Esposa de entregador se emocionou durante o sepultamentoReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Muito abalada, a mãe de Jônatas não conseguiu ir ao enterro. A esposa do entregador, Priscila de Oliveira, precisou ser amparada por quem acompanhava o sepultamento. Nas redes sociais, ela chegou a publicar um texto de despedida emocionado. Junto com o entregador, ela tem duas filhas, uma de 7 anos e uma de 8 meses. Jônatan tinha ainda outra filha.
A tia do jogador, Almerita Silverina Teotonio, contou que ele era de Piabetá, onde vivia com Priscila e as duas filhas, mas ficava em sua casa durante a semana, no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste, para trabalhar. Em outubro, ele alugou um kitnet na região para ficar com a família. Almerita descreveu o sobrinho como bom pai e marido, além de muito trabalhador.
"Ele sempre foi um menino trabalhador. Tinha dia que ele não conseguia nem comer, ele estava sentado comigo na mesa e, de repente, o aplicativo tocava, ele largava tudo e saía. Sempre foi trabalhador, sempre foi um pai responsável, um marido ideal", afirmou a tia, que relatou ainda que, no último encontro que tiveram, ele disse que a amava e que a considerava sua mãe.
"A última lembrança que eu tenho dele foi quarta-feira, quando ele esteve na minha casa e foi levar uns objetos meus, pegar água e me dar um abraço. Ele falou: "Tia, querida, você é minha mãe, eu te amo", e depois ele foi embora. Eu sempre levava ele na escada e, nesse dia, eu não levei. Eu fiquei na porta de casa", lamentou Almerita.
A tia relatou ainda que Jônatan sustentava a família com o dinheiro que ganhava com as entregas, que às vezes eram feitas desde a manhã, até a madrugada. Segundo ela, o sobrinho tinha o sonho de matricular a filha em aulas de judô e ginástica, além de conseguir pagar a escola particular onde a menina estuda. "Sempre deu do bom e do melhor, dentro das condições, para a esposa", disse a tia.
Jonatân era um flamenguista apaixonado e, na juventude, tinha o sonho de se tornar jogador do time, desejo que não foi realizado por conta de suas condições financeiras. "Ele era fanático (por futebol). Às vezes eu queria dormir e ele estava lá no futebol. Ele era fanático demais, de eu brigar com ele. Quando ele era jovem, o sonho dele era ser jogador do Flamengo. Mas, não foi possível", contou a tia.
Ramon negou, em depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), ter consumido bebida alcoólica antes de atropelar Jônatan. O atleta rubro-negro foi voluntarimente, acompanhado de seu advogado, prestar esclarecimentos na distrital. Ele afirmou que não faz uso de bebida alcoólica e, por não terem sido notados sinais de embriaguez, não houve realização do exame.
O lateral relatou na oitiva que foi surpreendido por um ciclista que cruzou a Avenida das Américas repentinamente na frente do seu carro, do modelo Honda Civic, e que não foi possível evitar o acidente. Ramon deve responder por crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O Flamengo colocou à disposição o jurídico do clube para atender o jogador.
Em nota, a Polícia Civil informou que aguarda a conclusão dos laudos da perícia realizadas no local do acidente e no Instituto Médico Legal para esclarecer as circunstâncias do atropelamento. A 16ª DP (Barra da Tijuca) vai requisitar imagens de câmeras de trânsito da região para a análise. As investigações estão em andamento.
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