Rio - Dois amigos foram baleados por policiais civis em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, durante uma abordagem enquanto estavam em uma motocicleta indo trabalhar na manhã desta sexta-feira (30). Segundo familiares, o condutor se assustou e não parou diante da ordem dos agentes. Os dois foram socorridos ao Hospital Estadual Alberto Torres, no Columbandê, mas já receberam alta. Márcio de Oliveira Pinto, de 37 anos, e Vinícius de Almeida Gomes, 34, foram baleados no joelho.
Márcio conta que pegou uma carona com o amigo de infância Vinícius, que trabalha como motoboy em uma farmácia no Arsenal, até o ponto de ônibus para seguir para o trabalho, em uma loja de ótica em Alcântara. Por volta das 8h40, os dois ficaram entre duas viaturas da Polícia Civil e foram abordados. O condutor, Vinícius, no entanto, não parou o veículo durante a abordagem e um policial efetuou os disparos. Márcio caiu da moto e Vinícius bateu em um carro à frente.
"O cara saiu mandando eu parar. Foi nesse momento que eu tomei um susto e acelerei. Bati com a moto e saí correndo. Tomei um susto, não sabia o que estava acontecendo. Dava para eles entrarem na minha frente e mandar parar, não precisava ter atirado", lembra Vinícius.
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Motoboy em uma farmácia durante a manhã, Vinícius completa a renda durante a tarde como mototaxista. Ele estava de férias, mas continuava trabalhando. Pai de quatro filhos, ele tenta juntar dinheiro para comprar uma casa própria para sua família. Com o ferimento, o que mais lhe preocupa é ficar sem o ganha-pão.
"Estou com a bala alojada no joelho ainda. Tenho que ficar deitado sem me mexer. O negócio é meu trabalho. Tenho que pagar aluguel. Meus familiares ficaram abalados. Isso nunca aconteceu comigo. Trabalho na farmácia de carteira assinada", diz o motoboy.
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Os amigos não entendem porque houve disparo na abordagem e comentam que o policial aparentava estar nervoso.
"Estava frio e estávamos de casaco, gorro, luva, não sei se estranharam isso. té agora eu não entendi o que aconteceu. Graças a Deus eu não sofri nenhum tipo de fratura aparente. A questão é a dor que sinto. Eu nunca passei nada por isso. A família que sente mais. É uma experiência que eu não desejo para ninguém", desabafa Márcio.
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O irmão de Márcio conta que foi à delegacia saber o que havia acontecido. "O policial contou que atirou porque tinha visto um volume. Mas não viu arma, não viu nada. Não deveria abrir fogo. Vai que o tiro pega na cabeça. Não se faz abordagem desse jeito", critica. A família pretende processar o Estado pelo ferimento.
Márcio foi socorrido pelos agentes ao Hospital Alberto Torres, e Vinícius, foi levado ao hospital pela mãe. Os jovens denunciam que os policiais civis não avisaram aos policiais militares de permanência no hospital sobre o ocorrido. "Quando chegaram no hospital, tinham que ter avisado ao PM sobre o disparo de arma de fogo. Não avisaram. Largaram meu irmão na porta do hospital, manobraram e foram embora", conta o irmão de Márcio.
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Em nota enviada no início da noite desta sexta-feira, a Polícia Civil diz que os disparos que atingiram Márcio e Vinícius partiram de criminosos da região. A versão não encontra respaldo nos relatos dos feridos.
"Policiais civis realizavam ronda para coibir roubos de carga no bairro Arsenal, em São Gonçalo, nesta sexta-feira (31/07), quando avistaram uma moto com duas pessoas. Os agentes pediram que os ocupantes parassem, mas o homem que conduzia a motocicleta fez uma manobra em fuga e se dirigiu em sentido contrário. Iniciou uma perseguição e a motocicleta bateu em um carro. Os agentes se aproximaram para atender as vítimas e foram atacados por tiros vindos de suspeitos que estavam em uma barricada perto da comunidade. Os ocupantes da moto foram atingidos e socorridos ao Hospital Estadual Alberto Torres", diz a nota da Polícia Civil.
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