Carioca que se vacinou com AstraZeneca pode escolher tomar Pfizer na segunda doseMarcos Porto / Agência O Dia
Carioca que se vacinou com AstraZeneca pode escolher tomar Pfizer na segunda dose
Secretário Municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, disse que escolha será possível nos postos mediante disponibilidade do imunizante
Rio - O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou na manhã desta quarta-feira que o carioca que se vacinou com AstraZeneca poderá escolher tomar Pfizer na segunda dose, mediante disponibilidade. No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), informou a O DIA, na segunda-feira, que a intercambialidade do imunizante só deveria ser realizada pelos municípios caso ocorresse a falta da vacina AstraZeneca.
fotogaleria
"A gente tem muita segurança que a vacinação heteróloga (elementos diferentes) com duas fabricantes diferentes seja positiva. Então, na cidade do Rio de Janeiro, as pessoas que tomaram a primeira dose de AstraZeneca que desejarem tomar a segunda dose com a Pfizer, podem procurar uma unidade de saúde e solicitar a segunda dose com a Pfizez. Isso pode ser feito, essa intercambialidade sem problema nenhum", disse Soranz.
Publicidade
"No momento, a gente tem estoque de AstraZeneca também para fazer a segunda dose, mas caso seja muito importante para aquela pessoa fazer uma outra vacinação de outro fabricante, no caso de AstraZenca de Pfizer, tá liberado em todas as unidades de saúde conforme o decreto do estado e conforme também a regulamentação do próprio município. A gente espera que seja um número bem pequeno de pessoas, mas se for necessário está totalmente liberado. O importante é que a pessoa tome a segunda dose", acrescentou.
A SMS afirmou que a autorização da intercambialidade de vacinas no Rio é apenas para casos de gestantes e pacientes que tiveram reações adversas da AstraZeneca, além da falta do imunizante para a aplicação da segunda dose. "O objetivo da SMS-Rio é não burocratizar o processo de vacinação e estimular que os usuários completem o esquema vacinal", explicou.
Publicidade
Procurada pela reportagem de O DIA, a SES reforçou que a intercambialidade das vacinas só está autorizada em caso da falta de doses.
"A Secretaria de Estado de Saúde (SES) publicou nota técnica autorizando a intercambialidade de vacinas caso o estado do Rio de Janeiro não receba doses do imunizante Oxford/AstraZeneca em quantidade suficiente para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose. Nesse caso, essas pessoas poderão receber a segunda dose com o imunizante da Pfizer. A medida foi tomada em conjunto com a equipe de especialistas do Conselho de Análise Epidemiológica que assessora a vigilância estadual e pactuada no Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)", informou a pasta, em nota.
Publicidade
O governo federal emitiu uma nota técnica recomendando a estratégia "em situações de exceção" no final de julho. O Ministério da Saúde fez essa recomendação para todos os estados do país, acompanhando a orientação da OMS sobre o assunto. Há estudos sendo realizados na Europa para verificar se a estratégia de intercambialidade mantém a efetividade da vacinação.
A presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia-Rio, Tania Vergara, afirmou que ainda não há estudos robustos que mostrem a eficácia sobre intercambialidade de vacinas. Porém, há países que colocaram em prática a medida por motivos diversos.
Publicidade
"O exemplo foram os países que optaram em fazer Pfizer em mulheres abaixo de 50 anos e que haviam tomado a primeira dose de AstraZeneca. Aqui mesmo já temos feito essa intercambialidade em gestantes. O melhor, à luz do conhecimento dos estudos seria fazer as duas doses com a mesma vacina, exceto se houvesse alguma contraindicação. Entretanto, se houver falta de algum dos imunizantes, é melhor fazer vacina diferente do que não vacinar".
Para o pediatra, neonatologista e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), essa intercambialidade de imunizante deve ser utilizada em casos específicos.
