Witzel montou uma organização criminosa dentro do governo do estado. A quadrilha foi dividida em três grupos, que disputavam o poder com desvio de recursos dos cofres públicos.

Os dois pontos principais que culminaram na investigação de Witzel se referem à requalificação da OS Unir por decisão do, até então governador, em 23 de março de 2020, após a organização social ter sido impedida de contratar com a administração pública e ter tido contratos rescindidos para a gestão de unidades de saúde no Rio, por irregularidades no contratos, em setembro de 2019.

Outro aspecto da denúncia se refere à contratação da OS Iabas por mais de R$ 800 milhões para construir e administrar os hospitais de campanha do Rio, sem que a empresa tivesse condições de realizar o serviço. A denúncia aponta que as organizações sociais Unir Saúde e Iabas pertencem ao empresário Mário Peixoto.

O vice-governador Cláudio Castro (PSC) assumiu o cargo de governador do estado do Rio de Janeiro no dia 1 de maio, um dia após a condenação do ex-juiz Wilson Witzel em um processo de impeachment. 
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"O Rio de Janeiro, durante todo o período da pandemia e até hoje chega a cinco secretários de Saúde diferentes no correr do tempo. Por si só, isso já mostra o quanto nós não conseguimos ter continuidade em qualquer projeto. Começamos pelo próprio Ministério da Saúde, que não tem uma política clara. Se o Ministério não tem uma política clara, se o Governo do Estado troca cinco secretários, troca de governador em meio à crises graves, em meio à denúncias de desvio de dinheiro, infelizmente, isso é campo fértil para que o vírus fizesse por aqui um estrago maior do que fez nos outros estados", declara a especialista. 

Perdas irreparáveis para o Rio de Janeiro
Rua Ator Paulo Gustavo - Reprodução
Rua Ator Paulo GustavoReprodução


Entre as 50 mil mortes, a população do Rio de Janeiro perdeu nomes que fizeram história e deixaram legados. Foi o caso do humorista Paulo Gustavo, de 42 anos, que morreu devido a complicações da covid-19 no dia 4 de maio. Paulo Gustavo estava internado no hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio, desde o dia 13 de março. Paulo Gustavo nasceu em Niterói, em outubro de 1978.

Em forma de homenagem, a cidade de Niterói, cidade onde Paulo Gustavo nasceu, homenageou o humorista batizando uma das mais importantes vias do bairro de Icaraí com o seu nome. A Prefeitura de Niterói instalou, no dia 19 de maio, 46 placas da Rua Ator Paulo Gustavo, em Icaraí. A mudança no nome da rua foi aprovada por 90% dos niteroienses em consulta pública com mais de 34 mil participantes e teve mensagem executiva do prefeito Axel Grael aprovada pela Câmara de Vereadores.
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O jornalismo brasileiro também perdeu uma das suas principais figuras. Morreu no dia 13 de abril, vítima de complicações da covid-19, o jornalista Aloy Jupiara, aos 56 anos. Ele exercia o cargo de editor-chefe do jornal O DIA e é um dos autores de dois livros 'Os porões da contravenção' e 'Deus tenha misericórdia dessa nação', todos escritos em parceria com o jornalista Chico Otavio.
No final de 2020, a televisão brasileira perdeu uma grande artista. A atriz Nicette Bruno, de 87 anos, morreu vítima de covid-19. A veterana estava internada na Casa de Saúde São José, no Humiatá, Zona Sul do Rio, desde o final de novembro. De acordo com Beth Goulart, uma das filhas da atriz, a artista pegou covid-19 de um parente.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes