Posto de vacinação que funciona no Clube do Olaria, em OlariaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

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Jessyca Damaso
Rio - Pelo menos três pessoas recusaram vacinas contra a covid-19 na manhã desta quarta-feira, na policlínica José Paranhos Fontenelle, localizada dentro do Clube Olaria, na Zona Norte do Rio, porque queriam escolher qual imunizante preferem tomar, os famosos "sommeliers de vacina". O flagrante foi feito pela equipe de O DIA que esteve no local acompanhando a vacinação. Vale destacar que todas as vacinas disponíveis — Coronavac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen — têm efetividades comprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, outras duas pessoas não conseguiram se imunizar porque compareceram fora do prazo dos seus perfis.
A equipe percebeu um carro, com dois ocupantes, que passou em frente a policlínica e o motorista perguntou ao segurança qual vacina estavam aplicando e após saber que só tem disponível a AstraZeneca, foi embora. Uma outra pessoa que estava passando pela calçada também fez o mesmo questionamento e não quis entrar para se imunizar. As pessoas estão dando preferência aos imunizantes da Pfizer e da Janssen. 
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Exemplos que O DIA encontrou na policlínica José Paranhos Fontenelle e no posto de saúde de São Cristóvão dão uma dimensão dos problemas acontecendo em toda a cidade durante a campanha de vacinação contra a covid-19.
Sem entrar em detalhes, o cabeleireiro Edson Felix, de 41 anos, disse que não se vacinou antes por questão religiosas, mas como está com uma viagem programada, precisa tomar o imunizante. "Fui ontem, pediram para que retornasse hoje para a repescagem. Mas hoje me informaram que era somente mulheres e não tem previsão para a repescagem, a qual me encaixo".
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Já o pedreiro Ronaldo Valentim, de 53 anos, perdeu a data por causa do trabalho. Ele, que é hipertenso e diabético, até chegou a tentar tomar a vacina em Duque de Caxias, onde mora, mas os postos estavam sempre cheios e quando conseguia entrar, não tinha mais imunizante disponível para ser aplicado.
"Minha vacina está atrasada e eu sei que a culpa não é de ninguém, porque eu que não fui dentro do prazo. Estava muito atarefado, mas cheguei a ir algumas vezes nos postos onde moro em Caxias e estava muito cheio e às vezes acabava a vacina. É muito importante se vacinar, isso salva vidas".
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Na última sexta-feira, a Prefeitura do Rio apresentou o calendário de vacinação contra a covid-19 sem a previsão de repescagem por idade. A mudança acontece após uma preocupação do município de reduzir o comportamento de pessoas que tentam optar por não se vacinar na data correta, como estratégia para escolher o imunizante.
Para Valentim, a atitude de alguns prejudicou a população em geral. "Essas pessoas acabaram tirando a oportunidade de outras se protegerem".
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No início do mês, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, criticou os cariocas que têm tentado escolher qual vacina tomar nos postos de saúde. Em seu perfil no Twitter, Paes respondeu uma seguidora que sugeriu punir com o "final da fila" os que ficam "escolhendo vacina". "Estamos avaliando", disse o prefeito na ocasião.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, também se pronunciou sobre o caso. "Nesta pandemia uma das piores coisas que se pode fazer é estar elegível e não ir se vacinar". O prefeito complementou: "E querer dar uma de sommelier (especialista em vinhos) de vacina e não ir tomar sua dose no dia certo, deixando para o dia da repescagem achando que vai poder escolher vacina. Unidades de saúde acabam ficando cheias. Vá no seu dia!". 
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Por outro lado, havia pessoas também que seguiram as orientações e foram se vacinar no dia certo e sem escolher imunizante. Foi o caso da Camila Soares, de 38 anos, que recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19. "Foi a melhor sensação do mundo. Sensação de alívio e gratidão. Essa dose representa uma vitória", comemorou.

A funcionária terceirizada do Detran-RJ repudiou a atitude de alguns sobre escolher vacinas. "Acho desnecessário. Devemos dar graças a Deus por ter uma vacina para nos imunizar de um vírus terrível, que já matou milhões de pessoas. Devemos escolher por viver".
Com medo de possíveis efeitos colaterais, ainspetora escolar Renata Reis, de 38 anos, esteve no Centro Municipal de Saúde Ernesto Zeferino Tibau Jr., em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, para tomar a Pfizer, que segundo ela, o marido não teve nenhuma reação. No entanto, o posto não tinha o imunizante. Apesar da preferência, ela acabou se imunizando com a AstraZeneca no Museu Militar Conde de Linhares.
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"Não posso ficar escolhendo. Na escola onde eu trabalho todos tiveram reação com a AstraZeneca e fiquei com medo. Mas essa vacina representa uma vitória, pois aqui em casa eu, meu marido e meus filhos testaram positivo para a doença e meu marido quase morreu. Só agradecer a Deus por essa oportunidade e por mais um dia de vida".