Desenho de menino de 7 anos retrata momento em que ele e a mãe são assaltados a caminho da escolaArquivo pessoal

Rio - O hábito de uma criança de 7 anos em desenhar somente momentos felizes da sua vida tomou uma nova configuração após um episódio de violência. Um menino e sua mãe tiveram a arma apontada para eles durante um assalto no bairro Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, quando seguiam para a escola do menino, na última sexta-feira (13). A mãe dele, Tatiana Carvalho, de 40 anos, mostrou os desenhos que o filho fez horas depois do ocorrido. O garoto inicialmente retratou o assalto com o criminoso apontando a arma e rendendo ambos. Ele também escreveu "Mata ela!", palavras ditas por um dos bandidos após a abordagem.
Segundo Tatiana, o criminoso a teria ameaçado dessa forma pela demora na entregar de sua bolsa. Ela explica que, como um dos ladrões estava usando capacete, não conseguiu ouví-los. Em um outro desenho, o menino retratou o que seria o céu para ele, com Deus, Maria, José, alguns anjos, São Pedro e alguns animais que já fizeram parte da família. Ao explicar para a mãe o desenho, a criança disse que ela "teria ido para lá" se tivesse morrido.
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No segundo desenho, a criança desenhou como seria o céu  - Arquivo Pessoal
No segundo desenho, a criança desenhou como seria o céu Arquivo Pessoal
Também traumatizada com o episódio, Tatiana conta que ofereceu papel e caneta ao filho, horas depois do roubo, para que ele se acalmasse, já que era um hábito que o distraía e o fazia pensar em coisas boas. "Ele costuma desenhar momentos felizes da vida dele como por exemplo o último dia de férias, geralmente são desenhos alegres", ressaltou.
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Três semanas atrás, mãe e filho haviam presenciado um assalto próximo de casa. Na ocasião, eles correram e conseguiram se abrigar em uma lanchonete. "Nesse dia eu falei para ele que se passássemos por uma situação daquela, era para ele ficar quietinho", relembra Tatiana. A mãe conta ainda que quando foram abordados pela dupla de criminosos em uma moto, ela gritou para que ele corresse. No entanto, seu filho agarrou suas pernas e não a soltou. "Ele disse pra mim depois que não poderia correr e me deixar lá sozinha e começou a chorar", relembra.
Dias depois, o sentimento da mãe é de impotência. "A gente se sente impotente como mãe por não conseguir defender o filho, você vê que não tem essa capacidade. Uma pessoa pode definir sua vida toda". Passado o susto inicial, mãe e filho não se feriram gravemente. Tatiana, ao correr após entregar a bolsa, acabou atravessando na frente de um carro, foi atingida e teve ferimentos leves. Ela buscou atendimento em uma UPA próxima do local do crime e já está fisicamente melhor. No entanto, o menino ainda vive o trauma de ter passado pela situação. 
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A vítima registrou um boletim de ocorrência online na 24ª DP (Piedade) e ainda vai até a delegacia para tentar fazer o reconhecimento dos assaltantes. De acordo com informações da Polícia Civil, a dupla costuma agir na região sempre com a mesma abordagem, sendo criminosos conhecidos e procurados.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes