Técnicos da Secretaria Conservação e funcionários da Comlurb fazem a limpeza do terreno no Morro do Salgueiro, onde um imóvel de três andares caiu, na noite de quarta (17). Um homem morreuREGINALDO PIMENTA

Rio - A Polícia Civil, através da 19ª DP (Tijuca), abriu investigação para apurar as causas do desabamento que deixou um homem morto e outras três pessoas feridas, entre elas uma criança, na noite de quarta-feira (17), no Morro do Salgueiro, na Tijuca. A Polícia deve começar a ouvir ainda nesta quinta (19) os depoimentos dos moradores do imóvel de três andares. Oito pessoas moravam na construção. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, a construção não possuía licenciamento nem o registro "habite-se".
Carlos Eduardo Silva, de 22 anos, morava no primeiro andar e morreu ainda no local. A esposa, Alexandra Silva, de 25, e a filha de quatro anos seguem internadas nos hospitais municipais Souza Aguiar, no Centro, e Salgado Filho, no Méier. Uma quarta vítima, Alessandra Silva, de 19 anos, foi atendida no Salgado Filho e recebeu alta na madrugada. A família havia chegado há quatro meses no Rio, vinda do interior do Rio Grande do Norte.
Durante a manhã, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) realizam a perícia. Logo depois, técnicos da secretaria municipal de Conservação e funcionários da Comlurb começaram a fazer o trabalho de limpeza do terreno.
Secretária de Assistência Social credita o desabamento à pobreza 
A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que esteve no local para prestar atendimento. Os moradores que viviam na casa receberam proposta de acolhimento da Prefeitura, mas preferiram ir para casa de parentes. O município vai oferecer Aluguel Social e insumos emergenciais.
"O Carlos e a esposa vieram há quatro meses do interior do Rio Grande do Norte para tentar a vida no Rio, mas infelizmente aconteceu essa tragédia", lamentou a secretária municipal de Assistência Social, Laura Carneiro, que esteve no Salgueiro na noite de quarta. Para a secretária, tragédias como essa ocorrem porque parte da população não têm outra escolha a não ser morar em áreas de risco. "Credito (a tragédia) à pobreza. As pessoas moram em casas como a que desabou não porque querem, mas porque essa é a opção que elas têm".
'Quando cheguei, estava tudo no chão', relata vizinha do imóvel
A comunidade do Morro do Salgueiro se envolveu emocionalmente com a tragédia ocorrida na noite de quarta-feira (17). Assim que o Corpo de Bombeiros chegou, por volta das 20h, vizinhos se juntaram aos militares na busca pelas vítimas dos escombros
Cíntia Maria, 42, é vizinha da construção e escutou o desespero dos moradores assim que chegou do trabalho, pouco antes das 20h. "Quando cheguei no beco, escutei o barulho. Um vizinho disse que tinha caído uma casa em cima, e já deduzi que era meu vizinho. Subi correndo e quando cheguei já estava tudo no chão. Muita gente veio ajudar. Ficamos em silêncio para poder saber se tinha gente debaixo dos escombros", afirmou.
A família vítima do desabamento morava no primeiro andar há quatro meses - eles são do interior do Rio Grande do Norte e chegaram ao Rio de Janeiro em busca de emprego."A casa é nova, tem dois anos", afirma Mário Edson, de 69 anos, também morador da região. "Foi tudo de repente, não deu ruído, nem nada"