Alba Valéria, vai registrar ocorrência por ter sofrido racismo em mercado de Copacabana, Zona Sul do RioArquivo pssoal/ Agência O DIA

Por Beatriz Perez
Rio - A diarista Alba Valéria, de 55 anos, conta que só recebeu apoio da família e amigos após sofrer ataques racistas em um supermercado na tarde de quinta-feira em Copacabana, Zona Sul do Rio. No supermercado Princesa, uma mulher a atacou com xingamentos racistas. Ela conta que ninguém reagiu e que funcionários tentaram acalmá-la, dizendo qua a mulher seria "louca". 
"Todos ficaram imóveis. Um segurança só se aproximou de mim, eu acho que foi pra eu não partir pra cima dela, ficou fazendo parede. Outra funcionária disse pra eu não ficar chateada não, que ela sempre vai lá. Mas ela não estava confusa fazendo as compras. Não tinha sinal nenhum que era louca. Acho que deviam ter pegado ela, botado pra fora., chamado a polícia. Ela continuou lá fazendo as compras", afirma Alba, que pretende fazer um registro de ocorrência da Delegacia de Crimes Raciais depois do expediente desta sexta-feira. A diarista trabalha em uma casa no Méier, Zona Norte do Rio, e em outra em Copacabana, na Zona Sul.
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Alba foi acolhida pelos filhos em Saracuruna, em Caxias, onde moram. O mais novo, de pele mais retinta, a abraçou e acolheu. A diarista nunca havia sofrido racismo explícito, mas seu filho já havia passado por isso na loja de um shopping em período de Natal.
"Recebi apoio só dos meus amigos, que compartilharam no Facebook, mas de outro lugar não recebi nada. O meu mais velho fica até calado, nervoso. Não gostamos de confusão. O mais novo, me abraçava, disse pra eu não ficar assim. Numa época de Natal, fomos no shopping, depois ele disse que um dos seguranças ficou seguindo ele na loja. Se ele tivesse falado eu ia chamar a atenção deste segurança", relembra.
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O relato do crime de racismo foi postado pela vítima em uma rede social. "Estou sentindo uma tristeza profunda. Alba Valéria conta que, num primeiro momento, não imaginou que a suposta agressora se referia a ela: "Eu estava colocando os legumes no saquinho e ela simplesmente gritou, do nada, 'vai comer banana, sua macaca!' Eu olhei para trás, olhei para os lados, e ela repetiu: 'É você mesmo, vai comer banana, sua macaca! Eu disse: 'Hã, é comigo?', perguntando às outras pessoas que estavam no corredor. Elas disseram que sim, e que era para eu não esquentar porque a mulher era louca e já tinha arrumado confusão outras vezes no mercado".

A diarista disse que ficou sem reação. Porém, minutos depois, quando estava no caixa para pagar as compras, resolveu retornar ao local em que a mulher estava para tirar uma foto dela. Segundo Alba, a mulher aparentava ter em torno de 60 anos de idade.

"Quando ela me viu, me insultou novamente: 'Essa macaca de novo!'. Aí eu fui e bati a foto. Não queria sair de lá sem fazer nada. Ela não tem nada de louca. É racista. Tanto que saiu rapidamente do local com receio de ser agredida. Essa era a minha vontade. Mas não fiz nada em respeito à minha patroa, que estava comigo e é idosa. Fiquei com receio de que ela passasse mal. Eu não tinha feito nada a essa senhora, não tinha nem encostado nela, nem esbarrado nem nada".
A reportagem questionou o supermercado sobre a existência de protocolos para casos de racismo e aguarda posicionamento.