Pandemia da covid-19
Pandemia da covid-19Daniel Castelo Branco / Agência O DIA
Por O Dia
Rio - O Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na quarta-feira (26) fez um alerta sobre uma intensificação da pandemia nas próximas semanas. O estudo realizado pela fundação apontou que há uma nova elevação do número médio de óbitos para um patamar em torno de 2.200 por dia.
Na última semana epidemiológica (de 16 a 22 de maio), a análise mostrou que houve um aumento das taxas de incidência de casos novos da doença. A Fiocruz ressalta que os casos positivos para a doença estão em altos patamares, o que demonstra uma circulação intensa do vírus no país. Segundo os dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) na quarta-feira, foram 80.486 novas infecções registradas. 
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"Essas novas infecções podem resultar em casos graves de covid-19", afirmam os pesquisadores responsáveis pelo Boletim. 
Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga demonstrou preocupação com uma possível terceira onda da doença no Brasil. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de avanço da crise sanitária em razão da sinalização no aumento de casos da doença, Queiroga afirmou que o cenário pode estar ocorrendo em razão do afrouxamento de medidas de restrição à circulação de pessoas e distanciamento social ou efeito de nova variante.
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Outra questão preocupante é o rejuvenescimento da pandemia que, associada à circulação de novas variantes do vírus no país, torna mais crítica às consequências entre grupos mais jovens. Nesta quarta-feira, foi confirmado o primeiro caso da variante indiana no Brasil. "O estudo conclui que a maior exposição desta faixa etária está associada a condições precárias de trabalho e transporte, além da retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das restrições vigentes em março", informou a Fiocruz.

"Esse contexto vai gerar novas pressões sobre todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo novo aumento das taxas de ocupação dos leitos de UTI é resultado desse novo quadro da pandemia no Brasil", ressaltam.
Em nota, a fundação afirmou que os pesquisadores são categóricos em destacar que é premente a intensificação de ações de vigilância em saúde, o reforço de estratégias de testagem de casos suspeitos e seus contatos, além do controle de voos internacionais e a manutenção de restrições de eventos de massa e atividades que promovam a interação e infecção de grupos suscetíveis.
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Além disso, os especialistas também defendem medidas de preparação do sistema de saúde, desde a sincronização com a atenção primária em saúde, até a organização da média e alta complexidade, incluindo a oferta de leitos clínicos e UTIs Covid-19, e garantia da oferta de insumos.
Leitos para covid-19
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O boletim da fundação também ressalta que entre os dias 17 e 24 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis, em níveis elevados, em praticamente todo o Brasil. Segundo eles, isso reforçaria a avaliação de que a tendência de queda (que vinha sendo observada até por volta do dia 10 deste mês) se interrompeu.

Oito estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).

Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (83%), Tocantins (86%), Alagoas (89%), Bahia (83%), Minas Gerais (80%), Rio de Janeiro (83%), São Paulo (80%), Mato Grosso (87%) e Goiás (84%).

Sete estados estão na zona de alerta intermediário (60% e 80%): Rondônia (79%), Pará (73%), Amapá (72%), Maranhão (76%), Paraíba (75%), Espírito Santo (79%) e Rio Grande do Sul (79%).

Dois estados estão fora da zona de alerta: Acre (47%) e Amazonas (57%). 
Rio de Janeiro confirma caso de variante indiana
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Um passageiro brasileiro que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos no sábado (22) está contaminado com a nova variante B.1.617.2 indiana da covid-19, conhecida por ser mais agressiva. A informação foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que realizou o sequenciamento genético do paciente para confirmar o seu quadro de contaminação.

Ele tem 32 anos e mora em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, no sábado (22), e fez um exame RT-PCR realizado no laboratório do próprio espaço. Em seguida, ele foi liberado antes mesmo do resultado da análise sair, viajando de São Paulo para o Rio de Janeiro. Ele se hospedou em um hotel ao lado do Aeroporto Santos Dumont e, no domingo (23), viajou de carro até Campos.
A variante indiana tem sido uma grande preocupação internacional. Ela foi identificada entre outubro e dezembro pela primeira vez e ganhou maior atenção após os casos de contaminação terem sido agravados na Índia.

Existem poucas informações a respeito da nova variante, mas o que se sabe é que ela detém um alto poder de transmissibilidade. Ainda não há informações se os níveis de dano e mortalidade do vírus são maiores. O infectologista Alberto Chebabo mencionou que isso é uma questão preocupante ao país e mencionou que a mutação da B.1.617.2 tem características já conhecidas de outras variantes locais, como a maior transmissão.

"Ela é uma variante descrita recentemente e o que sabemos é que ela tem uma mutação já descrita em outras variantes. Um dos seus riscos é ter o potencial de transmissão maior, mas não sabemos se ela teria uma capacidade de evasão de anticorpos ou redução de eficácia de vacinas, pois os estudos sobre isso ainda não foram finalizados. O que sabemos é que ela tem uma capacidade transmissiva maior. Só isso já preocupa pela questão da possibilidade de aumentar a ocorrência de casos no país, ainda mais agora que estamos vacinando um número maior de pessoas", concluiu.