Dique flutuante em construção da Renave/Enave afunda e mata dois funcionáriosGoogle Maps

Rio - Funcionários que trabalham no estaleiro da Enavi/Renave, onde ocorreu o acidente que matou dois trabalhadores nesta segunda-feira, já reclamavam da falta de manutenção nas instalações há duas semanas. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, Edson Rocha, trabalhadores se questionavam como que um dos diques flutuantes, o que suportava grandes embarcações, estava em funcionamento, já que havia uma suposta falta de manutenção.
"Como o dique fica ao lado da água salgada, realmente a aparência dele não é muito agradável. Mas desde a reclamação começamos a questionar a empresa. No entanto, a Enavi/Renave repassava ao sindicato que estava tudo sob controle", lembra ele. Edson Rocha conta também que dias depois da reclamação dos funcionários, uma estrutura menor, o dique flutuante que afundou nesta segunda-feira, começou a ser construído, mas o sindicato também não teve acesso às informações se essa construção estava sendo fiscalizados por alguma sociedade classificadora.
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Desde a notícia do acidente, por volta das 11h38, o presidente do sindicado tenta contato com a empresa e também acesso ao estaleiro, mas afirma que está sendo impedido de entrar no local. Somente com informações trazidas dos funcionários que estavam no interior do estaleiro, o presidente tenta entender o que aconteceu na plataforma. "Por que teriam duas pessoas em cima da embarcação se não estava testada ainda?", questiona.
Horas antes do acidente que matou os funcionários Nilo de Paula, de 78 anos, e José Henrique da Silva, de 45 anos, o presidente do sindicato foi até o estaleiro para tratar de um outro assunto com os funcionários. "Hoje, por acaso, estive na entrada do estaleiro para falar sobre aumento salarial. Também perguntei o que estavam fazendo e eles me responderam que estavam construindo uma estrutura para ajudar no dique flutuante maior".
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Nilo de Paula, de 78 anos, foi um dos mortos no acidente com dique flutuante em Niterói  - Divulgação
Nilo de Paula, de 78 anos, foi um dos mortos no acidente com dique flutuante em Niterói Divulgação
Colegas de trabalho de Nilo de Paula lamentaram a sua morte. Conhecido como 'Nilo Português', ele era bastante querido no estaleiro. "Infelizmente perdemos esse grande amigo e professor. Trabalhamos juntos por quase 7 anos. No início da minha carreira no estaleiro Renave tive o prazer de conhecer essa grande figura, Nilo Português. Hoje infelizmente você partiu meu amigo, fazendo o que você mais gostava de fazer. Praticando sua função com excelência e por um descuido de alguém, tirou sua vida. Descanse em paz eterno português", escreveu um amigo de Nilo.
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Até o momento não há informações sobre o que pode ter ocasionado este acidente. De acordo com a Enavi/Renave, a diretoria da companhia está reunida para debater o ocorrido. De acordo com a 78ª DP (Fonseca), um inquérito foi instaurado para apurar o caso. Os corpos foram encaminhados para serem periciados no Instituto Médico Legal (IML) da região. A investigação está em andamento.
A Marinha do Brasil, por intermédio do Comando do 1º Distrito Naval (Com1oDN), informou que a Capitania dos Portos do Rio tomou conhecimento no início da tarde desta segunda-feira de que uma estrutura teria afundado no Estaleiro Renave. "Será instaurado um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN). Após concluído e cumpridas as formalidades legais, o IAFN será encaminhado ao Tribunal Marítimo (TM) para devida distribuição e autuação, dando vista à Procuradoria Especial da Marinha para que adote as medidas previstas no Art. 42 da Lei no 2.180/54, que dispõe sobre o Tribunal Marítimo. Caso seja requisitado, o inquérito administrativo poderá ser disponibilizado à Autoridade Policial", disse em nota.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes