Força-tarefa atuou em oito comunidades do município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e reduziu mortes violentasDIVULGAÇÃO
Aumento de homicídios leva polícia de Campos a realizar operações para combater a violência
Segundo o delegado da 146ª DP, em Guarus, após ações realizadas durante dois meses já houve redução de 86% dos casos
A 146ª DP, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense do Rio, entrou uma espécie de força tarefa para combater a violência na região que resultou em 22 prisões. O grande desafio da Polícia Civil foi, principalmente, em Guarus, que no primeiro semestre registrou diversos conflitos entre facções. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a junho de 2021 foram registrados 57 homicídios, um aumento de 72% em relação ao mesmo período em 2020, somente na área da 146ª DP. Com as operações realizadas pelos agentes, somente no mês de julho houve uma redução de 86% no número de homicídios na localidade, o menor número dos últimos seis anos.
"O narcotráfico está historicamente disseminado na região, que se configura numa espécie de colcha de retalhos, já que a atividade ilícita funciona sob a batuta de dezenas de pequenas facções armadas que, embora vinculadas de alguma forma a duas grandes organizações criminosas do Rio (Terceiro Comando Puro- TCP e Amigos dos Amigos - ADA) se digladiam entre si pelo domínio dos pontos de venda drogas. Nesse contexto se estabelecem os conflitos armados que acabam por resultar em novas escaladas de homicídios", afirmou Pedro Emilio Braga, delegado que comandou as investigações.
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Os conflitos acontecem, principalmente, no bairro Parque Prazeres, que conviveu com uma divisão interna da facção ali estabelecida, área da comunidade da Chatuba, no distrito de Travessão, as comunidades do Sapo e Novo Eldorado, área popularmente conhecida como Faixa de Gaza.
Foram dois meses de operações semanais em oito comunidades diferentes: Sapo, Chatuba, Santa Helena, Aeroporto, Prazeres, Tira Gosto, 14 e Aldeia. Além das 22 prisões, dezenas de inquéritos foram concluídos e 149 pessoas foram indiciadas por homicídio. Definido o planejamento estratégico operacional e de inteligência, iniciou-se um intenso trabalho investigativo, durante dois meses, que resultou em dezenas de inquéritos concluídos, prisões e indiciamentos.
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"Num primeiro momento realizamos ações de inteligência. Num segundo momento, já levando em consideração o contexto visualizado, identificamos inquéritos policiais e organizamos as diligências investigativas em si. Com as ordens judiciais de prisão realizamos as operações de captura para a retirada dos protagonistas desses conflitos das ruas e assim conseguimos reduzir os índices de homicídios. Desta vez tivemos por complicador justamente o fato de que foi preciso desenvolver cronogramas dessa natureza, paralelamente, em quatro regiões diferentes", explicou o titular.
Para o delegado, as operações foram fundamentais para a redução de homicídios na região. De acordo com o titular, no mês de julho houve uma redução de 86% no número de homicídios em Guarus, em relação ao primeiro semestre. Braga ressalta ainda que as ações devem continuar.
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"Este resultado é fruto de um planejamento exitoso dos trabalhos investigativos e do trabalho em conjunto com a Polícia Militar, que está sempre apoiando nossas operações, o Ministério Público e a Justiça. Em dois meses catapultamos Campos para o menor número de homicídios dos últimos 19 anos".
O delegado enfatizou que o trabalho vai continuar. "O Estado não pode se omitir em cumprir a lei e restabelecer a ordem nessas áreas conflituosas. Sob pena de permitir o desenvolvimento dessas organizações criminosas em poderio bélico e financeiro, entregando a segurança e liberdade de milhares de pessoas residentes nessas comunidades à sujeição desses grupos criminosos".
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Operação contra o tráfico no presídio
Na quinta-feira (12), uma mulher foi presa temporariamente, pela participação em um esquema que levava drogas para dentro do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca. Lorena Rangel Mamedes estava foragida desde junho e foi encontrada em Guarapari, no Espírito Santo. Há menos de um mês, dois agentes penitenciários e outras cinco pessoas foram presas na Operação Simetria realizada pelas polícias Civil e Militar e pela Secretaria de Administração Penitenciária para combater o tráfico de drogas dentro das unidades prisionais de Campos. Ao todo, oito pessoas agiram para a facilitação da entrada de 20kg de cocaína no presídio, em junho deste ano. Segundo o delegado Pedro Emilio Braga há indícios de outras ações do grupo criminoso.
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"Infelizmente foi apurado que os fluxos de entrada aconteciam com alguma frequência, a partir da colaboração de alguns poucos policiais penais que com sua conduta comprometiam toda a segurança das unidades. Nestas ações era garantido o acesso das cargas de entorpecente e, com isso, o funcionamento de um narcotráfico paralelo dentro das unidades. É importante ressaltar toda a contribuição da corregedoria da SEAP, Os dois agentes penitenciários envolvidos agora já estão afastados e atrás das grades".
Os agentes penitenciários teriam recebido R$4 mil para facilitar a passagem do entorpecente, que seria comercializado entre os detentos dentro da unidade prisional de Campos. Uma mulher que participou da ação ainda está sendo procurada. Ela era responsável por levar as cargas de entorpecentes até a unidade prisional. Todos os envolvidos responderão pelos crimes de tráfico e associação ao tráfico de drogas em presídio.
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Agentes envolvidos no esquema
Apenas neste ano de 2021, cinco agentes foram presos pela 146ª DP por envolvimento com o tráfico em presídios. "O cerco está fechado. O combate ao narcotráfico ocorrerá em todas as frentes que identificarmos. Quando atingimos a estrutura que garante a entrada de entorpecentes nas unidades prisionais, impactamos o poder financeiro dessas organizações criminosas, que dentro dessas unidades comercializam as drogas por valores às vezes cinco vezes maior do que aquele encontrado nas ruas", garante o delegado Pedro Emilio Braga.
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Para contornar a polícia, os traficantes, inclusive, tem usados meios um tanto inusitados como o transporte aéreo dos entorpecentes utilizando pombos, que levam as drogas amarradas no pescoço. Um destes casos acabou sendo flagrado e registrado em julho, quando a polícia encontroo o animal morto carregando 200g de pasta base de cocaína para dentro do presídio.
"Essas mesmas estruturas garantem também a entrada de telefones celulares que são utilizados para transmitir ordens dos líderes encarcerados para o cometimento de homicídios e outros crimes nas ruas, fluxo de comunicação que acaba prejudicado quando rompidas estas células criminosas", afirma Braga.
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