Monique Medeiros, mãe de Henry Borel e acusada pela morte do menino, esteve presente na primeira audiênciaMarcos Porto/Agencia O Dia

Rio - Os advogados de defesa de Monique Medeiros, acusada pela morte do próprio filho, Henry Borel, de 4 anos, seguem apontando erros no procedimento policial. Segundo Thiago Minagé e Hugo Novais, que acompanham Monique na audiência desta quarta-feira (6), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o inquérito policial que incriminou a ex-companheira do Dr. Jairinho não a ouviu como acusada, mas como testemunha. A defesa não descarta ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o processo.
"Foi comprovado que a Monique foi ouvida como testemunha, no primeiro momento, e ela não foi ouvida como investigada ou acusada. Isso ficou muito claro pelas próprias contradições que o delegado trouxe no depoimento dele. Então, uma coisa é uma pessoa ser ouvida na condição de testemunha, que ela tem o dever legal de falar a verdade, que ela tem o compromisso, que ela tem obrigatoriedade, outra coisa é a pessoa ser ouvida na condição de investigado, que inclusive ela pode ficar no direito do silêncio. Então, são questões procedimentais que não foram respeitadas", disse o advogado Thiago Minagé.
A defesa ainda afirmou que não há estratégia na presença de Monique na audiência e que é direito da acusada comparecer aos atos processuais. 
"Nós não queremos que a Monique não compareça a nenhum ato, pelo contrário, é prerrogativa, é direito dela comparecer a todos os atos processuais. Ela está aqui pra explicar, para justificar, para que ela possa ouvir todas as testemunhas que prestaram depoimento em sede de delegacia policial e que possa, no momento oportuno, que vai ser do interrogatório dela, apresentar a sua versão, que foi requerida desde o início da dessa defesa", afirmou Minagé.
O advogado de Monique ainda ressaltou que sua cliente não é culpada pela morte do filho e que o depoimento do delegado Henrique Damasceno, primeira testemunha ouvida na audiência desta quarta-feira, comprova a sua afirmação.
"A questão da individualização da conduta da Monique, muito se diz que Monique concorreu para este crime. Isso é um fato lamentável, Monique não concorreu de maneira nenhuma pra este crime. Não há na denúncia nenhum elemento que dê conta que Monique, do dia 6 para o dia 7, praticou qualquer conduta que tivesse como consequência a morte do seu filho e isso tá peremptoriamente provado por meio do depoimento do delegado de polícia hoje", finalizou Thiago Minagé.
A mãe de Henry, Monique Medeiros, participa pessoalmente desta primeira audiência, nesta quarta-feira, enquanto Dr. Jairinho acompanha os depoimentos por vídeo conferência.
Até o momento, o delegado Henrique Damasceno foi a única testemunha ouvida na corte do Tribunal de Justiça. A previsão era ouvir 12 pessoas nesta primeira audiência, mas duas testemunhas de acusação não foram encontradas. São as duas médicas que atenderam o menino Henry no Hospital Barra D'or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Em depoimento, o delegado, que foi o responsável por conduzir as investigações da morte do menino, afirmou que segundo a equipe médica e os laudos periciais, Henry já chegou morto ao hospital, apesar de ter sido submetido a manobras de ressuscitação.
Durante o depoimento de Damasceno, a juíza Elizabeth Machado Louro precisou interromper a audiência, após discussão entre o promotor do Ministério Público, Fábio Vieira, e o advogado de defesa de Monique, Thiago Minagé. Segundo a defesa, Damasceno estava dando opiniões e não falando sobre os fatos do dia do crime.
Ao chegar à primeira audiência da morte de Henry Borel, por volta das 9h30, o pai do menino, Leniel Borel, em entrevista à imprensa, mostrou descontentamento com o desaparecimento de algumas testemunhas de acusação contra a ex-mulher, Monique Medeiros, e o namorado dela, o Dr. Jairinho, a quem chamou de monstros.
*Estagiária sob supervisão de Mário Boechat