Militares foram julgados, nesta quarta-feira (13), por morte de Evaldo Rosa e Luciano MacedoBeatriz Perez/Agência O DIA

Rio - O advogado de defesa dos militares condenados pela morte do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, em abril de 2019, em Guadalupe, afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça Militar. A condenação de oito dos 12 militares envolvidos foi aceita após pedido do Ministério Público Militar (MPM), em julgamento que durou mais de 15 horas, das 9h à meia-noite.
Segundo o G1, o advogado Paulo Henrique Pinto de Melo disse que a defesa irá apresentar o recurso para instância superior. "Essa condenação, ela não é definitiva. Ela não traz justiça aos autos. E a defesa, dentro do prazo legal, fará e apresentará o recurso para instância superior, aguardando que ali se faça justiça isenta. A justiça longe dos apelos e longe da interferência externa".
A Justiça Militar os julgou culpados, por 3 votos a 2, por duplo homicídio e tentativa de homicídio, já que o sogro de Evaldo, Sérgio, ficou ferido e sobreviveu. Os réus vão responder em liberdade até que os recursos se esgotem e o caso transite em julgado.
O tenente Ítalo da Silva Nunes, chefe da ação, recebeu pena maior e foi condenado a 31 anos e seis meses por duplo homicídio e tentativa de homicídio, já que havia outras pessoas dentro do veículo. Nunes foi responsável pela maior parte dos 82 disparos contra o carro do músico, e o laudo pericial identificou 652 partículas de pólvora em sua mão. Ele também foi o primeiro a atirar, além de ser o responsável pela equipe.
Outros sete militares receberam pena de 28 anos pelos mesmos crimes. São eles: o sargento Fábio Henrique Souza Braz; o cabo Leonardo Oliveira; o soldado Gabriel Christian Honorato; o soldado Matheus Sant'Ana; o soldado Marlon Conceição; o soldado João Lucas Costa Gonçalo; e o soldado Gabriel da Silva de Barros.
Outros quatro militares julgados foram absolvidos porque, segundo as investigações, não dispararam contra o carro de Evaldo: Vitor Borges Barros; William Patrick Nascimento, motorista da viatura; Paulo Henrique Araújo, responsável pela segurança da retaguarda; e Leonardo Delfino Costa, rádio operador.
A Justiça também aceitou o pedido do Ministério Público Militar (MPM) para absolver, por falta de provas, os 12 julgados por crimes de omissão de socorro e de tentativa de homicídio por excesso de força.
A defesa dos militares defendeu, nesta quarta-feira (13), durante o julgamento que eles também foram atacados na ação. O advogado Paulo Henrique Pinto Melo trouxe elementos para justificar que os 12 militares estavam sobre forte tensão da violência daquela comunidade no dia 7 de abril, quando o carro de Evaldo Rosa dos Santos foi atingido por 62 tiros.
A viúva de Evaldo, Luciana dos Santos Nogueira, muito emocionada, passou mal no julgamento com a chegada dos militares e precisou ser acudida por presentes e enfermeiros. Na saída, ela admitiu o sentimento de alívio pela condenação dos réus. 
"Vou poder honrar a imagem do meu esposo. Chegar em casa dar a notícia para o meu filho é satisfatório. Meu medo era de não acontecer uma justiça digna, mas a justiça está sendo feita. Precisava disso", disse Luciana.
Relembre o caso
O músico Evaldo Rosa, 51 anos, foi morto à caminho de um chá de bebê com a família quando teve o carro atingido por mais de 80 tiros na Estrada do Camboatá, em Guadalupe. O grupamento militar teria, supostamente, confundido o carro do artista com o de criminosos. O laudo da perícia aponta que teriam sido disparados 257 tiros pelos militares.
Evaldo morreu na hora, mas seus parentes conseguiram escapar. Luciano, que estava nas proximidades e tentou ajudar a família, acabou sendo também baleado e morreu dias depois. Os militares respondem por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro.