Gabriel David, diretor de marketing da LiesaReynaldo Néo

Rio - Responsável pelas mudanças mais importantes nos 37 anos da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), o empresário Gabriel David, carrega no DNA o azul e branco da Beija-Flor de Nilópolis, e, agora, tem a missão de modernizar o carnaval das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, sem deixar a tradição cultural conquistada por diversos sambistas e comunidades.
ODIA: Qual é o seu balanço nos quase cinco meses na Liesa?
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Gabriel David: "Divido em três partes o meu balanço: comercial com avanços gigantescos, a Liga tem um potencial de entrega para o carnaval de 2022 infinitamente maior do que teve em sua história. Tenho certeza que o povo vai ver isso na Avenida. As marcas que estão entrando agora vão fazer parte da reconstrução e restruturação do carnaval. Na área de comunicação, a Liga não tem verba para nada e confesso que nada me agrada do que foi feito até agora. É aquém da minha expectativa e do que tinha que ser feito, mas é 100% questão de verba, a comunicação precisa de verba, nunca existiu na Liga, mas vai existir. Tenho certeza que depois de 16 meses, a Liga terá entrada de dinheiro ainda em agosto. Vamos conseguir começar essas mudanças na comunicação, ainda não são ideias, mas necessárias, colocamos escala de prioridades. Basicamente, é a entrada mais eficaz no âmbito digital. Por fim, a área de vendas que é a mais delicada. Querendo ou não, sendo bem feita ou não, já fui um grande crítico, mas elas dão resultado, tem receita certa anualmente. No momento de mais dificuldade da casa, entendo a decisão 100% do presidente de não mexer, e, concordo plenamente de não mexer no primeiro ano diante das dificuldades. Não estamos dispostos no momento a entrarmos numa escala de risco".
Como está o dia a dia de trabalho na Liesa?
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"O presidente fala que não chega do 0 ao 100, sem passar pelo 50. Essa passagem no primeiro ano já vem com mudanças e melhorias para quem gosta e vive de carnaval. A gente encontrou um cenário muito pior do que imaginei. Confesso que se pudesse escolher, gostaria que fosse em um momento mais oportuno do que esse. Encontrei barreiras internas de mudanças nesses quase cinco meses de gestão. Gostaria de ter feito mais mudanças, mas não consegui. Sei que faz parte. Tenho muito prazer de fazer parte da Liga e das mudanças que a Liga se propôs em fazer na gestão do Jorge Perlingeiro. A gente conseguiu mudanças muito contundentes do ponto de vista comercial, o retorno de mercado tem sido muito positivo. Nós todos estamos aprendendo ainda aqui dentro. O processo de transição não foi fácil, muitas informações estão sendo alcançadas ao longo do caminho. Propôs muitas coisas na Liga e foram acatadas. Por isso, eu não posso reclamar".
Como está a relação com a TV Globo?
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"Conseguimos mudanças significativas e outras necessárias com a TV Globo devido ao momento do país. É uma grande parceria. Quero ressaltar o diálogo e a comunicação com eles. A relação melhorou muito na nossa gestão. Foi mais dinâmica e participativa, pró-ativa e identificamos potenciais de melhorias e a criação de novos produtos, como as escolhas dos sambas transmitidas na televisão".
Como vão ser essas vendas de ingressos para os desfiles de 2022?
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"Terá parcelamento, áreas novas dentro da Sapucaí que podem ser exploradas e melhores trabalhadas para o público, com as ativações queremos oferecer novas experiências. Vão ter uma série de melhorias, mas o sistema em si e o formato de vendas é praticamente o mesmo. A mudança é que o entendimento que o desfile é linear, não importa onde você esteja no Sambódromo que você está comprando a mesma coisa. Não faz sentido ter variação dos preços nos setores. Terá um reequilíbrio dos preços, alguns setores vão ficar mais caros e outros mais baratos. É uma mudança mais estrutural. Abrimos as vendas dos camarotes primeiro, porque é uma receita instantânea que a Liga precisa ter neste momento. Em seguida, vamos anunciar as vendas das frisas e arquibancadas. Não faremos muito antes, porque entendo que não faz menor sentido anunciar essas vendas de frisas e arquibancadas sem que exista um planejamento de comunicação eficaz para ter um boom de vendas, não somente perto do carnaval. São várias formas de pagamento, nossa ideia é expandir cada vez mais para várias formas de pagamento, não tenho certeza que vamos ter o Pix pelo sistema para 2022, mas acho muito provável que a gente consiga. Não posso afirmar que vamos ter, mas digo que tem 90%".
No estudo para ativações de marcas no Sambódromo o que vocês pensaram?
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"Quando você entra numa esfera de criação tem que sair ideias para coisas que nunca foram faladas. Pensamos, por exemplo, em banheiros unissex na Sapucaí para alguma marca de camisinha. Alguma empresa pode colocar sua marca em copos, como aconteceu nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo. Temos essas intenções. Acho que criamos mais de 100 projetos neste período. Pensamos em mudar o carro de som e transformar em uma ativação. Uma simples é distribuição de souvenir na Avenida e outra é utilizar as bandeirinhas das escolas nas arquibancadas. Conversei com o prefeito e ele foi muito claro que os espaços públicos estão abertos para divulgação dos desfiles das escolas de samba e nunca foram utilizados. Estamos criando uma marca para o carnaval do Rio de Janeiro e, no mundo ideal, penso até em uma fã fest fora da Sapucaí. O Brasil inteiro vai saber que terá desfile de escola. Tenho certeza que isso ficará cada vez mais em evidência e a TV Globo tem sido parceira nisso".
Como trabalhar o moderno e o tradicional no carnaval?
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"O carnaval tem esferas tradicionais que precisam ser respeitadas. Tive o privilégio de estar no carnaval desde que nasci. Sei que existem características que precisam ser mantidas. Lógico que para renovar você vai ouvir críticas, longe de virar Rock in Rio, porque o carnaval é único, inclusivo, mas precisa dialogar melhor com a nova geração. Algumas mudanças já estão acontecendo, só olhar os enredos que já são mais próximas de uma geração atual".
Como aproximar o público mais jovem dos desfiles?
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"A comunicação será muito eficiente e eficaz nos sambas-enredo. O grande pulo do gato é dar mais acesso das pessoas para os sambas. Isso vai facilitar o entendimento dos desfiles. É necessário em criar diversas experiências de aproximação com o público durante o período de pré-carnaval. Estaremos nas plataformas digitais, teremos uma forma mais criativa para divulgarmos os sambas".
Como será os programas na TV Globo para escolha dos sambas do Carnaval 2022?
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"O programa será na TV aberta, por cinco sábados, com três escolas por dia, nas noites de sábado, antes do "Altas horas". Deve ir ao ar em outubro, a data não está definida, é uma escolha da TV Globo. É uma divulgação em escala nacional. Já fizemos todo o manual e será apresentado na próxima semana para todas escolas. Vão ser gravados em estúdio em setembro e temos estratégia para divulgação dos resultados. É a gamificação das escolhas dos sambas na televisão. Algo super atual. O público terá participação direta, interação e as pessoas vão começar a entender como se faz um samba-enredo". <ct:Regular