Deldina Costa Alves, de 63 anos, foi diagnosticada com pedra na vesículaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Por Karen Rodrigues*
Rio - Uma senhora de 63 anos vive o drama da espera por uma cirurgia há seis anos. A aposentada Deldina Costa Alves foi diagnosticada em 2015 com pedra na vesícula e, desde então, está cadastrada no Sistema de Regulação (SISREG) esperando ser chamada para fazer a cirurgia. Em uma consulta na Clínica da Família da Tijuca, na Zona Norte do Rio, ela descobriu que tinha uma cirurgia marcada em 2018 no Hospital Federal da Lagoa, no Jardim Botânico, Zona Sul, mas não foi comunicada a respeito.

Apesar da cirurgia ter sido marcada há três anos e ela não comparecer, o nome de Deldina continuou no SISREG, sem precisar dar nova entrada no sistema. No ano passado, ela foi comunicada que precisaria fazer novos exames para a cirurgia. Segundo Deldina, ela realizou todos os procedimentos pré-cirúrgicos e entregou os exames no dia 30 de novembro de 2020, mas ainda não há previsão de quando a cirurgia irá acontecer.

“Veio um pedido do SISREG, em 2020, para eu poder comparecer ao Hospital Ronaldo Gazolla, em Jacari. Aí levei todos os exames, risco da cirurgia. No dia 30 de novembro, fui lá e pediram que eu aguardasse. Já estou há quase um ano esperando”, contou.

Deldina disse que foi até a Clínica da Família da Tijuca, onde se consulta regularmente, para cobrar uma data da cirurgia, mas comunicaram que ela deveria procurar o hospital para se informar a respeito. No Hospital Ronaldo Gazolla, a informaram que a clínica da família é responsável pela cirurgia.

"Eu já não sei mais o que fazer, fica nesse jogo de empurra. Eu já gastei dinheiro com todos os meus exames e eles já devem ter perdido a validade. Eu não posso comer nada. Na última vez que fiz a ultrassonografia, a médica disse que estou com muita pedra. Quando estou em crise, vou na UPA da Tijuca e eles me dão remédio na veia. Eu não tenho como pagar plano de saúde, dependo do SUS. Eu não posso pagar um médico particular", lamentou.

Apesar de aposentada, Deldina ainda trabalha como diarista duas vezes na semana na casa de uma família na Tijuca. Quando está na crise das dores, ela passa noite insones vomitando e com enjoos devido à pedra na vesícula.

"Há muito tempo eu descobri uma pedra na vesícula. Quando eu descobri, eu estava com crises de dores. Meu filho me levava na UPA da Tijuca e ‘aí’ a médica descobriu que eu tinha pedra na vesícula. Ela falou que eu teria que fazer a cirurgia. Então, entrei no SISREG e fiquei naquela luta esperando. Até hoje estou nessa batalha", disse.
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Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), a equipe do Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão está em contato com a paciente para agendamento de nova consulta para reavaliação e encaminhamento do caso ao serviço especializado.

A SMS informou ainda que o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla está com cirurgias e demais atendimentos suspensos desde março de 2020. "Com o início da pandemia, todos os setores foram adaptados para atendimento exclusivo dos pacientes acometidos pela covid-19".
Em nota, o Ministério da Saúde informou que a regulação desse tipo de procedimento é de responsabilidade das secretarias estaduais e municipais. "Importante esclarecer que a única lista de espera gerenciada pela pasta é a de transplantes. Todas as demais são atribuições dos estados e municípios."
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes