Rio de Janeiro 08/01/2019 - Ensaio técnico da União da Ilha. Na foto acima Laíla. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford

Por O Dia
Rio - O diretor de carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, conhecido como Laíla, de 78 anos, morreu na manhã desta sexta-feira, no Hospital Israelita Albert Sabin, na Zona Norte do Rio, por complicações da covid-19. Ele estava internado desde o último fim de semana e sofreu uma parada cardíaca às 11h. 
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Há mais de 50 anos no Carnaval, Laíla passou por escolas de samba tradicionais do Rio de Janeiro. Era carnavalesco, diretor de harmonia, produtor musical, cantor e compositor. Campeão 28 vezes, sendo 23 no Rio de Janeiro, era conhecido como "Dono da Harmonia". Nasceu e cresceu no Morro do Salgueiro e começou sua carreira na vermelho e branco. Em 1975, foi para a Beija-Flor junto com o carnavalesco Joãosinho Trinta. Também coordenou o carnaval na Unidos da Tijuca, Vila Isabel e Grande Rio. Voltou para a mais amada de Nilópolis em 1995, quando quando conquistou oito títulos, incluindo o tricampeonato nos anos de 2003, 2004 e 2005. Dois anos depois, conseguiu um bicampeonato em 2007 e 2008. Em 2018, após ser mais uma vez vitorioso na avenida, o ícone do carnaval deixou a azul e branco.
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Segundo o Dicionário Cravo Albin da música brasileira, Laíla passou a integrar a escola mirim Independente da Ladeira aos 7 anos, na qual comandou a bateria durante anos. A agremiação desfilava pelas ruas Francisco Graça, General Rocca e na Praça Saens Pena. Aos 10 anos, ingressou no Grêmio Recreativo e Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, onde, três anos depois, começou a atuar na bateria.
Aos 14 anos ingressou na Ala dos Compositores do Salgueiro. No ano de 1967 assumiu o cargo de Diretor Geral de Carnaval do Salgueiro. Em 1975 passou a atuar como diretor de harmonia do Salgueiro. No ano seguinte, a convite de Aniz Abraão David (Anízio) e Nelson Abrahão David transferiu-se para o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Beija-Flor, agremiação pela qual sagrou-se campeão em três anos consecutivos com enredos de Joãosinho Trinta: 1976 "Sonhar com Rei dá Leão", "Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egipciana" e "A Criação do Mundo na Tradição Nagô".
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Como produtor musical, Laíla é o responsável pelo CD dos sambas-enredos do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), usou as redes sociais para lamentar a morte. "Sempre tive inveja da Beija-flor por ter esse cara e ele não estar na minha Portela. Que perda para a nossa cultura. Meus sentimentos aos amigos e familiares. Obrigado por tudo que você fez pelo carnaval carioca! Salve Laíla!", escreveu.
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O governador Cláudio Castro disse que Laíla deixa um legado histórico. "A comunidade do carnaval está de luto. Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, não resistiu à COVID-19. Deixa um legado histórico e uma gratidão indescritível a quem faz o carnaval. Vá em Paz, Mestre. Aos familiares e amigos desejo força e superação na alegria que ele inspirava", escreveu Castro.
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Neguinho da Beija-Flor disse que vai ficar a saudade de Laíla, que foi seu primeiro produtor musical, no início da carreira, no Cordão da Bola Preta. "Meu amigo durante 50 anos da minha vida!! Personalidade fortíssima, excelente profissional e amigo de todas as horas!! Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, melhor diretor de carnaval de todos os tempos!!
Que Deus o tenha, meu amigo!!", lamentou o intérprete.
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Em fevereiro deste ano, em uma entrevista ao jornal Metrópoles, Laíla disse que estava ansioso pela vacina e que estava preso dentro de casa. 'Há um vazio que vai ficar para a história', falou sobre o ano sem carnaval por conta da pandemia. O diretor tomou a segunda dose da vacina há cerca de um mês, mas tinha diversos problemas de saúde.
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Dentre os desfiles icônicos que tiveram o toque de genialidade de Laíla, está o enredo "Ratos e Urubus" da Beija-flor de 1989, com o "Cristo mendigo", destaque que foi proibido de entrar na Sapucaí e precisou ser coberto com uma lona preta. Na Avenida, uma placa dizia "Mesmo proibido, olhai por nós", e o carro revolucionou o carnaval. Naquele ano, a azul e branca foi vice-campeã e fez um desfilo histórico que marcou a memória de todo apaixonado pela folia. Este ano, quando perguntado se um dia voltaria à escola, o Dono da harmonia disse "o futuro vai dizer".
Ainda não há informações sobre o enterro.