Publicidade
"Uma coisa é no esquema primário, então eu vou dar duas doses para o indivíduo; a primeira de um produtor e a segunda de outro diferente. Esse intercâmbio as vezes é necessário quando você tem uma reação alérgica grave à primeira dose, você não pode dar o mesmo produto para ele, ou quando não se dispõe da mesma vacina nos postos. Ele tomou uma vacina na Argentina, chega aqui e não tem a mesma vacina, ou não há previsão de chegada, está em falta, então você pode completar o esquema vacinal com outra. Ou ainda quando há outro tipo de contraindicação. Por exemplo, tomou a AstraZeneca, ficou grávida entre a primeira e segunda dose, esse imunizante é contraindicado para gestante, e ela acaba terminando o esquema com um produto diferente também. Essas situações de falta, de efeitos colaterais, de contraindicações para a segunda dose são raras e esse intercâmbio no esquema primário é adequado, não é para ser feito de rotina", alertou o médico.
"Dentre esses intercâmbios em situações especiais, onde temos mais informações com as combinações das vacinas Pfizer e AstraZeneca, os estudos são muito convincentes. Eles mostram que tomar duas Pfizer ou duas AstraZenecas, tomar a primeira Pfizer e depois AstraZeneca e vice-versa, os resultados são muito semelhantes em termos de níveis de anticorpos. Induz uma proteção, uma produção de anticorpos de imunidade celular não inferiores que a gente chama ou idênticas e não há diferenças em qualquer um desses esquemas. Então aqui nós temos mais experiência", acrescentou.
Publicidade
Soranz, que esteve presente na inauguração do mais novo ponto de vacinação contra a covid-19, no Palácio Tiradentes, antiga sede da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) no Centro do Rio, também falou sobre o decreto em que a Prefeitura do Rio tornou obrigatório a imunização para servidores públicos do município.
"A vacinação protege o servidor e as pessoas com quem ele convive. Então é muito importante que o servidor se vacine e cobre dos demais. E quem não se vacinar, vai responder um inquérito administrativo e pode até perder sua função pública".
Publicidade
A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira do Diário Oficial. A obrigatoriedade deverá ser fiscalizada pelos titulares dos órgãos e entidades da administração.
O decreto diz que "a recusa, sem justa causa", de se imunizar irá caracterizar "falta disciplinar, passível de sanções", conforme prevê a Lei municipal nº 94, de 14 de março de 1979. De acordo com a lei, são possíveis punições a funcionários públicos: advertência; repreensão; suspensão; multa; e demissão, a depender da gravidade da infração.
Publicidade
Novas remessas de vacina
Até o final da semana, a Prefeitura do Rio espera concluir a vacinação dos adultos. Nesta quarta, o calendário de vacinação contempla os jovens de 20 anos, preferencialmente mulheres pela manhã e homens no período da tarde. Também há repescagem para maiores de 30 anos, portadores de deficiência, grávidas, puérperas e lactantes com 18 anos ou mais.
Publicidade
"Nosso calendário está mantido. O Ministério da Saúde já se comprometeu e a expectativa é receber 280 mil doses ainda nesta semana", afirmou o secretário.
UTIs lotadas
Publicidade
Nesta terça-feira, o município do Rio atingiu a marca de 95% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o painel de covid-19 do Estado do Rio, dos 664 leitos disponíveis em unidades públicas, 633 estão sendo usados. Já a ocupação dos leitos de enfermaria está em 89% – 374 leitos ocupados de 418. A SMS esclareceu que um levantamento feito no Hospital Ronaldo Gazolla, referência no combate ao novo coronavírus, indicouque a grande maioria dos pacientes internados não chegou a tomar a vacina ou completar o esquema vacinal.
"A gente tinha uma tendência de queda no número de internações na cidade do Rio de Janeiro. Com a variante Delta, junto com o inverno, isso vem aumentando o número de casos graves e de internações cresceu em 10%. Então, se for necessário, a gente vai precisar converter outros leitos sim para o tratamento da covid, coisa que a gente não via anteriormente", disse Daniel Soranz.
Publicidade
Segundo os dados do painel, cinco municípios atingiram 100% de ocupação em seus leitos de UTIs. As cidades são: Bom jesus do Itabapoana, Itaguaí, Itaperuna, Miracema e Nova Friburgo. Outras três cidades estão com seu leitos de UTIs com mais de 90% de ocupação, são elas: Duque de Caxias (91%), Guapimirim (90%) e Teresópolis (94%).
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.