Rafael foi preso nesta quinta-feiraDivulgação

Rio - Áudios da ex-gerente de banco Ana Gabriela Saloto, indiciada pela Delegacia de Roubos e Furtos, mostram uma ligação realizada para a central de atendimento da instituição financeira em que ela pede para realizar a retirada ilegal de R$8,5 milhões da conta de um cliente que havia falecido há um dia. A negociação fraudulenta contou com o apoio do também ex-gerente do banco Rafael Ferreira, preso nesta quinta-feira. Ele também é investigado por ameaçar a viúva do cliente falecido.
No áudio, divulgado pela GloboNews, Ana Saloto fala para a atendente que o cliente irá viajar e por isso quer fazer uma movimentação na conta.

"Ana Saloto: eu estou com um cliente aqui porque ele tá tentando fazer uma movimentação na aplicação dele, tá? Ele está indo para Portugal. Eu pedi que ele fosse pela central de atendimento.

Atendente: o que é? Previdência?

Ana Saloto: isso mesmo. Ele quer fazer um resgate.

Ana Saloto passa o telefone para outra pessoa, que finge ser o cliente, que confirma resgate em conta e reclama do valor do imposto.
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Golpista: pode fazer, pode fazer. Eu estou muito chateado, eu não queria, para mim estava aplicado tudo em poupança isso, já tem um tempo. A gente acaba deixando as coisas. Meu deus, é muito alto esse imposto.
Atendente: aí a gerente vai explicar melhor para o senhor, está bom? “, finaliza.
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De acordo com a política de segurança do banco, a atendente precisaria que o cliente autorizasse a movimentação por telefone, por isso, a ex-gerente precisou de outra pessoa para completar o golpe, a gerente então deu ao canal de atendimento um número de celular de Rafael de Souza Ferreira, o gerente responsável pela conta corrente do idoso.
O banco movimentou novamente a conta do idoso falecido seis dias depois da sua morte. Na ocasião, dois cheques nominais foram emitidos nos nomes dos cônjuges dos dois gerentes: Michel Carneiro Saloto, o marido da gerente-geral Ana Saloto; e Wanessa Christiny Coutinho Ferreira, mulher do gerente Rafael Ferreira. Ambos os cheques no valor de R$ 4,273 milhões cada um.  
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Organização criminosa
Segundo a investigação da 5ªDP (Mem de Sá) Rafael atuou com outros dois gerentes do banco  que criaram "uma organização especializada em fraudes de transações bancárias para recebimento de vantagens indevidas".
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As investigações apontam que, após os valores desviados, os integrantes da organização criminosa faziam a compra de imóveis e veículos. Rafael chegou a comprar uma casa de luxo na Zona Norte do Rio.

Ao tomar conhecimento que a fraude havia sido identificada, Rafael procurou a viúva do cliente, uma mulher idosa e tentou induzi-la a assinar um documento declarando que seu falecido companheiro tinha o desejo de doar a quantia aos gerentes da instituição bancária. Ao negar o pedido do ex-gerente, a vítima e seu advogado foram ameaçados e um novo inquérito policial pelo crime de coação foi adicionado no curso do processo de fraude.
Os outros criminosos foram denunciados por furto duplamente qualificado, associação criminosa e lavagem de capitais, inclusive com pedido de sequestro de bens.
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