Especialistas em saúde não concordam com plano de flexibilização das restrições na cidade do RioFabio Costa/Agencia O Dia

Rio - Apesar do avanço na vacinação e da diminuição do número de óbitos pela covid-19 na cidade do Rio, especialistas de saúde acreditam que ainda não é o momento para flexibilizar as medidas restritivas capital, diante da alta transmissibilidade da variante Delta. Para o setor de eventos e turismo, o plano de reabertura do prefeito Eduardo Paes a partir de setembro trará impactos positivos à economia da capital fluminense.
A pesquisadora em saúde e membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chrystina Barros, explicou que ainda é precoce pensar na flexibilização das medidas de restrição.
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"Sinalizar qualquer tipo de relaxamento nas medidas não farmacológicas de controle da covid-19, neste momento, é no mínimo temeroso, porque nós estamos vivendo no Rio de Janeiro, capital, o pior momento em termos do número de casos novos da notificação de pessoas que contraem covid".
De acordo com informações do Painel Rio Covid-19, nesta terça-feira (24), 847 pessoas na cidade estão internadas com covid-19 e 29 estão na fila aguardando por leito de enfermaria e UTI. A taxa de ocupação de leitos no município está em 69%. Nas últimas 24 horas, o município do Rio registrou 240 casos confirmados e 4 óbitos pela doença.
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"O número de óbitos caiu bem, como a ocupação de leitos de CTI, o que demonstra que a vacina tem seu efeito, tanto diminuindo as formas graves, como também que essa variante tem se demonstrado menos agressiva, entretanto, muito mais transmissível. Nós precisamos lembrar que enquanto o vírus se multiplica dessa forma, existe o risco real de uma nova mutação surgir e ser não apenas mais transmissível como talvez mais grave e contribuir mais ainda para a perda da efetividade da vacina, que isso já acontece com a variante delta", explicou Chrystina.
Segundo o plano de reabertura anunciado em julho, a primeira etapa prevê as seguintes flexibilizações: eventos em ambientes abertos, com máscara; público de 50% nos estádios (o que já está descartado pela prefeitura); público vacinado de 50% em danceterias, boates e casas de show.
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"É muito prematuro, é muito precoce, nós estamos querendo respostas de quando deixaremos de usar máscara, mas essa resposta só virá quando os números de transmissão indicarem uma queda significativa, importante e consistente, o que até agora nós não temos no nosso quadro, nem no mundo, nem no Brasil, nem no Rio de Janeiro", afirma a especialista.
Na cidade do Rio, segundo o Painel Covid-19, mais de 7,2 milhões de doses da vacina contra a covid-19 já foram aplicadas, sendo que mais de 4,8 milhões pessoas estão vacinadas com a primeira dose, mais de 2,2 milhões estão imunizadas com as duas doses e 137,9 mil receberam dose única.
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Retomada da economia no Rio
Em relação à economia, especialistas vêem com bons olhos o plano de reabertura do prefeito Eduardo Paes e esperam ansiosos pelos resultados positivos. O especialista em eventos do Grupo HEL, Marco Pessoa, explica que a flexibilização será benéfica para a área de eventos e turismo da cidade.
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"O plano de retomada dos eventos presenciais trará um impacto muito positivo para o Rio de Janeiro, tão ansioso por essa retomada. Eventos como Réveillon e Carnaval, onde já há uma demanda muito grande por fornecedores de todos os segmentos, é muito esperado também o turismo de eventos com a ocupação de hotéis, a demanda por logística, por todos os tipos de serviços".
O setor de eventos foi um dos mais prejudicados com as medidas restritivas devido à pandemia da covid-19. A partir do avanço da vacinação, empresários e trabalhadores da área estão mais esperançosos com o segundo semestre.
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"O Rio de Janeiro tem um potencial gigantesco. Os equipamentos hoje se encontram, na maioria, ociosos aguardando por essa retomada. Os planejamentos de congressos, de convenções, tudo isso agora poderá ser trabalhado e executado de forma plena. O Rio de Janeiro precisa muito disso para gerar receita, para gerar novos empregos e incrementar a nossa economia tão combalida devido à pandemia", disse Marco Pessoa.
Com o aumento da circulação da variante Delta na cidade, Paes decidiu adiar o plano de reabertura, previsto para o dia 2 de setembro, mas deve iniciá-lo ainda no mesmo mês, mas sem data definida.
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"Nós do setor de eventos aguardamos isso com muita ansiedade, com muito otimismo e vamos aguardar agora que o planejamento possa ser efetivamente retomado sem que haja qualquer retroação relação com a cepas de de vírus que possa de alguma forma provocar uma descontinuidade desse plano e vamos aguardar que o Rio de Janeiro retome o seu perfil de turismo e de eventos".
Medidas de combate à covid-19 devem ser mantidas
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Apesar do avanço na vacinação do Rio, Chrystina Barros indica que sejam mantidas as medidas de restrição contra a covid-19, como o uso obrigatório da máscara de proteção individual, o distanciamento social e uso do álcool em gel.
"Outros lugares do mundo, além de aplicar a terceira dose de reforço, voltaram com as medidas de distanciamento e uso de máscaras para conter a disseminação da variante Delta. Então, não é hora de se pensar em nada que falem no sentido contrário. É prematuro, é arriscado e manda uma mensagem errada para a população".
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Ao todo, são mais de 474,7 mil casos confirmados e mais de 31,4 mil óbitos pela covid-19 na cidade do Rio desde março de 2020.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes