Constantemente técnicos da SuperVia têm feito reparos no ramal de Japeri após furtos de cabosDivulgação/SuperVia

Rio - Uma força-tarefa foi criada para coibir furtos de cabos e grampos do sistema ferroviário administrado pela SuperVia. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Transporte (Setrans), nesta quarta-feira. Segundo o órgão, o grupo de combate aos crimes, que só nesta semana causaram atrasos e paralisações no serviço por três dias consecutivos, foi definido em reunião realizada, no dia anterior, entre membros da Setrans, da Casa Civil, da SuperVia e das polícias Civil e Militar. A ações começam nesta noite com reforço de 200 PMs no patrulhamento das estações e regiões do entorno. 

De acordo com a Setrans, o reforço no patrulhamento vai contemplar ruas e locais próximos a recicladoras e ferros-velhos para combater a compra e venda de materiais furtados. O planejamento também prevê o uso de drones com equipamento infravermelho acoplado, para registrar imagens no período noturno, e a intensificação das investigações por parte da Polícia Civil, além de campanhas de conscientização e reuniões de alinhamento com as prefeituras da Baixada Fluminense, onde os registros de furtos ocorrem com maior frequência.
Nesta terça-feira, a SuperVia havia confirmado a celebração de convênio com a Polícia Militar para a contratação de policiais para reforçar a segurança do sistema ferroviário em seus dias de folga, por meio do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis). Segundo a concessionária, ainda houve a troca da empresa terceirizada que fornece os agentes de controle. Eles atuam nas estações, mas não têm poder de polícia para agir em casos de crime, e acionam os órgão competentes quando necessário.

Segundo a SuperVia, somente no primeiro semestre deste ano foram furtados mais de 14 mil metros de cabos do sistema em 364 ocorrências de furto. Além de causar interrupções no transporte, os crimes trouxeram prejuízo de mais de R$ 1 milhão à empresa. Durante todo o ano passado, foram 355 ocorrências de furto.

O ponto mais crítico, segundo a concessionária, é o ramal de Japeri. Já as estações onde os crimes mais acontecem são Japeri, Engenheiro Pedreira, Queimados e Comendador Soares, que ficam no ramal de Japeri, e Bangu, no ramal de Santa Cruz.

Procurada pela DIA sobre eventual participação na força-tarefa, a Prefeitura de Japeri informou que está à disposição para ajudar no combate aos furtos e roubos de cabos e equipamentos da SuperVia no município. E que o programa Segurança Presente (Bases Japeri e Engenheiro Pedreira) e a Guarda Municipal, dentro de suas atribuições, podem auxiliar na força-tarefa.
A Prefeitura de Duque de Caxias informou que contribui com o patrulhamento da Guarda Municipal. E que, em breve, parte das vias de acesso à rede ferroviária no município receberão câmeras de monitoramento, que serão geridas pelo Centro de Monitoramento Integrado da cidade. 

A reportagem também procurou as prefeituras de Nova Iguaçu, Queimados e Belford Roxo, mas ainda não obteve resposta. 
Segundo a Polícia Militar, a atuação na força-tarefa se dará de forma progressiva ao longo da semana e por tempo indeterminado. O reforço terá a ação de PMs do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) e das unidades operacionais das áreas. Além das estações e entorno, eles irão atuar em pontos de receptação e comércio de materiais furtados previamente mapeados pela Polícia Civil. Além dos drones, também serão usados helicópteros com dispositivos infravermelho para patrulhar os 270 km da malha ferroviária durante noite e madrugada. 
Segundo a Secretaria de Estado Polícia Civil (Sepol), há uma investigação em curso para apurar a ação de criminosos no sistema ferroviário. Na última operação, informa a Sepol, foram presos donos de ferro-velho, empresários de recicladoras e das indústrias que adquiriam material reciclado da organização, além de terem sido coletados documentos e equipamentos eletrônicos com dados para futuras operações da investigação em andamento.
Sobre a força-tarefa, a SuperVia disse que ela é fruto de constantes diálogos entre a empresa e os órgãos de segurança diante do agravamento dos crimes de furto.
"A empresa tem notificado todos os casos e contribuído com imagens e informações que possam auxiliar nas investigações sobre as quadrilhas especializadas nesses crimes. Como agravamento da situação, é importante que as ações conjuntas gerem resultados que contribuam para amenizar o impacto que furtos de cabos e equipamentos têm gerado sobre a prestação de serviço aos passageiros da concessionária", diz a SuperVia, em nota.  
Já em relação à atuação dos PMs por meio do Proeis, a empresa informou que eles atuarão nas estações para aumentar a sensação de segurança dos passageiros e dar apoio aos agentes de controle no combate aos furtos e roubos aos clientes do serviço. A ação dos PMs terá, ainda, o objetivo de coibir casos em que pessoas acessam as plataformas sem pagar passagens.