Policial morto em Anchieta é sepultadoFoto: Reprodução / Polícia Militar

Policial militar, Devid de Souza Matos, de 42 anos, foi baleado e morto dia 22 de dezembro, com um tiro na cabeça durante uma ação em Seropédica. O policial civil Aramis de Moraes D'ávila foi espancado e baleado na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, em novembro. O PM Jamilton Machado de Assis, morreu baleado na cabeça durante um patrulhamento no viaduto de Benfica, dia 28 de outubro. Casos de violência como estes se repetiram centenas de vezes no Rio em 2021, quando 181 agentes de segurança foram baleados na Região Metropolitana. É o que afirma o Relatório Anual sobre violência armada do Instituto Fogo Cruzado, divulgado neste quarta-feira (12), ao qual O DIA teve acesso.
Dados do levantamento mostram que os números de agentes baleados subiu 27% em relação a 2020. Do total de 181 baleados, 82 morreram e 99 ficaram feridos. As ações e operações policiais foram a principal razão na vitimização dos agentes de segurança, deixando 76 baleados no total.
Segundo o relatório, além das operações policiais outras causas da vitimização dos agentes são os homicídios e tentativas de homicídios (55), seguidos no ranking por roubos e tentativas de roubo (54) e brigas (10).
O levantamento mostra ainda que dentre os agentes que morreram 17 estavam em serviço, 48 fora de serviço e 17 eram aposentados ou exonerados. Já entre os que ficaram feridos, 51 estavam em serviço, 40 fora de serviço e oito eram aposentados ou exonerados. No caso dos agentes baleados em roubos ou tentativas de roubo, 48 estavam fora de serviço e seis foram atingidos durante o serviço, enquanto tentavam impedir alguma ação.
Para a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, não existe nenhuma solução apresentada pelo governo do Estado para poupar a vida desses agentes. "Qual a proposta do governo do Estado para evitar quase uma centena de agentes mortos no Rio de Janeiro por ano? Estas famílias não podem viver esperando uma fatalidade. E isso pode ser evitado com planejamento, investigação e inteligência".
Os agentes de segurança incluídos no Relatório Anual sobre a violência armada são: policiais militares, policiais civis, policiais federais, policiais penais (também conhecidos como agentes penitenciários), bombeiros, guardas municipais e militares das Forças Armadas.
PMs: os principais alvos
Dentre os números de agentes de segurança feridos ou mortos, os PMs são a categoria em maior número. Responsáveis por operações e policiamento ostensivo, eles são os mais vitimados. Em 2021, dos 181 agentes baleados 77% eram PMs, dentre os quais 57 morreram e 83 ficaram feridos.

“Sobram ações não planejadas que colocam a população e os agentes de segurança no fogo cruzado. É um modelo de política de segurança à deriva”, ressalta Cecília Olliveira.
Cecília Olliveira ainda lembra que, atualmente, o plano de segurança do Rio de Janeiro não consta em nenhum lugar. "Isso dificulta que jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e profissionais da segurança consigam cobrar medidas que poupem a vida dos agentes", afirma.
Regiões mais violentas
Outro ponto levado em consideração no relatório do Fogo Cruzado, foi a localização de onde aconteceram os registros de agentes feridos. Por região, a Baixada Fluminense saiu na frente com 55 vítimas baleadas. Em seguida, estão a Zona Norte (48), Leste Metropolitano (44), Zona Oeste (25), Centro (7) e Zona Sul (2).

Já na análise feita por municípios da região metropolitana, os que mais concentraram vítimas foram: Rio de Janeiro (82), São Gonçalo (26), Nova Iguaçu (20), Niterói (8) e Duque de Caxias (8).